Negócios

E-mails sugerem que Takata manipulava dados sobre airbags

Mensagens divulgadas pelo The New York Times apontam que a maquiagem de testes seria prática antiga na companhia


	Airbag: equipamento de segurança fabricado pela Takata poderia explodir até mesmo em colisões leves
 (Getty Images)

Airbag: equipamento de segurança fabricado pela Takata poderia explodir até mesmo em colisões leves (Getty Images)

Luísa Melo

Luísa Melo

Publicado em 5 de janeiro de 2016 às 09h10.

São Paulo - Depois de uma série histórica de recalls, a Honda anunciou, em novembro passado, que não usará mais em seus carros os airbags da Takata, que poderiam explodir quando inflados. Na ocasião, empresa acusou a fornecedora de maquiar dados referentes aos equipamentos de segurança.

E-mails revelados nesta segunda-feira (4) pelo The New York Times acrescentam um novo capítulo a essa história.

As mensagens, trocadas entre funcionários da Takata nos Estados Unidos e Japão, sugerem que a manipulação era prática antiga na companhia.

Em uma delas, datada de 6 julho de 2006, Bob Schubert, um engenheiro de airbags da fabricante, escreveu: "Feliz Manipulação!!!". Em outra, o funcionário citou uma mudança de cores em um gráfico como instrumento para "desviar a atenção" das informações que ele apontava.

Ambos os e-mails, de acordo com a análise de especialistas consultados pelo jornal, diziam respeito a testes com infladores de airbags.

Em resposta a Schubert, um colega teria escrito: "se você pensa que eu vou manipular, você realmente deveria me conhecer melhor".

O engenheiro teria então devolvido: "hey, eu manipulei". O objetivo da "maquiagem", conforme o NYT, seria disfarçar que alguns dos infladores de airbag apresentavam desempenho diferente dos demais, termo tecnicamente chamado de "distribuição bimodal".

Schubert teria ainda continuado: "eu mostrei todos os dados juntos, o que ajuda a disfarçar a distribuição bimodal. Nada de errado com isso. Todos os dados estão lá. Cada peça".

Na sequência, porém, ele teria sugerido usar "linhas grossas e finas ou mudar as cores (no gráfico) para desviar a atenção".

Em comunicado enviado ao The New York Times, a Takata declarou que a troca de mensagens não confirma uma manipulação.

"O sr. Schubert está se referindo à formatação de uma apresentação, não a uma mudança de dados, e os e-mails em questão absolutamente não estão relacionados aos atuais recalls de infladores de airbag", dizia a nota da empresa.

Ao jornal, Chris Martin, um porta-voz da Honda, reiterou que a montadora estava "ciente da evidência de que a Takata deturpou e manipulou dados em testes", mas se negou a comentar os e-mails.

Histórico

As conversas divulgadas são parte de um processo movido contra a Takata na Flórida. A ação foi aberta por uma mulher que ficou paralítica após um airbag da marca inflar agressivamente durante um acidente com um Honda Civic em junho de 2014.

Documentos do mesmo processo, publicados pela Bloomberg em dezembro, revelaram que a Honda e a fornecedora já conversavam sobre o alto índice de problemas com os airbags em 2009.

Defeitos nesses equipamentos de segurança da fabricante já foram relacionados a nove mortes no mundo todo, além de centenas de ferimentos. Eles causaram o recall de aproximadamente 20 milhões de veículos só nos Estados Unidos.

No Brasil, a Honda precisou recolher automóveis devido a essas falhas em duas ocasiões em 2015. Na primeira, em junho, foram chamados 290.000 carros. Na segunda, em julho, 477.500 – o maior recall da história da marca por aqui.

A Takata foi condenada a pagar uma multa de 70 milhões de dólares nos EUA por conta do problema. A indenização, porém, pode chegar a 200 milhões de dólares caso a companhia descumpra a determinação.

Acompanhe tudo sobre:AirbagsEmpresasEmpresas japonesasgestao-de-negociosHondaMontadorasRecall

Mais de Negócios

15 franquias baratas a partir de R$ 300 para quem quer deixar de ser CLT em 2025

De ex-condenado a bilionário: como ele construiu uma fortuna de US$ 8 bi vendendo carros usados

Como a mulher mais rica do mundo gasta sua fortuna de R$ 522 bilhões

Ele saiu do zero, superou o burnout e hoje faz R$ 500 milhões com tecnologia