Maurício Matheus e Andressa Martins, da Baurucas: início com investimento de menos de R$ 4.000 (Bruno de Lima/Divulgação)
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Publicado em 4 de dezembro de 2025 às 12h01.
No Rio de Janeiro, o comércio ambulante é parte estrutural da economia. Com mais de 73 mil ambulantes na região metropolitana, as ruas funcionam como campo de teste real para quem quer empreender.
É nesse ambiente que muitos negócios testam conceito, validam preço e descobrem público — quase sempre sob pressão e com pouca margem para erro.
No meio desse universo surgiu a Baurucas, marca criada por Maurício Matheus e Andressa Martins, casal que começou com um carrinho de rua para vender pipoca na Rua Viúva Dantas, em Campo Grande, e hoje opera 43 lojas.
Agora, a empresa inicia sua expansão para fora do Rio, com inaugurações em São Paulo e Minas Gerais já no início de dezembro, além da previsão de fechar 2025 com 23 milhões de reais em faturamento.
“O sonho sempre foi ter uma marca. Se fosse Baurucas Pizza, Baurucas Bar, tanto faz. Eu queria um negócio com nome e identidade”, diz Maurício.
O futuro da empresa passa pela entrada nos maiores shoppings da região Sudeste, com foco em São Paulo, Jundiaí, Osasco, Santo André e Juiz de Fora — movimento que deve ampliar a presença da marca em mercados mais competitivos e com consumidores de perfil distinto do público carioca.
A Baurucas nasceu em 2018 com 3.000 reais da rescisão de Maurício e 900 reais que Andressa guardava para tirar carteira de motorista. O casal começou vendendo pipocas nos tamanhos P, M e G, por valores entre 4 e 10 reais.
O primeiro dia foi um fracasso. As vendas mal passaram de algumas unidades, e o retorno do público era direto: o preço parecia alto quando comparado ao pipoqueiro tradicional. Mas a dupla insistiu. Quando conseguiram um ponto na rodoviária de Campo Grande, passaram a faturar 200 reais por dia.
Os desafios eram simples e práticos. Maurício pegava trem e metrô até Niterói para comprar o milho mushroom, que não era vendido em mercados comuns. A produção, totalmente manual, rendia quatro baldes de 3,8 kg após uma semana inteira de trabalho.
A virada veio quando a dupla percebeu que não competia com o pipoqueiro da esquina, mas com consumidores que buscavam algo diferente. Um episódio marcou esse entendimento:
“Aquele casal de catadores de latinha pagou 4 reais na pipoca. Eles viram valor no produto e no atendimento. Naquele dia eu falei pra Andressa: nunca mais vamos abaixar preço”, afirma Maurício.
A entrada no Park Shopping Campo Grande, em outubro de 2019, mudou o jogo. O primeiro mês registrou 35 mil reais de faturamento. Mas, quatro meses depois, a pandemia obrigou o fechamento imediato.
Para sobreviver, migraram para o iFood. O delivery revelou um novo comportamento: clientes gastavam cerca de 250 reais por mês com pipoca.
“No iFood, tinha gente que comprava seis, dez vezes no mês. A gente conheceu quem era nosso cliente de verdade”, afirma Maurício.
Com a demanda crescente, a marca passou pelo primeiro rebranding em 2021. Foi o passo que permitiu preparar a entrada em shoppings maiores, como o Barra Shopping, onde o faturamento saltou de 25 mil reais para 80 mil reais após a mudança de ponto.
A Baurucas virou franquia em 2022. A primeira venda não foi isolada: um único investidor comprou três unidades.
“Para virar franquia, só fazia sentido se fossem três. Eu precisava comprar a máquina e terminar a formatação”, diz Maurício.
O perfil dos franqueados também chamou atenção: 80% já eram empresários e, em muitos casos, casais — público que entendia fluxo de shopping, operação enxuta e ticket médio alto. Em 2023, a marca contabilizou 15 novas unidades, e em 2024 já são 43 lojas operando e 50 comercializadas.
Hoje, apenas em royalties, a franqueadora recebe 1 milhão e 700 mil reais por mês da rede. Somando fábrica, franquias, unidades próprias e a franqueadora, o grupo deve fechar o ano com 25 milhões de reais.
A meta agora é ocupar os maiores shoppings da região Sudeste, responsável por 60% do consumo de pipoca do país. A marca inaugura unidades no Gran Plaza Shopping (Santo André), Super Shopping Osasco, Max Shopping Jundiaí e, em janeiro, em Juiz de Fora.
“Nosso objetivo é estar presente nos maiores shoppings do Sudeste. O negócio foi desenhado para esse público”, afirma Maurício. “A missão da Baurucas sempre foi transformar o consumo de pipoca no Brasil, entregando um momento especial na rotina das pessoas.”