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Dona da Kipling, Timberland e Vans confirma suspensão de compra de couro

VF Corporation diz que não comprará matéria primeira do Brasil "até que haja segurança" de que os produtos não contribuam para dano ambiental

VF Corporation é a empresa responsável por marcas como Timberland The North Face, Kipling e Vans (Pablo Cuadra/Getty Images/Getty Images)

VF Corporation é a empresa responsável por marcas como Timberland The North Face, Kipling e Vans (Pablo Cuadra/Getty Images/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 29 de agosto de 2019 às 12h08.

Última atualização em 29 de agosto de 2019 às 18h26.

A VF Corporation, empresa responsável por marcas como Timberland The North Face, Kipling e Vans, informou na noite desta quarta-feira, 28, que decidiu não continuar se abastecendo diretamente de couro e curtumes do Brasil "até que haja segurança de que os materiais usados nos produtos não contribuam para o dano ambiental no País". A informação foi confirmada pela empresa em nota à reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, à noite.

A suspensão de importação ocorre em meio ao aumento de queimadas na Região Amazônica. O assunto surgiu durante a manhã de ontem, quando foi divulgado o conteúdo de uma carta do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB) ao ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. O documento mencionava "suspensão de compras de couros a partir do Brasil de alguns dos principais importadores mundiais".

Pouco depois, o presidente do CICB, José Fernando Bello, disse que se tratou de um "erro de pré-avaliação" da entidade e o fornecimento estaria normalizado. Segundo o órgão, parte da matéria-prima beneficiada pelos curtumes tem origem na região da Amazônia.

O jornal questionou diretamente sobre o assunto a VF Corporation que detém 18 marcas de vestuário e calçados. A nota da empresa informa que, desde 2017, busca aprimorar o abastecimento global de couro por meio de "estudos para garantir que os fornecedores de couro estejam de acordo com nossos requisitos de abastecimento responsável". A empresa, então, informa que, como um resultado detalhado desse estudo, não conseguiu "assegurar satisfatoriamente que nossos volumes mínimos de couro comprados de produtores brasileiros sigam esse compromisso".

"Sendo assim, a VF Corporation e suas marcas decidiram não continuar abastecendo diretamente com couro e curtume do Brasil nossos negócios internacionais até que haja a segurança de que os materiais usados em nossos produtos não contribuam para o dano ambiental no país", acrescentou.

Nesta quarta, o presidente Jair Bolsonaro chegou a se manifestar sobre o assunto pelo Twitter.

Antes do posicionamento da VF, Bello afirmou que não havia a intenção de os importadores boicotarem compras do produto. Segundo ele, o importador teria explicado que continuaria com os pedidos em andamento, mas que gostaria de "esclarecimento adicionais" sobre a origem do couro.

Também na quarta, a maior produtora mundial de salmão, a empresa norueguesa Mowi ASA (MOWI.OL), declarou que poderá parar de comprar soja brasileira para ser usada na sua produção, se o País não coibir o desmate. "É importante que nós e todos que compram bens do Brasil digam claramente que a floresta tropical deve ser preservada e a situação atual é inaceitável", disse Catarina Martins, diretora de sustentabilidade.

Nesta quinta-feira, dia 29, a Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, entidade que reúne mais de 200 representantes do agronegócio, de entidades de defesa do meio ambiente, da academia e do setor financeiro, deve entregar um manifesto a Bolsonaro, pedindo que retome o controle do desmatamento para garantir que o Brasil possa ser um "líder agroambiental".

Lava Jato

A Advocacia-Geral da União (AGU) dobrou o valor do fundo bilionário da Lava Jato que sugere ser destinado a prevenção e combate de incêndios na Amazônia Legal, de R$ 500 milhões para R$ 1 bilhão. A mudança foi encaminhada em manifestação ao Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro Alexandre de Moraes vai decidir sobre o destino dos R$ 2,5 bilhões originados de um acordo entre a Justiça americana e a Petrobras. A AGU sugere que o montante seja executado em parte pela União e em parte pelos Estados da Amazônia.

 

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