Como se faz móveis da Casas Bahia e Pontofrio
A fábrica da Bartira faz mais de 3 milhões de itens por ano, entre estantes, racks e móveis para quartos e cozinhas
Karin Salomão
Publicado em 27 de outubro de 2016 às 09h00.
Última atualização em 27 de outubro de 2016 às 09h00.
São Paulo – Todos os móveis da Casas Bahia e Pontofrio saem daqui, da fábrica da Bartira em São Caetano do Sul, SP. A empresa do grupo Via Varejo converte aproximadamente 800 toneladas de madeira por dia. Isso significa que diariamente cerca de 14.000 produtos saem pelos portões da fábrica. Todas as máquinas são projetadas para atender a grandes demandas. Por isso, quanto maior o volume, mais eficientes e econômicas elas são. Para transportar tudo isso, 40 caminhões levam esses produtos para os centros de distribuição da Via Varejo espalhados pelo Brasil. O trabalho de fabricação de um móvel é bastante automatizado. No entanto, a concepção de um novo produto depende de diversas equipes, que estudam atentamente o mercado e suas tendências. Confira nas imagens como se faz um móvel da Bartira.
Com mais de 112 mil metros quadrados de área construída, a fábrica da Bartira responde por 3,5% a 3,7% do mercado de móveis no Brasil. “É um setor muito fragmentado e há muitas produções pequenas, afirma Edymar Moran Teixeira Azevedo Junior, diretor de operações na Bartira. A empresa existe há mais de 50 anos. Ela foi comprada em 1981 pela Casas Bahia e, desde 2013, também atende a Ponto Frio. O nome Bartira foi dado como homenagem a índia que se casou com um bandeirante da região de Ribeirão Pires, onde a empresa nasceu. As penas no logo da marca simbolizam, até hoje, essa origem.
A fábrica faz cerca de 320 produtos diferentes. A cada dois meses, o portfólio muda para receber itens mais modernos e remover móveis mais antigos. Ela produz dormitórios, cozinhas, estantes e racks, entre outras peças, superando 3 milhões de itens fabricados por ano. A cada semana, a fábrica recebe a programação do que deverá ser produzido, que é decidida pelos diretores de móveis e de desenvolvimento de produtos da Via Varejo. Eles analisam as vendas, o mercado e as tendências nacionais e internacionais para móveis. Visitam feiras do setor e vão a concorrentes para saber o que o consumidor está demandando de novidade. Depois, pesquisam se aquele produto seria viável, se deverá ser modificado e qual o preço provável. Também estão sempre em contato com os fornecedores, para que eles possam adaptar os seus materiais.
Aqui, o time de projetistas transforma o projeto em um modelo virtual. Cada porta, gaveta e trilho é incluído nesse desenho. O móvel é montado primeiro no computador para não gastar tempo e recursos. O projetista define quantos parafusos e dobradiças o equipamento terá. Também determina se o puxador será de plástico ou de metal e qual o material que será usado. Essas decisões interferem diretamente no preço final do produto.
À primeira vista, essa tabela cheia de números tem pouca relação com um móvel. Mas é daqui que saem as instruções para a fábrica. A dimensão de cada peça que será necessária para confeccionar esse móvel é descrita nessa lista. O programa de computador também calcula qual é a melhor forma de cortar uma única chapa de madeira para gastar a menor quantidade possível de matéria-prima. Há diversas simulações, que acomodam as peças de gavetas, portas e o fundo do armário em configurações diferentes, e o funcionário deve decidir qual é a melhor. O ideal é que o desperdício de matéria-prima seja de no máximo 6%. Além dos pedaços perdidos por causa da montagem da chapa, parte também vira pó com os cortes. A serra tem espessura de 6 milímetros.
