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Como receber um “Ronaldinho Gaúcho” na equipe

Assim como os clubes, empresas também enfrentam o desafio de contratar craques sem descontentar os outros funcionários

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 6 de janeiro de 2011 às 14h26.

São Paulo - Flamengo, Palmeiras, Grêmio e Corinthians criaram um Campeonato Brasileiro particular. O prêmio é nada menos do que o jogador Ronaldinho Gaúcho, que está deixando o Milan, da Itália, para voltar ao Brasil. Mas, independentemente do clube para onde Ronaldinho vai, a batata quente estará nas mãos do técnico que vai receber o craque, já que terá a missão de manter sua equipe unida e satisfeita, mesmo com um astro do futebol ofuscando os outros integrantes do grupo. No mundo corporativo, os gestores também costumam passar por situações como essa, seja diante de meninos-prodígio da tão aclamada geração Y (nascidos nos anos 80), seja com os grandes figurões experientes.

A consultora da DBM Carmelina Nickel brinca que esse desafio exige o talento do mágico Mandrake, mas afirma que a primeira atitude a tomar é analisar as variáveis da situação, para, depois, agir de acordo com elas. “Se sou eu que estou procurando a pessoa ou se o profissional está sendo colocado na equipe sem a minha opinião, se o time é muito júnior, se é maduro... Cada variável vai exigir uma postura diferente”, diz. Ao contrário do que os clubes de futebol fazem, Carmelina considera que, muitas vezes, contratar a “estrela” é a atitude menos recomendada. O ideal, para ela, seria selecionar alguém talentoso que possa crescer junto com a equipe.

Transparência

Na impossibilidade de escolher, o gestor precisa ter jogo de cintura para receber o craque sem provocar ciúmes nos outros membros. “Ele precisa organizar a equipe de tal maneira que os profissionais percebam que a entrada do novato pode ser uma coisa excelente para todos”, afirma. O presidente da Empreenda Consultoria, César Souza, concorda e acrescenta que a transparência é fundamental nesse momento.

“É importante explicar com clareza os motivos que levaram a empresa a fazer aquela contratação, o que ganhará com isso, como cada um pode se beneficiar, e também o que o novo integrante vai agregar e diferenciar no time”. Souza lembra que a comunicação não pode ter uma única via. Ouvir opiniões, preocupações e argumentos faz parte do trabalho para atenuar ciúmes ou potenciais disputas e, assim, reduzir as tensões e ter uma visão mais ampla do contexto.

Atenção ao “estrelismo”

O combinado não sai caro e é por isso que Souza afirma que uma das armas contra o “estrelismo” de novatos bem cotados é estabelecer com o grupo todo uma “regra do jogo”. “É preciso orientar o novato, porque a atitude dele ou dela é que determinará como será aceito no grupo. É válido desenhar um mapa de atitudes e posturas que passe a ser o ponto de referência do que será aceito e praticado, do que não será tolerado, e fazer uma sessão de comprometimento coletivo”, diz.

A consultora Carmelina Nickel também orienta os gestores a ter uma postura firme diante do novo prodígio, sem tratá-lo como “rei”, para evitar que o sucesso suba à cabeça. Valorizar as forças e qualidades de todos é imprescindível nessa hora, para que a auto-estima do grupo todo se mantenha em um nível saudável.

Ela lembra que a maior parte dos gestores tem costume de trabalhar com os pontos fracos dos integrantes, mas alerta que isso pode ser um “tiro no pé”, pois, ao trabalhar com o aperfeiçoamento de falhas, e não de forças, a equipe dificilmente alcançará a alta performance. E, para piorar, pode estimular um sentimento de incompetência em relação ao integrante mais capacitado que chega na equipe. A solução, segundo Carmelina, está na valorização das competências de cada um, sem fazer comparações com quem quer que seja.

Na dúvida, cancele o contrato

Se, mesmo com os esforços do gestor para integrar a equipe, o novo integrante mantiver uma atitude esnobe e o grupo não tiver uma boa relação com ele, a orientação é uma só: dispense o craque e fique com a equipe. Os dois consultores concordam que um grupo em harmonia dá muito mais resultados do que um prodígio isolado.

E, enquanto os clubes de futebol prometem mundos e fundos ao jogador mais disputado do momento, César Souza ainda brinca: “se eu fosse dirigente esportivo, em vez de contratar Ronaldinho Gaúcho, preferiria contratar a Marta (da Seleção Brasileira de futebol feminino), que joga um bolão, é comprometida e melhor que muito marmanjo que anda por aí cheio de estrelismo e baixo desempenho. Já pensou na quebra de paradigma que isso causaria?”. É ou não é um recado para deixar qualquer craque esperto?

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