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Aumenta pressão sobre a Vale diante de tragédia em Minas

Em cinco dias de esforços para encontrar desaparecidos, seis mortos foram encontrados, dos quais quatro identificados

Casa soterrada por lama após barragem romper em Minas Gerais: o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, reconheceu que as regras estaduais de mineração não são suficientes (Ricardo Moraes / Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 11 de novembro de 2015 às 15h44.

Mariana - Com o desespero inicial causado pelo rompimento de duas barragens da mineradora Samarco em Minas Gerais se transformando em raiva, parlamentares brasileiros cobraram nesta terça-feira regras mais duras no novo código de mineração e a gigante Vale começou a sofrer maior pressão para ajudar as famílias afetadas e conter o impacto ambiental.

Em cinco dias de esforços para encontrar desaparecidos, seis mortos foram encontrados, dos quais quatro identificados, e 21 vítimas permanecem desaparecidas, em um dos piores desastres da indústria de mineração da história do Brasil.

A tragédia desencadeou investigações do Ministério Público e estimulou cobranças por regras mais rigorosas para a indústria de mineração, um grande gerador de empregos e receitas para o setor público.

O relator do novo Código da Mineração, deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG), afirmou à Reuters na terça-feira que planeja adicionar medidas para tornar a regulação mais rigorosa sobre barragens de rejeitos da atividade.

O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, reconheceu que as regras estaduais de mineração não são suficientes e seus assessores disseram que devem repensar seus esforços para acelerar os licenciamentos.

A crítica pública caiu em primeiro lugar sobre a operadora Samarco, mas o centro das atenções voltou-se para os grandes nomes por trás da joint venture, detida pela australiana BHP Billiton, a maior empresa de mineração do mundo, e a Vale, a maior produtora mundial de minério de ferro.

"A Samarco é um nome fantasia, nós precisamos da BHP e da Vale para assumir responsabilidades por essa tragédia", disse Duarte Júnior, prefeito da cidade de Mariana.

Forte contraste

A resposta pública da BHP tem sido rápida, mas a Vale até agora parecia distante.

O presidente-executivo da BHP, Andrew Mackenzie, realizou uma coletiva nas primeiras horas após o desastre e a empresa anunciou que ele viajará ao Brasil para averiguar os danos.

A empresa também publicou atualizações quase que diárias sobre a tragédia, em inglês e português, na parte superior de seu site.

Em contrapartida, a Vale divulgou um comunicado de cinco parágrafos cerca de 24 horas após o desmoronamento das barragens, quando informou que a Samarco iria concentrar as informações sobre o desastre.

O presidente da Vale, Murilo Ferreira, fez uma visita não anunciada a Mariana no sábado, que foi revelada pela empresa apenas dois dias depois.

O prefeito de Mariana tem trabalhado muito próximo a representantes da Samarco, mas ele frisou nesta terça-feira que as donas da Samarco precisam estar presentes na cidade.

Após diversas cobranças por parte da imprensa e de autoridades locais, a Vale soltou um extenso texto no fim da tarde desta terça-feira detalhando cada uma das medidas tomadas pela empresa desde o rompimento das barragens, incluindo máquinas utilizadas e número de trabalhadores envolvidos.

A mineradora também explicou que após o rompimento da barragem de Fundão, a Vale realizou, no último fim de semana, uma verificação detalhada das condições estruturais de 115 das barragens mais relevantes da empresa e que nenhuma alteração foi detectada.

Nos próximos dias, estarão concluídas as inspeções de todas as barragens da Vale, afirmou a mineradora no texto.

A Vale também informou por meio de sua assessoria de imprensa que Murilo Ferreira visitará Mariana na quarta-feira, juntamente com o presidente da BHP. Ainda não há informações sobre o itinerário e se os executivos vão falar com jornalistas.

"Evidentemente, jamais poderemos voltar ao passado e recuperar as vidas perdidas neste triste episódio, mas não vamos medir esforços para ajudar a reconstruir a história de cada uma das pessoas afetadas, assim como recuperar o meio ambiente", afirmou o presidente da Vale, Murilo Ferreira, no texto.

Os biólogos alertam que o impacto ambiental pode ser permanente, matando peixes e devastando fazendas.

O turismo e outros setores já estão sofrendo. A fabricante de celulose Cenibra suspendeu as operações em duas linhas de produção devido à lama, que ameaçou sua fonte de captação de água.

