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Cherto: Nas franquias, padronizar não significa engessar

Em artigo, consultor Marcelo Cherto fala sobre a importância da padronização e o espaço para inovação dentro das franquias

Franquias: consultor explica a importância da padronização (lukpedclub/Getty Images)

Franquias: consultor explica a importância da padronização (lukpedclub/Getty Images)

Marcelo Cherto
Marcelo Cherto

Consultor de Franquias

Publicado em 13 de setembro de 2023 às 09h00.

Quando se fala em franquias, muita gente pensa num monte de negócios (lojas, restaurantes, escolas, clínicas, oficinas ou o que for) todos exatamente iguais, como se tivessem sido clonados num laboratório. Mas quem conhece esse mundo por dentro, sabe muito bem que, muito embora a padronização seja essencial para o sucesso de uma rede, isso não significa que o negócio de cada franqueado seja engessado, rígido, imutável.

Antes de mais nada, precisamos entender porque a padronização é importante numa rede de franquias. Imagine que você é fã de uma determinada marca de sorvete ou de hambúrguer e, ao visitar um shopping numa cidade diferente da sua, vê uma loja daquela marca e resolve consumir o produto que tanto ama. Surpresa! O sabor é totalmente diferente daquele a que você se acostumou. É frustrante, não é?

A padronização visa estabelecer uma linha base de identidade, qualidade, serviço e experiência do cliente. Gerar condições para que a promessa que a marca traduz seja cumprida em todos os estabelecimentos que operam sob aquela bandeira. No entanto, isso não significa que seja preciso vestir os franqueados numa camisa de força.

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Ao ingressar numa rede minimamente estruturada, o franqueado recebe um conjunto de manuais, geralmente compostos por textos, vídeos, gráficos, checklists e mais uma série de ferramentas, para lhe transferir (e à sua equipe) os conhecimentos mínimos de que necessita para implantar, operar e gerir sua unidade franqueada da melhor forma possível.

Um bom set de manuais, elaborado por quem entende do assunto, fornece a cada franqueado os fundamentos para o sucesso. As regras, padrões e procedimentos ali contidos garantem que a marca mantenha sua identidade em cada uma das unidades que integrem a rede. Garantem, também, que os clientes tenham uma experiência consistente, coerente com o que esperam daquela marca, em todas essas unidades.

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Espaço para inovação

Contudo, em qualquer rede que se preze, o franqueado tem espaço para sugerir inovações. Afinal, uma rede de franquias é uma rede que aprende. E não faria sentido desprezar os conhecimentos e percepções de quem está mais próximo dos consumidores: os franqueados e suas equipes.

Aliás, um dos produtos mais icônicos do mundo das franquias, o Big Mac, foi criado por um franqueado, não pela empresa franqueadora. E há inúmeros exemplos assim, não só no que diz respeito a produtos, mas também a processos, a formas de motivar a equipe e de cativar os clientes e por aí vai.

É importante que o franqueado tenha a chance de sugerir ajustes, que podem ir de personalizar promoções, até oferecer um produto ou serviço diferenciados. Afinal, o mercado é dinâmico e os consumidores estão em constante evolução, assim como seus anseios e necessidades. Uma rede que adote uma abordagem engessada, corre o risco de se tornar irrelevante, ou mesmo obsoleta. Ao permitir que os franqueados sugiram e discutam inovações no modelo de negócio – sempre alinhados ao DNA e aos valores da marca – se beneficia das visões e insights locais, de quem está no corpo a corpo com os clientes do seu mercado específico. Mas é importante entender que a palavra final será sempre da empresa franqueadora.

Se a gente parar para refletir, vai concluir que a padronização, numa rede de franquias, não deve ser percebida como uma ferramenta de restrição, mas sim como fonte de empoderamento dos franqueados e suas equipes. Portanto, embora a decisão final quanto a qualquer alteração caiba sempre ao franqueador, não faz sentido sufocar a criatividade ou desperdiçar os conhecimentos dos franqueados.

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