André Panobianco: concorrência e instabilidade macroeconômica são desafios do setor de academias (Panobianco/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 26 de novembro de 2023 às 13h00.
O empresário e educador físico André Panobianco, de Campinas, comprovou na prática uma percepção geral do setor fitness: depois que o pico das restrições da pandemia passou, a procura por academias e exercícios para melhorar a saúde das pessoas cresceu vertiginosamente.
“Tinha uma demanda reprimida e as pessoas perceberam o quanto atividade física é importante para saúde”, diz ele, um dos fundadores da Panobianco, rede de academias fundada em Campinas em 2012. “Ajudou, no nosso caso, o fato de estarmos muito bem posicionados, mais em regiões residenciais e menos nas regiões empresariais”.
Segundo dados de uma pesquisa realizada pela International Health, Racquet & Sportsclub Association (IHRSA), o mercado fitness mobiliza cerca de 8 bilhões de reais por ano no Brasil. Além disso, o país é o segundo com maior número de estabelecimentos no setor, perdendo apenas para os Estados Unidos.
O boom das academias foi acelerado no início da década de 2010, quando redes como a SmartFit popularizaram o acesso a esses espaços ao proporcionar mensalidades em valores bem mais atraentes e descentralizando as operações.
André Panobianco e dois primos - todos trabalhadores da área de educação física - perceberam esse movimento para criar a Panobianco em 2012.
“Naquele momento, trabalhávamos em academias que tinham atendimento premium”, diz. “Decidimos abrir num lugar mais periférico, com preço mais acessível, mas tapando um gargalo das academias low cost, que era o atendimento. Focamos em ter, como diferencial, um atendimento personalizado, mas acessível. Deu super certo. Batemos todos os números que almejamos”.
Seguindo esse modelo, o negócio decidiu expandir por franquia e, aproveitando a alta demanda depois da grave crise da covid-19, cresce agora de maneira acelerada: a rede vai dobrar de tamanho ano que vem. Hoje com 170 unidades pelo país, vão para aproximadamente 350.
“Neste ano, abrimos quase uma academia por semana”, afirma. “Ano que vem, queremos abrir 15 por mês”.
Com isso, o faturamento também vai escalonar. Ano passado, as receitas foram de 140 milhões de reais. Agora, vão fechar 2023 faturando 250 milhões de reais. E ao dobrar de tamanho, enxergam um crescimento na mesma proporção de receita. A ideia, então, é que o primeiro meio bilhão de reais chegue em breve, talvez já no ano que vem.
Depois que a primeira academia em Campinas deu certo, lá em 2012, os primos Panobianco decidiram que queriam expandir pelo modelo de franquia.
Em 2015, montaram uma segunda operação, mais estruturada, que seria usada como referência para os franqueados. Aliás, os primeiros investidores a abrirem unidade por franquia da Panobianco foram dois recepcionistas da operação original.
Nos quatro anos seguintes, foram expandindo e abrindo novas unidades. Até pouco antes da pandemia, tinham 60 lojas abertas. Todas elas se mantiveram durante o auge da crise da covid-19. Depois dela, os empresários reforçaram a comunicação, passaram a ir em eventos e feiras para angariar novos franqueados e viram, com o aumento da demanda, o negócio decolar.
Das 60 lojas que tinham em 2019, foram para 170 em 2023. Para 2024, serão 180 novas lojas, algumas delas com contratos já firmados.
Atualmente, a Panobianco está em:
A grande maioria das unidades fica no estado de São Paulo. Para o ano que vem, a ideia é dar mais atenção para outras partes do país. “Já somos conhecidos em São Paulo, agora queremos ficar conhecidos nacionalmente”.
Também miram, para 2025, abrir as primeiras unidades fora do país, no México.
Além de focar num atendimento mais personalizado, a Panobianco quer se diferenciar pelo tipo de público que quer atender dentro da academia.
Na visão de André, as academias com mensalidades mais acessíveis (a Panobianco tem planos que variam de 109 a 119 reais por mês) costumam ser limitadas a um tipo específico de cliente, às vezes o público iniciante, às vezes, o mais avançado. No caso da rede criada em Campinas, a ideia é ter equipamentos e professores para atrair todo tipo de gente.
“Queremos ser low cost que atende desde o público que está começando a ir na academia até o marombeiro”, brinca.
Claro que há desafios no caminho. Hoje, a penetração da população brasileira que pratica exercícios na academia é de 6%. Já foi menos, de 2,5%, mas ainda não chega perto de outros mercados, como Estados Unidos, onde mais de 20% dos cidadãos vão a um espaço desses.
“Tem bastante espaço para crescer, mas tem um desafio econômico grande”, afirma André. “É uma área sensível. Qualquer crise econômica, a academia é uma das primeiras coisas que entram na lista de corte de gastos”.
Conseguir se blindar dessa variação é um dos principais desafios do setor hoje. Outro é a concorrência. Já há redes muito estruturadas - e que atraem boa parte da gama de pessoas que vão à academia -, e há negócios de bairro disputando o mesmo cliente. Nesse cenário, é preciso encontrar o equilíbrio entre se estruturar e ser competitivo sem se alavancar demais e, eventualmente, quebrar.
Dois exercícios que entram no treino diário de uma academia para ganhar musculatura e seguir crescendo no país.