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Como 28 empresas sentirão a alta do dólar no balanço do 3º trimestre

Relatório de consultoria mostra que a maioria das empresas está mais preparada para a disparada do câmbio

Embraer: empresa tende a ser favorecida pela alta do dólar, segundo consultoria (Divulgacao)

Embraer: empresa tende a ser favorecida pela alta do dólar, segundo consultoria (Divulgacao)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2011 às 16h19.

São Paulo – Sempre que o dólar dispara, como nos últimos meses, a pergunta básica é: que empresas estão mais expostas ao câmbio, e até onde podem perder ou ganhar com isso?

Um relatório da consultoria independente Lopes Filho & Associados avaliou o impacto sobre 28 empresas de capital aberto e os números do terceiro trimestre que devem divulgar em breve.

A conclusão geral é que a maior parte das companhias está mais preparada para enfrentar o repique do dólar, seja por meio de hedges (proteção cambial), seja porque a alta dos custos será compensada pela parcela da receita gerada em dólar.

Veja, a seguir, a situação das empresas analisadas pela Lopes & Filho:

BM&F Bovespa: segundo a consultoria, o efeito financeiro imediato tende a ser neutro. A dona da bolsa brasileira possui uma elevada dívida em dólar, mas ela é contrabalanceada pelos ativos possui em moeda estrangeira – isto é, a participação no CME Group.

Gerdau: uma das empresas brasileiras com maior atuação no exterior, a siderúrgica conta com mais de 70% de sua receita formada em moeda estrangeira.

MMX: a mineradora de Eike Batista possui hedge da dívida atrelada ao dólar.

TAM e Gol: as companhias aéreas são, tradicionalmente, muito sensíveis à variação cambial. Segundo a consultoria, para se precaver, a TAM e a Gol realizam o hedge de parte das despesas futuras em dólar. Por isso, a consultoria espera que o efeito líquido da variação cambial não seja relevante para as companhias no terceiro trimestre.

Souza Cruz: a fabricante de cigarros possui 73% de sua dívida indexada ao dólar, como, por exemplo, 439,5 milhões de reais em adiantamentos de contrato de câmbio. Apesar disso, a consultoria destaca o caixa líquido de 470 milhões de reais, o que deve reduzir o impacto negativo do resultado financeiro. Além disso, as receitas com exportação de fumo devem ser favorecidas pelo dólar mais caro.


Fibria, Suzano Papel e Klabin: as fabricantes de papel e celulose tendem a sentir um impacto financeiro negativo decorrente da alta do dólar. Sua dívida também deve crescer. Segundo a Lopes Filho, a Fibria deve ser a mais prejudicada, devido ao tamanho de sua dívida em moeda estrangeira – 7,5 bilhões de reais. A segunda mais afetada deve ser a Suzano, com 3,5 bilhões de reais em dívidas atreladas ao dólar. Por último, virá a Klabin, com 2,7 bilhões de reais. A Lopes Filho lembra, contudo, que a maior parte dessa variação não deve pressionar o caixa das empresas, e ter apenas efeito contábil, já que as dívidas estão concentradas no longo prazo.

Embraer: a consultoria afirma que a quarta maior fabricante de aviões do mundo pode ser beneficiada pela alta do dólar. Isto porque, a receita da empresa é formada em dólar, e parte dos custos, como os salários, são contabilizados em reais. Essa diferença permite margens maiores quando o dólar sobe, e o inverso, quando é o real que se valoriza.

Forja Taurus: a fabricante de armas possui uma fábrica nos Estados Unidos e parte relevante de suas receitas é atrelada ao dólar, que já vem das vendas naquele país.

Vale: a empresa não deve sentir impactos relevantes em seus números do terceiro trimestre, segundo a consultoria. Isto porque, a mineradora possui uma espécie de “proteção natural” contra a variação do câmbio: 97% de sua receita é dolarizada, frente a 90% da dívida.