A ideia é, então, transformada em um protótipo pela equipe de desenvolvimento de produto. O teste é feito em uma marcenaria na própria fábrica, antes de ir para a linha de produção e gastar tempo e recursos. Aqui, verificam se o móvel tem uma boa estrutura e se é esteticamente bonito. “No computador não dá para saber de forma precisa como irá ficar o produto”, afirma Denis Roveri, gerente de engenharia da Bartira. A qualidade e resistência do móvel também são testados. Os funcionários abrem e fecham as portas várias vezes para identificar qualquer defeito e verificam se as gavetas aguentam o peso de roupas e objetos. Qualquer alteração é feita antes de enviar o projeto para a fábrica. A criação de um produto novo leva cerca de 3 meses. O protótipo leva cerca de um dia e meio para ficar pronto.
A grande parte dos móveis são feitos de eucalipto ou pinus, vindos de florestas cultivadas. Essas árvores se transformam em grandes chapas de compensados de madeira, o MDP ou MDF. O MDP é mais comum e feito de pedaços de madeira fundidos, colados com resina e prensados. O MDF é feito com pó e é mais caro e mais maleável.
As chapas são inseridas na serra seccionadora, uma máquina que pode cortar de 8 a 12 chapas por vez. Os tamanhos dos cortes foram inseridos no computador da máquina a partir do projeto feito pela equipe de engenharia.
O movimento das chapas de madeira e peças é feito por meio de trilhos. Internamente, eles são chamados de “fura-fila”.
As chapas de madeira podem ser revestidas ou cruas. No caso das peças nessa foto, elas foram revestidas de branco. Depois do corte, no entanto, as laterais ficam expostas. Essa máquina irá colar uma tira fina de acabamento semelhante ao da peça.
A fita de acabamento pode ser vista nessa imagem. A peça recebe uma fina camada de cola e logo depois a máquina aplica e corta a fita no tamanho adequado.
Depois de colar a fita de acabamento de dois lados, a máquina vira a peça em 90° para finalizar o que falta. Essa máquina é chamada de coladeira de borda e há 19 delas na fábrica.
Nessa foto, é possível ver o produto finalizado, com todas as arestas em acabamento branco. Há diversas cores disponíveis, como tons de marrom ou preto.
A furadeira é uma das máquinas mais novas da Bartira. Ela faz todos os furos horizontais e verticais ao mesmo tempo, economizando tempo. É capaz de furar 20 peças a cada minuto. Parte dos furos atravessa a peça e a outra parte é apenas uma marcação para o montador, que finalizará o móvel na casa do cliente. Nessa nova máquina, não é mais necessário colocar peça por peça na máquina, ela já transporta os objetos automaticamente. Para deixar o ambiente mais limpo, a máquina também aspira toda poeira que é produzida com os furos.
Nem todas as peças de madeira vêm com o acabamento pronto. Algumas são pintadas na própria fábrica da Bartira. Um rolo passa um primer para deixar a superfície da madeira mais lisa. Como a peça é um aglomerado de cavaquinhos de madeira, é importante nivelar a superfície antes de pintar. Uma lâmpada de luz ultravioleta seca a superfície recém pintada.
Depois de ser pintada de preto, a peça ainda recebe um tratamento de brilho diferenciado. Com a tinta certa, é possível até imitar padrões de madeira para dar um toque especial.
Segundos após sair da máquina de pintura, a peça já está completamente seca e pode ser manipulada pelos funcionários, que irão levá-la para a divisão de embalagem.
Quase todos os processos de produção são automatizados. A exceção é a embalagem, já que são muitos componentes delicados. Também é a área que emprega mais funcionários, que também fazem a vistoria final dos produtos.
Como a montagem é feita na casa do cliente, é imprescindível que todas as peças, parafusos e puxadores tenham sido incluídos no pacote, assim como o manual para montagem. Por isso, essa etapa é feita por um funcionário.
Aqui as caixas já estão prontas para irem até a casa dos consumidores. Como forma de garantir que tudo foi embalado corretamente, a empresa abre alguns pacotes de forma aleatória.
Ao invés de ir para a casa de um consumidor, parte das peças vai para a área de inspeção. Os funcionários irão tentar estragar os móveis: abrem e fecham a porta várias vezes e colocam mais peso que o recomendado em uma gaveta, por exemplo. Testam também a embalagem, para garantir que o móvel não será danificado no transporte.
Aqui, o funcionário está raspando a superfície da peça para verificar se a pintura aderiu de forma adequada.
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