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Com perfumes e clássicos, Granado cresce 24% e chega a R$ 1,6 bilhão em vendas

Fundada em 1870 no Rio de Janeiro, a Granado quer levar para o exterior o que há de melhor entre as fragrâncias nacionais

Sissi Freeman, diretora de marketing e vendas: "Crescemos de forma equilibrada, tanto no varejo quanto no atacado, e em diversas categorias” (Leandro Fonseca/Exame)

Sissi Freeman, diretora de marketing e vendas: "Crescemos de forma equilibrada, tanto no varejo quanto no atacado, e em diversas categorias” (Leandro Fonseca/Exame)

Isabela Rovaroto
Isabela Rovaroto

Repórter de Negócios

Publicado em 9 de janeiro de 2025 às 13h00.

Última atualização em 9 de janeiro de 2025 às 14h42.

A Granado terminou 2024 com novos recordes. A centenária marca de cosméticos e produtos de higiene e beleza alcançou receita líquida de R$ 1,6 bilhão, alta de 24% em relação ao ano anterior. A margem Ebitda ficou em 25%, superando as expectativas internas.

“Foi um ano muito positivo. Crescemos de forma equilibrada, tanto no varejo quanto no atacado, e em diversas categorias de produtos”, diz Sissi Freeman, diretora de marketing e vendas da marca.

Em dezembro, a companhia anunciou uma grande novidade: a aquisição da Care Natural Beauty, marca brasileira de cosméticos limpos e sustentáveis. O valor da transição não foi divulgado. Esta foi segunda compra em toda a história da Granado, que adquiriu a Phebo em 2004.

Fundada em 2018, a Care é conhecida por seus produtos de maquiagem e skincare com ativos naturais e biotecnológicos e conquistou rapidamente espaço em varejistas renomadas, como Sephora. Para a Granado, o interesse vai além do portfólio inovador.

“Eles têm uma proposta jovem, sustentável e alinhada às tendências de mercado. Além disso, a Care cresceu de forma saudável, com resultados financeiros sólidos, o que é raro em startups desse segmento”, diz Sissi Freeman, diretora de marketing e vendas.

Com a aquisição, a Granado não só amplia sua oferta de produtos como também abre portas para um mercado em plena expansão. Segundo dados do Statista, o setor de beleza limpa deve movimentar US$ 15,3 bilhões globalmente até 2028.

Os planos já estão desenhados: a Care terá duas lojas próprias e seis quiosques inaugurados em São Paulo neste ano, marcando a entrada da marca no varejo físico.

Hoje, a Granado conta com 101 lojas próprias no Brasil e dez no exterior, além de mais de 2,5 mil pontos de venda no atacado. Cerca de 70% das vendas vêm do atacado, com destaque para a linha bebê, enquanto o varejo e o e-commerce respondem pelos 30% restantes. Para 2025, a meta é abrir oito lojas Granado no Brasil, além das unidades da Care.

Desde 2016, a Granado conta com um sócio estratégico: o grupo espanhol Puig, gigante mundial do setor de moda e beleza, dono de marcas como Carolina Herrera e Jean Paul Gaultier. Na ocasião, a Puig adquiriu 35% da companhia brasileira por cerca de R$ 500 milhões, em uma operação que marcou a internacionalização da Granado.

A companhia conta com uma fábrica localizada em Japeri, no Rio de Janeiro, responsável por toda sua produção. Há também um centro de distribuição no estado e uma dark store em São Paulo para atender melhor às vendas online.

A força da perfumaria

Ponto de venda da Granado no Shops Jardins, em São Paulo: vintage como branding da marca (Leandro Fonseca/Exame)

Apesar de centenária, a Granado entrou no mercado de perfumaria há apenas cinco anos. Foi uma aposta ousada, mas certeira. Hoje, os perfumes já representam 30% das vendas no varejo. Produtos como o Époque Tropical, com notas de caju, e o Boemia, popular na Europa, se destacam. Fora do Brasil, a perfumaria chega a representar 70% das vendas das lojas.

O mercado de perfumaria está em plena expansão, tanto no Brasil quanto no exterior, e a aposta da Granado na categoria reflete uma visão estratégica alinhada às tendências globais. O Brasil, segundo maior mercado mundial, movimenta cerca de R$ 16 bilhões por ano, com 78% da população consumindo algum tipo de fragrância. Globalmente, segundo relatório da Mordor Intelligence, o setor foi avaliado em US$ 61,79 bilhões em 2023 e deve superar US$ 84 bilhões até 2028.

As redes sociais tiveram papel crucial nesse crescimento. Lançamentos estratégicos e resenhas online ajudaram a popularizar a linha, criando um público fiel.

“Os perfumes viraram uma categoria fundamental para nós. Apostamos em fragrâncias que contam a história do Brasil, como o uso de ingredientes nativos, e isso tem encantado o consumidor”, diz a executiva.

Clássicos em alta

Nem só de inovação vive a Granado. Produtos tradicionais, como o sabonete de enxofre, continuam sendo grandes sucessos — que também viralizam nas redes sociais. Um exemplo é o tradicional sabonete de enxofre, ideal para reduzir a oleosidade da pele. O sucesso virtual se traduziu em vendas, que saltaram de 100 mil unidades vendidas por mês para 1 milhão. “É um produto acessível, que funciona e tem uma história por trás. Esse conjunto conquistou novos consumidores”, diz Sissi.

A linha infantil também teve uma repaginação e apresenta bons resultados no atacado. Reformulada com foco em sustentabilidade, ganhou embalagens maiores, refis e novas fragrâncias, como camomila. Essas mudanças, aliadas à confiança no produto construída ao longo de décadas, impulsionaram as vendas.

Expansão internacional

A Granado quer ser a Havaianas da perfumaria brasileira e levar para o exterior o que há de melhor entre as fragrâncias nacionais.

Presente em dez países, com lojas próprias em mercados como França, Reino Unido, Portugal e Estados Unidos, o plano é abrir mais duas unidades no exterior e participar de feiras internacionais para ampliar a capilaridade da marca e sua presença no atacado.

“O consumidor brasileiro começa a valorizar mais os produtos nacionais, especialmente com o dólar mais alto. Estar ao lado de marcas globais reconhecidas ajuda a reforçar que nossa qualidade é comparável ou até superior”, diz Sissi.

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