(Eduardo Rocha / Sebrae / Mercopar/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 17 de outubro de 2023 às 18h24.
Última atualização em 17 de outubro de 2023 às 19h57.
A digitalização tem sido o assunto principal das feiras de empreendedorismo há anos, mas ganhou escala durante a pandemia e com o debate da Indústria 4.0. Um desafio que vai das micro às grandes empresas, digitalizar um negócio requer bem mais do que apenas o aporte financeiro. Precisa passar por reformulação de cultura, de sistemas e, às vezes, do próprio entendimento do negócio.
Uma pesquisa inédita que será divulgada nesta terça-feira, 17, na Mercopar, feira de inovação industrial que acontece em Caxias do Sul, na serra gaúcha, mostra que o Brasil é um dos países mais avançados na digitalização de pequenas e médias empresas. O levantamento comparou dez países da América Latina, do Brics e da União Europeia e viu que o Brasil é o único entre os analisados que já está nas três fases de digitalização das PMES: de conscientização, de implementação e de manutenção.
O estudo foi realizado pelo Núcleo de Engenharia Organizacional da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e pela Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Unido), a pedido do Polo Sebrae de Indústria, liderado pelo Sebrae RS. Foram 39 programas de transformação digital analisados em dez países.
Os países pesquisados foram:
“Além de aperfeiçoar as iniciativas já em curso, os resultados dessa análise de benchmarking vão contribuir para a formulação de novas políticas e programas voltados para fomentar a inovação e a modernização no universo das pequenas empresas, estimulando a competitividade e criando novas oportunidades”, afirma o especialista em competitividade industrial do Sebrae RS, Leonardo Ritta.
De acordo com o estudo, embora as características das PMEs variem entre os países, a maioria enfrenta
desafios na integração de ferramentas digitais e IA em suas operações. "Apesar das PMEs serem pilares do crescimento econômico em muitas nações, elas encontram obstáculos significativos na adoção da digitalização, principalmente devido a recursos financeiros e humanos limitados. Consequentemente, políticas públicas desempenham um papel fundamental em facilitar a adoção de tecnologias digitais pelas PMEs".
O estudo analisou:
O objetivo do estudo não é fazer um ranking, mas analisar como são os programas de transformação digital dos dez países. No caso do Brasil, foi o único país em que o levantamento mapeou que há programas contemplando as três fases do processo de digitalização. O estudo analisou quatro programas de transformação digital brasileiros.
Além do Brasil, outros nove países foram analisados.
No caso da Rússia, o entendimento é que os programas de transformação digital ainda estão focados na primeira fase, de conscientização. É o caso da ANO Digital Economy, que serve como uma plataforma de diálogo empresarial visando a formação e coordenação das atividades de grupos de trabalho. O cenário é semelhante na África do Sul, no México, na União Europeia e na Tunísia — praticamente todos estão ainda no primeiro estágio. Na Índia, há um programa já em fase de implementação, e outro em estágio de conscientização.
Mais avançado, na fase de implementação, estão três programas de digitalização de PMEs da Argentina. Um deles é o Programa de Apoio à Competitividade Entrepreneurs for Innovation, que financia projetos inovadores que buscam a adoção de tecnologia e/ou tipos de inovações baseadas nas novas tecnologias da Indústria 4.0.
Os insights da pesquisa foram divulgados na Mercopar, feira de inovação industrial promovida pelo Sebrae RS e pela Fiergs que acontece no Centro de Feiras e Eventos Festa da Uva, em Caxias do Sul, na serra gaúcha. São 625 expositores de 11 estados brasileiros e dos seguintes países: Alemanha, Argentina, Canadá, Coreia do Sul, China, Estados Unidos, França, Inglaterra, Itália, Japão, Portugal, Taiwan e Turquia. Além disso, 86 startups participam do evento.
*A reportagem viajou a Caxias do Sul a convite do Sebrae