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Como a Nokia foi do céu ao inferno em dois anos

Por enquanto, o lançamento de celulares com Windows não teve força para deter o declínio da Nokia

Com tela de 3,7 polegadas, o smartphone Lumia 800, da Nokia, tem quase o mesmo tamanho do iPhone (Divulgação)

Com tela de 3,7 polegadas, o smartphone Lumia 800, da Nokia, tem quase o mesmo tamanho do iPhone (Divulgação)

Daniela Barbosa

Daniela Barbosa

Publicado em 28 de novembro de 2011 às 09h23.

São Paulo –  A  Nokia ainda figura como a maior fabricante de celulares “convencionais” do mundo, mas, desde a chegada dos smartphones, vem perdendo a popularidade e, consequentemente, vendendo menos aparelhos.

No terceiro trimestre do ano, as vendas da Nokia caíram 13% em relação ao mesmo período do ano passado. O número de celulares comercializados despencou de 110,4 milhões para 106,6 milhões. No período, a companhia também acumulou prejuízo de 95 milhões de dólares. Um ano antes, havia somado lucro de 725 milhões de dólares.

Apesar de ainda estar no topo, com 23,9% de participação no mercado global de celulares, segundo dados da consultoria americana Gartner, o declínio tem sido inevitável e começou bem pouco tempo atrás. Há dois anos, a Nokia era líder absoluta com mais e 30% de participação e muita folga do segundo lugar no ranking.

Hoje, a Samsung, segunda no ranking, detém 17,8% do mercado mundial de celulares convencionais. Já no segmento de smartphones, pela primeira vez, a companhia coreana ultrapassou a Nokia e hoje mantém a liderança.

A verdade, dizem os analistas, é que a Nokia não conseguiu acompanhar com tanta perspicácia as transformações do mercado de celulares, como fez a Samsung e até mesmo a Apple. Veja, a seguir, 5 pontos fundamentais que levaram a Nokia do céu ao inferno em tão pouco tempo:

1 - Symbian envelheceu

A Nokia foi uma das empresas responsáveis pela criação do sistema operativo Symbian, ainda na década de 90. Em 2008, a companhia comprou as ações remanescentes da tecnologia por 410 milhões de dólares, mas nada fez para modernizar a o sistema, que se tornou ultrapassado diante das novidades que surgiram no mercado de telefonia móvel.


Em abril deste ano, a Nokia vendeu para Accenture o negócio e não revelou o valor da operação. A estratégia foi pouco compreendida pelo mercado, já que a Nokia é a única empresa que ainda utiliza o sistema.

2 – Pouca  diversificação das tecnologias

Não há dúvidas que o mercado elegeu o sistema Android para ser o “Windows” da telefonia móvel. Segundo dados da Gartner. Em um ano, a participação do sistema mais que dobrou e a Nokia parece que ainda não compreendeu isso a preferência dos consumidores.   

Na contramão do mercado, a companhia elegeu como sistema operacional o sistema do Windows e chegou a afirmar que a decisão foi baseada no fato de a companhia não ser apenas  mais uma fabricante de celulares.

Em partes, ela estava certa, pois consegue se diferenciar das demais perdendo cada vez mais participação no mercado.

3 - Portfólio muito amplo

Quando Steve Jobs retornou à Apple na década de 90, uma de suas primeiras ações foi enxugar o número de produtos fabricados pela empresa. Embora a estratégia não seja exclusiva do fundador da companhia da maçã, ela faz muito sentindo, pois diminui custos.

A Nokia, no entanto, não compartilha da mesma linha de pensamento. A companhia possui um dos mais amplos portfólios de celulares do mundo, com mais de 100 modelos. Embora, a diversificação brilhe os olhos dos consumidores, gera um preço altíssimo e que não no final acaba não compensando para a companhia. 


4 - Parceria com Microsoft

No início deste ano, a Nokia e a Microsoft firmaram uma parceria para que os smarphones rodassem com o Windows Phone 7. Não é claro para o mercado se existe alguma cláusula que obrigue a Nokia a operar apenas com o sistema Windows, mas até a gora a companhia não sinalizou que tem interesse em utilizar outros sistemas.

Na época, alguns especialistas deste mercado torceram o nariz para a parceria, pois limitaria a fabricante de celular operar com um sistema, que não é a preferência dos consumidores.

5 - Em smartphones, ela ficou para trás

Embora só tenha começado a sentir o peso dos concorrentes de dois anos pra cá, desde a chegada do iPhone, da Apple, em 2007, a Nokia vem ficando para trás quando o assunto é smartphone.

Com muito gabarito para a fabricação dos celulares convencionais, a companhia não conseguiu ter o mesmo glamour que suas principais concorrentes no segmento de celulares inteligentes. No último trimestre, a Nokia perdeu a liderança para a Samsung, segundo dados da Gartner.
 

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