A presidente Dilma Rousseff não viajou para a área do desastre, embora tenha afirmado em um discurso na terça-feira que o governo está "extremamente preocupado" com a lama e rejeitos das barragens que estão descendo o Rio Doce em direção ao Espírito Santo, colocando em risco o abastecimento de água da região.

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Mariana - Com o desespero inicial causado pelo rompimento de duas barragens da mineradora Samarco em Minas Gerais se transformando em raiva, parlamentares brasileiros cobraram nesta terça-feira regras mais duras no novo código de mineração e a gigante Vale começou a sofrer maior pressão para ajudar as famílias afetadas e conter o impacto ambiental.

Em cinco dias de esforços para encontrar desaparecidos, seis mortos foram encontrados, dos quais quatro identificados, e 21 vítimas permanecem desaparecidas, em um dos piores desastres da indústria de mineração da história do Brasil.

A tragédia desencadeou investigações do Ministério Público e estimulou cobranças por regras mais rigorosas para a indústria de mineração, um grande gerador de empregos e receitas para o setor público.

O relator do novo Código da Mineração, deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG), afirmou à Reuters na terça-feira que planeja adicionar medidas para tornar a regulação mais rigorosa sobre barragens de rejeitos da atividade.

O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, reconheceu que as regras estaduais de mineração não são suficientes e seus assessores disseram que devem repensar seus esforços para acelerar os licenciamentos.

A crítica pública caiu em primeiro lugar sobre a operadora Samarco, mas o centro das atenções voltou-se para os grandes nomes por trás da joint venture, detida pela australiana BHP Billiton, a maior empresa de mineração do mundo, e a Vale, a maior produtora mundial de minério de ferro.

"A Samarco é um nome fantasia, nós precisamos da BHP e da Vale para assumir responsabilidades por essa tragédia", disse Duarte Júnior, prefeito da cidade de Mariana.

Forte contraste

A resposta pública da BHP tem sido rápida, mas a Vale até agora parecia distante.

O presidente-executivo da BHP, Andrew Mackenzie, realizou uma coletiva nas primeiras horas após o desastre e a empresa anunciou que ele viajará ao Brasil para averiguar os danos.

A empresa também publicou atualizações quase que diárias sobre a tragédia, em inglês e português, na parte superior de seu site.

Em contrapartida, a Vale divulgou um comunicado de cinco parágrafos cerca de 24 horas após o desmoronamento das barragens, quando informou que a Samarco iria concentrar as informações sobre o desastre.

O presidente da Vale, Murilo Ferreira, fez uma visita não anunciada a Mariana no sábado, que foi revelada pela empresa apenas dois dias depois.

O prefeito de Mariana tem trabalhado muito próximo a representantes da Samarco, mas ele frisou nesta terça-feira que as donas da Samarco precisam estar presentes na cidade.

Após diversas cobranças por parte da imprensa e de autoridades locais, a Vale soltou um extenso texto no fim da tarde desta terça-feira detalhando cada uma das medidas tomadas pela empresa desde o rompimento das barragens, incluindo máquinas utilizadas e número de trabalhadores envolvidos.

A mineradora também explicou que após o rompimento da barragem de Fundão, a Vale realizou, no último fim de semana, uma verificação detalhada das condições estruturais de 115 das barragens mais relevantes da empresa e que nenhuma alteração foi detectada.

Nos próximos dias, estarão concluídas as inspeções de todas as barragens da Vale, afirmou a mineradora no texto.

A Vale também informou por meio de sua assessoria de imprensa que Murilo Ferreira visitará Mariana na quarta-feira, juntamente com o presidente da BHP. Ainda não há informações sobre o itinerário e se os executivos vão falar com jornalistas.

"Evidentemente, jamais poderemos voltar ao passado e recuperar as vidas perdidas neste triste episódio, mas não vamos medir esforços para ajudar a reconstruir a história de cada uma das pessoas afetadas, assim como recuperar o meio ambiente", afirmou o presidente da Vale, Murilo Ferreira, no texto.

Os biólogos alertam que o impacto ambiental pode ser permanente, matando peixes e devastando fazendas.

O turismo e outros setores já estão sofrendo. A fabricante de celulose Cenibra suspendeu as operações em duas linhas de produção devido à lama, que ameaçou sua fonte de captação de água.

A presidente Dilma Rousseff não viajou para a área do desastre, embora tenha afirmado em um discurso na terça-feira que o governo está "extremamente preocupado" com a lama e rejeitos das barragens que estão descendo o Rio Doce em direção ao Espírito Santo, colocando em risco o abastecimento de água da região.

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