Braskem: a petroquímica sentirá o efeito do dólar nas duas pontas. Sua dívida tende a aumentar, já que 60% dela está atrelada ao dólar. Isso deve pressionar o resultado financeiro. Em contrapartida, na parte operacional, o efeito tende a ser positivo, já que 100% da receita é indexada ao dólar, contra 70% dos custos.

Petrobras: a petrolífera deve sentir os efeitos contrários do primeiro semestre. Naquele período, a estatal foi beneficiada com ganho financeiro, devido à alta do real. Agora, a Lopes Filho espera um resultado financeiro negativo no terceiro trimestre, já que 72% da dívida bruta de 128,3 bilhões de reais está atrelada ao dólar. A consultoria lembra, novamente, que o aumento terá efeito apenas contábil, já que a dívida da Petrobras é de longo prazo.

Brasil Foods: em contato com a Lopes Filho, a empresa afirmou que os efeitos contábeis da exposição cambial devem ser reduzidos, devido às proteções adotadas. A empresa possui hedge de 40% para o CDI, além de hedges para a soja e o milho.


Usiminas: conta com hedge para a dívida em dólar.

Oi (Telemar NL): segundo a operadora de telefonia informou à Lopes Filho, todo o seu fluxo de pagamento de dívida está protegido até novembro de 2012.

Cesp: a concessionária de energia não possui hedge para toda a sua dívida em dólar.

Ambev: a Lopes Filho espera um aumento no nível de endividamento da cervejaria no terceiro trimestre, já que 41% da dívida total está atrelada ao dólar. A consultoria afirma, no entanto, que o impacto no resultado financeiro deve ser “praticamente nulo”, já que a Ambev adota estratégias de hedge financeiro e de investimentos.

BR Malls: a administradora de shopping centers possui dívidas em dólar, mas ela está protegida por um hedge de CDI. Segundo a consultoria, não se espera um efeito contábil do câmbio sobre os resultados financeiros.

CCR: no final de junho, a companhia contava com hedge para 66% de sua dívida em moeda estrangeira. Além disso, as dívidas atreladas ao dólar representavam 5% de sua dívida bruta. Assim, a Lopes Filho espera um impacto pequeno da variação do dólar nas contas da companhia no terceiro trimestre.

Duratex: a dívida em dólar corresponde a 6% da dívida bruta da companhia, e quase toda ela está protegida por hedge, segundo a Lopes Filho. Além disso, a empresa possui uma proteção natural, pois exporta cerca de 4% de sua receita.

Hypermarcas: as dívidas em dólar da companhia não têm correspondente em geração de receita, mas conta com hedge de 62% para o CDI.

Iochpe-Maxion: no primeiro semestre, a empresa exportou cerca de 17% de sua receita. Além disso, a companhia fechou contratos de hedge tanto para seus ativos, quanto para suas dívidas em moeda estrangeira.

Marcopolo: para a Lopes Filho, a empresa é outro caso de hedge natural. Isto porque, no primeiro semestre, 9% da dívida bruta era atrelada ao dólar, enquanto suas exportações representavam 30% das receitas. A empresa também conta com instrumentos de hedge para as contas a pagar e a receber.

SulAmérica: a dívida de 130 milhões de reais, atrelada ao dólar, foi totalmente hedgeada em moeda local.

Randon: em junho, o total de ativos em dólares da empresa era de 80,4 milhões de dólares. Já as dívidas em moeda estrangeira somavam 85,1 milhões de dólares. Segundo a Lopes Filho, a diferença está protegida por hedge. A Randon também pode contar com as exportações. No primeiro semestre, a empresa exportou o equivalente a 7% de sua receita bruta.

Eletrobras: a estatal de energia é credora em dólar de uma carteira de aproximadamente 6,5 bilhões de reais. Com isso, a alta do dólar deve ter impacto financeiro positivo de 1 bilhão de reais, no mínimo, segundo a Lopes Filho.

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