Didi: o valor seria superior ao atingido pela fabricante de smartphones Xiaomi e transformaria a Didi na startup mais valiosa do mundo depois da Uber (Qilai Shen/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 27 de abril de 2017 às 17h01.
Última atualização em 27 de março de 2018 às 17h38.
Hong Kong - A gigante do ramo de caronas compartilhadas Didi Chuxing está próxima de um acordo para captar pelo menos US$ 5 bilhões em uma transação que a transformaria na startup mais valiosa da China, segundo pessoas com conhecimento do assunto.
O negócio pode ser fechado já nesta semana e aumentaria a avaliação da Didi para cerca de US$ 50 bilhões, contra uma previsão anterior de US$ 34 bilhões após a aquisição dos negócios da Uber Technologies na China, disse uma das pessoas, pedindo anonimato porque o assunto é privado.
O valor seria superior ao atingido pela fabricante de smartphones Xiaomi e transformaria a Didi na startup mais valiosa do mundo depois da Uber.
Entre os investidores da Didi estão SoftBank Group, Silver Lake Kraftwerk, China Merchants Bank e um braço do Bank of Communications, disseram as pessoas.
O acordo, um dos maiores da história do setor de capital de risco asiático, é pensado para dar à Didi, que tem sede em Pequim, capital suficiente para buscar uma agenda ambiciosa na China e no exterior.
Apesar de ter focado até o momento em serviços de carona compartilhada no mercado doméstico, a startup de quatro anos estuda expandir-se para mais países e investir em tecnologias como direção autônoma e inteligência artificial.
Essas aspirações tão amplas podem colocar a empresa em concorrência mais direta com a Alphabet e, mais uma vez, com a Uber.
A Didi preferiu não comentar o assunto.
O fundador da SoftBank, Masayoshi Son, incentivou o CEO da Didi, Cheng Wei, a levantar mais capital para não restringir a busca por novas oportunidades, disse uma das pessoas.
Son fez uma aposta similar duas décadas atrás na gigante chinesa do ramo de comércio eletrônico Alibaba Group Holding, um investimento que acabou sendo o mais lucrativo da história feito por ele, com um lucro não realizado de US$ 85 bilhões.
Os investidores confiaram os direitos de voto à direção da Didi, segundo uma pessoa com conhecimento do assunto.
A Didi se tornou líder indiscutível no ramo de caronas compartilhadas na China depois que Cheng negociou um acordo para adquirir as operações locais da Uber. As duas empresas travavam uma batalha feroz que custava bilhões a ambas.
Mas desde essa vitória Cheng tem enfrentado desafios para capitalizar seu controle quase monopólico do mercado. Cidades como Pequim e Xangai impuseram regras mais rígidas que prejudicaram o crescimento das receitas.
Entre essas regras, por exemplo, os motoristas precisam ser moradores locais para trabalhar para a Didi, o que deixa de fora milhares de pessoas do interior do país que se mostravam dispostas a trabalhar como motoristas para ter uma vida melhor.
A Didi conseguiu licenças operacionais em cerca de 12 cidades, incluindo Tianjin e Chengdu, afirmando seu direito de operar legalmente na China.
A companhia espera que a tecnologia de direção autônoma possa ajudá-la a superar esses obstáculos no futuro. A Didi quer tirar vantagem dos dados coletados de 300 milhões de usuários em cerca de 400 cidades.
A empresa abriu um laboratório de inteligência artificial em Mountain View, na Califórnia, no mês passado, chamado Didi Labs.
A instalação já atraiu dezenas de especialistas no campo, incluindo o ex-especialista em segurança automotiva da Uber, Charlie Miller, conhecido por ter hackeado remotamente um Jeep Cherokee em 2015.
A Didi conta com mais de 100 investidores como apoiadores, incluindo Tencent Holdings, Alibaba, Tiger Global Management e o fundo soberano de investimento da China, China Investment Corp.