Copersucar é a melhor do Agronegócio em Melhores e Maiores
Comercializadora de açúcar e etanol investiu em logística e em parcerias para se destacar num setor em apuros
Denyse Godoy
Publicado em 13 de agosto de 2018 às 20h45.
Última atualização em 14 de agosto de 2018 às 08h18.
Na comercializadora de açúcar e etanol Copersucar , é tempo de colher. Os investimentos de 2,2 bilhões de reais ao longo de uma década para reforçar a estrutura logística e expandir as operações para outros países estão frutificando.
A decisão de aprimorar seu sistema próprio de transporte veio da constatação de que a infraestrutura nacional, muito deficitária, é um dos maiores obstáculos para aumentar a rentabilidade do setor — como a greve dos caminhoneiros em maio mais uma vez evidenciou.
Em 2017, o lucro líquido da Copersucar foi multiplicado por 13 na comparação com 2016, superando os 76 milhões de dólares, enquanto as 400 maiores empresas do agronegócio registraram uma alta de 41,4% no lucro no mesmo período, para um total combinado de 5,4 bilhões de dólares.
A Copersucar viu também sua rentabilidade sobre o patrimônio líquido subir de 5,1% para 38,7% no ano passado em relação ao anterior. O desempenho fez a empresa ser escolhida a melhor companhia do Agronegócio de MELHORES E MAIORES este ano. Os vencedores foram anunciados na noite desta segunda-feira (13) em São Paulo.
A estratégia da comercializadora foi estabelecida em 2008, quando os membros da cooperativa criaram uma sociedade anônima para comprar e revender açúcar e etanol também de outras usinas que não apenas as 35 controladas pelos 20 grupos -econômicos sócios da Copersucar. Desde então, coexistem a Copersucar S. A. e a cooperativa.
Buscando alternativas para driblar o predomínio, no Brasil, do transporte por rodovia, a Copersucar se lançou em uma sequência de projetos logísticos. Entre essas empreitadas, agora atingindo a maturidade, está um etanolduto ligando a maior área produtora do combustível no país — localizada no centro-sul — à região metropolitana da capital do estado de São Paulo. A obra tem um custo total estimado de 7 bilhões de reais. De Uberaba, em Minas, a Barueri, no entorno da cidade de São Paulo, o duto de até 24 polegadas de diâmetro percorre 350 quilômetros e tem capacidade para escoar até 6 bilhões de litros do combustível por ano.
O próximo passo da estratégia é aumentar a extensão do etanolduto, criando terminais em outras cidades que cercam a capital paulista e chegando até Santos. “Os aeroportos que não ficaram sem combustível durante a greve dos caminhoneiros, Viracopos e Guarulhos, contam com o abastecimento por dutos. Daí a importância para o país de aumentar esse tipo de estrutura”, afirma Souza.
No que diz respeito ao açúcar, o objetivo é ampliar o uso de ferrovias. Em 2011 e 2012, a Copersucar inaugurou terminais multimodais em São José do Rio Preto e Ribeirão Preto, no interior paulista, para receber os caminhões que levam o açúcar das usinas e transferir o produto aos trens que o transportarão até os clientes — em sua maioria, fabricantes de alimentos — no Brasil e no exterior. No ano-safra encerrado em março de 2018, a Copersucar transportou 56% do açúcar comercializado por ferrovias.
Ao mesmo tempo que reforçava a operação no Brasil, a Copersucar acelerava a expansão internacional para ganhar escala e se defender de oscilações no mercado doméstico. O primeiro passo foi dado em 2012 com a criação da Copersucar North America, que em 2017 passou a deter o controle acionário da Eco-Energy Biofuels, uma comercializadora de biocombustíveis que atua nos Estados Unidos. A empresa conta com nove terminais de distribuição e faturou 4,4 bilhões de dólares no ano-safra 2017-2018.
Atendendo os Estados Unidos e o Brasil, que equivalem a 80% do mercado internacional de etanol, e exportando para Ásia e África, a plataforma é a maior do mundo. Outro movimento para ampliar as fronteiras da Copersucar foi a junção de sua unidade de exportação de açúcar com o negócio similar do conglomerado agrícola americano Cargill, dando origem à subsidiária Alvean, na qual cada uma das sócias tem uma participação de 50%.
Mais internacionalizada, e com infraestrutura própria, a Copersucar tem mais capacidade de lidar com previstas oscilações no preço das commodities. A próxima safra deve aliar preços em queda com seca. É uma prova de fogo para a campeã do agro.
O ranking completo das 500 maiores empresas do país será publicado na edição especial Melhores e Maiores de EXAME, que estará nas bancas, no site EXAME e no aplicativo EXAME na próxima quinta-feira, dia 16. A publicação destacará as empresas que apresentaram maior eficiência e melhor estratégia neste momento difícil da economia brasileira.