Negócios

Coca-Cola muda após vendas mais fracas

A empresa admitiu que não cumprirá sua meta anual de expandir-se entre 3% e 4% em 2014


	Latas de Coca-Cola: companhia prometeu cortar US$ 3 bilhões em custos para manter o lucro mesmo em cenário adverso
 (Chris Ratcliffe/Bloomberg)

Latas de Coca-Cola: companhia prometeu cortar US$ 3 bilhões em custos para manter o lucro mesmo em cenário adverso (Chris Ratcliffe/Bloomberg)

DR

Da Redação

Publicado em 27 de outubro de 2014 às 13h54.

São Paulo - Líder global em refrigerantes, a Coca-Cola tentou mostrar ao mercado na semana passada que, apesar do domínio no segmento, não está de braços cruzados frente à piora dos seus resultados.

Após ver seu volume de vendas crescer apenas 1% no trimestre e decair em mercados como o Brasil, a empresa admitiu que não cumprirá sua meta anual de expandir-se entre 3% e 4% em 2014.

Por isso, prometeu cortar US$ 3 bilhões em custos para manter o lucro mesmo em cenário adverso.

Uma das áreas que devem ser afetadas pela situação deve ser o marketing. Um dia depois da divulgação do balanço, a companhia anunciou a substituição do chefe do setor, Joseph Tripodi.

O executivo, que ficou sete anos à frente da comunicação da empresa, foi responsável pela criação do conceito "Abra a Felicidade", que relacionou o refrigerante a causas positivas.

Ultimamente, porém, a estratégia não vinha se refletindo em vendas - o que colocou Tripodi em situação difícil, segundo reportagem do Wall Street Journal, antecipando sua saída.

Para fontes do mercado publicitário, fazer marketing de refrigerante é difícil. A bebida enfrenta uma crise de imagem global, sendo relacionada com frequência a problemas como a obesidade infantil.

Por isso, a gigante global optou por "sair pela tangente", falando de quase tudo, menos de seu produto. "Durante um bom tempo, a estratégia funcionou. Eles fizeram várias belas campanhas", diz um publicitário que já trabalhou para marcas do segmento.

Essa aposta no marketing institucional foi possível graças ao domínio da Coca-Cola, que responde por 60% das vendas em mercados como o Brasil. "Como nosso produto é muito reconhecido, passamos a focar na marca. Talvez a gente precise voltar a explorar os produtos", disse ao Estado o vice-presidente de comunicação da Coca-Cola Brasil, Marco Simões.

No Brasil, após anos seguidos de crescimento, o mercado de refrigerantes vive em 2014 o terceiro ano de retração no País. As vendas da Coca-Cola caíram 1% no terceiro trimestre, em relação ao mesmo período de 2013.

A concorrência também vem afetando o desempenho da empresa. No segundo trimestre, as vendas em volume da Coca-Cola ficaram estagnadas, apesar da Copa do Mundo. Já a Ambev, que distribui Guaraná Antarctica e Pepsi no País, teve expansão de 8,8% no mesmo período.

De acordo com o balanço do segundo trimestre da Ambev, suas marcas registraram ampliação de 1,2 ponto porcentual em relação ao segundo trimestre de 2013, atingindo 19,2% do mercado.

A The Coca-Cola Company citou em seus resultados que, entre abril e junho, enfrentou um cenário macroeconômico ruim no País e sofreu também com ações de rivais.

Para reverter o cenário adverso nos refrigerantes, a Coca-Cola aposta também no aumento seu portfólio. Hoje, no Brasil, a companhia está presente em segmentos como néctares, águas, chás e energéticos.

Mas o produto principal ainda responde por cerca de 70% das vendas, segundo fontes de mercado. "Embora os setores sejam menores, eles contribuem para o resultado, pois o preço dos produtos é mais alto", diz Simões.

Investimentos

Os cortes que a Coca-Cola pretende realizar não deverão afetar a estratégia local. As economias, explica Simões, serão feitas no dia a dia das operações, e não projetos estratégicos, como os Jogos Olímpicos.

O investimento previsto pela Coca-Cola para o País entre 2012 e 2016 é de R$ 14,2 bilhões, 50% a mais do que nos cinco anos anteriores. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:BebidasCoca-ColaEmpresasEmpresas americanasRefrigerantesVendas

Mais de Negócios

11 franquias mais baratas do que viajar para as Olimpíadas de Paris

Os planos da Voz dos Oceanos, nova aventura da família Schurmann para livrar os mares dos plásticos

Depois do Playcenter, a nova aposta milionária da Cacau Show: calçados infantis

Prof G Pod e as perspectivas provocativas de Scott Galloway

Mais na Exame