Tiago Altenburg, da Altenburg: No plano da empresa, a expectativa é de chegar em 2027 com receita acima de R$ 1,2 bilhão (Altenburg/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 12 de março de 2024 às 06h01.
Última atualização em 12 de março de 2024 às 12h27.
Sob nova direção há pouco mais de um mês, a centenária empresa catarinense Altenburg está tecendo os seus caminhos para entrar no clube dos negócios nacionais que faturam na casa do bilhão. No plano da empresa, a expectativa é de chegar em 2027 com receita acima de R$ 1,2 bilhão.
Fabricante de peças para cama,banho e decoração, a empresa vem expandindo em um ritmo entre 5% e 10% nos últimos anos e fechou os últimos 12 meses encerrados em dezembro com R$ 670 milhões. Em 2024, a projeção é de duplo dígito alto. “Nós acreditamos que a ressaca já passou”, afirma Tiago Altenburg, CEO da empresa desde janeiro.
Nos últimos 17 anos na empresa, o executivo, engenheiro têxtil de formação, passou por áreas como qualidade, produção, vendas e marketing. Ele é filho de Rui Altenburg, que comandou o negócio por 54 anos, e bisneto de Johanna Altenburg, a matriarca que começou a empresa em casa, em Blumenau, Santa Catarina, construindo acolchoados de forma artesanal.
Mais de 100 anos depois, a Altenburg tem uma variedade de produtos de cama e banho em algodão, linho, bambu, seda, além de acessórios como mantas, almofadas e roupões. Desde 2009, carrega o feito de produzir mais de 1 milhão de travesseiros por mês, mas faz bons negócios também em edredons e lençois.
A produção está estruturada a partir de duas unidades em Blumenau, em Santa Catarina, uma em Nossa Senhora do Socorro, Sergipe, e uma quarta em São Roque, São Paulo. A quinta fica no Paraguai, em Ciudad del Este.
É nesses entrepostos que são fabricados os produtos das marcas Altenburg e Eco Fiber. A Haus, braço de itens premium do grupo, funciona no modelo outsourcing, com os times da Altenburg fazendo a curadoria e trazendo da Ásia a seleção para o Brasil e América Latina. Por ano, o grupo vende em torno de 20 milhões de produtos.
As peças são distribuídas para mais de 7.000 lojistas pelo país e comercializadas nas 15 lojas próprias e no e-commerce na Altenburg, que representa 2,5% do faturamento total.
Apesar dos números, a empresa tem uma percepção de que ainda é pouco conhecida em alguns territórios no país, fato que pretende usar como oportunidade para expandir e escalar rumo aos números colocados na planilha.
“Nós costumamos dizer que se tivéssemos no Sudeste o prestígio e o reconhecimento que temos no Sul, nós facilmente dobraríamos de tamanho. Nós temos muito para avançar na região”, afirma Altenburg.
Uma parte desse reconhecimento virá a partir da ampliação dos investimentos em marketing, área que ganhou uma nova liderança recentemente e deve aplicar mais de 100 milhões ao longo dos próximos três anos para comunicar os produtos.
“As empresas do Sul focam muito na indústria, em ter qualidade, ser competitiva e eficiente, mas esquecem da parte comercial. Acho que essa é a nossa nova sacada para rentabilizar o que já foi feito”, afirma o novo CEO. Entre as mensagens, a empresa quer reforçar os atributos dos seus produtos e estimular bons hábitos, como a importância de uma boa noite de sono.
A grande novidade está no lançamento de um formato de franquias, prestes a ser inaugurado com uma loja em Jaraguá do Sul. Até agora, a Altenburg tinha apenas lojas próprias. A primeira foi lançada em 1969, mas apenas em 2008 esse movimento ganhou corpo. Das 15 unidades, 12 estão no Sul e 3 em São Paulo.
Para implementar as franquias, a companhia adotou o modelo de espiral, começando com lojas próximas de onde está sediada. A loja inaugural fica em Jaraguá do Sul, um polo de tecnologia e casa da gigante nacional de motores Weg. “Com as franquias, achamos que é o momento de atacar novas áreas, indo além do Sul, e entrando no Sudeste, Centro-Oeste”, diz.
O modelo foi pensado para ocupar espaços com áreas entre 87 e 120 metros quadrados. A depender do lugar escolhido, os investimentos devem circular por uma faixa de R$ 450.000 a R$ 800.000, considerando a taxa de franquia de R$ 50.000.
“Nós queremos posicionar lojas em locais com visibilidade para que elas acabem gravitando o aumento das receitas nos nossos parceiros multimarcas”, afirma o CEO.
De início, o projeto ficará mais concentrado em shoppings centers, mas a expectativa é de que avance para lojas de rua. Até o fim do ano, a previsão é de que cinco unidades estejam em funcionamento. No médio prazo, trabalha com a abertura de cerca de 150 franquias, volume que tem o potencial para contribuir com 30% do faturamento de todo o negócio - o percentual das iniciativas monomarcas está em 12% atualmente.
“A estratégia principal da empresa vai continuar sendo multimarca, mas as franquias e as lojas próprias servem para agregar mais valor ao negócio”.