Shopping Boulevard, no Pará: a Allos precisou treinar e certificar um negócio local para fazer a compostagem de seus shoppings em Belém. (Allos/Divulgação)
EXAME Solutions
Publicado em 21 de novembro de 2024 às 16h30.
Última atualização em 21 de novembro de 2024 às 17h10.
Em 2025, a ALLOS, maior administradora de shoppings do Brasil, participará da COP30, Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas que será realizada em Belém. Será a terceira vez que a empresa participará do evento. A primeira em foi na COP27, no Egito, e a segunda na COP29, que acontece neste ano, no Azerbaijão.
“Participar da COP é a comprovação do nosso compromisso com a causa e a confirmação do nosso papel como referência em sustentabilidade no nosso segmento”, justifica Paula Fonseca, diretora jurídica e coordenadora da Comissão de Sustentabilidade da ALLOS. “E temos a oportunidade de ver discussões mundiais e trazer para o nosso mundo informações e conceitos que fazem sentido.”
Em homenagem ao evento no Brasil, a empresa decidiu antecipar todas as metas ambientais – energia limpa, neutralização da pegada de carbono, reuso de água, reciclagem, entre outras – de seus shoppings da bacia amazônica, dois em Belém e dois em Manaus.
Mas será um desafio grande. Em Belém, por exemplo, não havia um fornecedor de compostagem licenciado. Foi preciso treinar e certificar um negócio local para que pudesse se tornar um parceiro da ALLOS para alcançar a meta de reciclagem e compostagem. Mas ser desbravadora não é novidade para a empresa.
Em 2013, ela publicou o primeiro relatório de sustentabilidade do setor e, em 2022, comprometeu-se com metas de ESG para 2030. Foi ainda a primeira administradora de shopping centers a participar do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da Bolsa de Valores (B3) em 2023.
Em 2021, a ALLOS passou a reportar ao Carbon Disclosure Project (CDP) os resultados de seu inventário de emissões de gases de efeito estufa. Desde então, tem apresentado uma evolução constante. No primeiro ano, teve pontuação C, em 2022, alcançou B- e, em 2023, a nota B. Agora em 2024, obteve a melhor avaliação do setor, referente ao questionário de 2023.
A ALLOS é a única empresa do setor listada no Novo Mercado da B3 e está incluída no Índice de Diversidade e no Índice de Carbono Eficiente da bolsa, além de ser bicampeã do setor de Construção Civil e Imobiliário no prêmio Melhores do ESG da EXAME.
“Tudo que definimos como meta são coisas que acreditamos, que têm a ver com o nosso DNA” afirma Paula. “Não fazemos só para dizer que fazemos, entramos de cabeça para fazer bem-feito.”
Em 2020, a ALLOS definiu que ESG seria seu pilar estratégico. A partir de então, criou uma governança mais robusta para atuar de forma mais estruturada.
“Não criamos uma diretoria de Sustentabilidade. As ações voltadas para o tema são realizadas de forma transversal. Há um comitê de ética e ESG que assessora o Conselho de Administração, mas as iniciativas de ESG são tocadas por uma comissão formada por seis diretores, cada qual com suas responsabilidades”, explica Paula.
Por conta da transversalidade, é possível escalar de forma efetiva as iniciativas e fazer com que as metas de fato evoluam para serem alcançadas. Hoje, elas estão divididas em quatro “hubs” e há muita gente envolvida nos escritórios e nos shoppings para alcançar os resultados.
A diretora da ALLOS acredita que a empresa tem uma estratégia robusta e está atacando os problemas de acordo com seu impacto e criticidade. Uma das metas, por exemplo, prevê a reciclagem ou compostagem de 90% do total de resíduos gerados nas operações até 2030.
Atualmente, há shoppings em estágio avançado, como o Parque D. Pedro, em Campinas (SP), que recicla 97% de seu lixo. Todos os shoppings já fazem a reciclagem, mas alguns só iniciaram a compostagem apenas este ano. De qualquer forma, já há uma evolução: em 2022, o resultado consolidado da ALLOS foi de 42% de reciclagem e, este ano, já bateu 61%.
Só neste ano, foram treinados mais de 12 mil lojistas para fazer a separação correta dos resíduos. São envolvidas centenas de pessoas, mas há um efeito multiplicador nessas ações, pois shoppings centers são espaços de reunião de consumidores, com capacidade de influenciar pessoas.
Ao todo, são mais de 50 milhões de visitas por mês nas unidades do grupo – uma média de 10 milhões de pessoas. “Ainda que indiretamente, estamos mostrando às pessoas quanto é importante elas levarem pilhas, plásticos e tampas para reciclarem, por exemplo.”
Para a executiva, é na frente social que a ALLOS faz a diferença, já que shoppings reúnem muitas atividades em um único espaço – compras, cinema, cabeleireiro, restaurantes –, ajudando a reduzir emissões.
As principais bandeiras sociais da ALLOS são diversidade e inclusão, com metas bastante agressivas: ter 50% de mulheres na liderança (gerência para cima) até 2030 – hoje, são 45%, bem acima da média de qualquer indústria, além de ter 48% de negros em cargos de liderança (supervisão para cima) até 2030. A meta racial foi elaborada juntamente com o MOVER, com um baseline de 40,7% atual.
“Elas só poderão ser alcançadas com toda a nossa população engajada, líderes e responsáveis por contratar e promover”, diz a executiva. Para isso, a ALLOS aposta em palestras, semanas temáticas (consciência negra e LGBTQIAPN+), letramento e formação de equipes da ponta, para que recebam com respeito e acolham corretamente os consumidores.
Além disso, cada shopping precisa ter uma ação social estruturante até 2030, voltada para educação que transforma – básica e profissionalizante. Hoje, já existem várias iniciativas espontâneas, que agora farão parte de uma ação mais robusta e centralizada de norte a sul do país.
Outra frente da ALLOS é a de acessibilidade aos shoppings. Neste ano, a empresa conclui seu Caderno de Construções Sustentáveis, que exigirá que novos empreendimentos sigam critérios de sustentabilidade. Mas ainda são necessárias adaptações para que os edifícios mais antigos cumpram todas as regras de acessibilidade.
“Temos 18 milhões de pessoas com deficiência no Brasil que consomem R$ 22 bilhões por ano, e os shoppings são os locais preferenciais para essas pessoas e idosos”, justifica a diretora.
Uma unidade do grupo, por exemplo, criou uma plataforma gratuita para pessoas com deficiência auditiva. Ao escanear um QR Code disponível na vitrine das lojas e vários locais, como nas mesas da Praça de Alimentação, é possível entrar em contato com um tradutor de libras que intermedia a conversa com o vendedor da loja em tempo real. A ideia, agora, é escalar essa iniciativa para os outros shoppings.
Já o Plaza Sul foi o primeiro shopping a integrar o App Inclue, que oferece suporte especializado para pessoas com necessidades específicas e idosos. Com ele é possível agendar o acompanhamento individual e especializado de um profissional em inclusão durante as compras.
(1) Os compromissos 2030 consideram empreendimentos próprios e controlados. (2) Compromisso estabelecido junto ao Movimento pela Equidade Racial - MOVER (3) Certificação NBR 9050 (4) Não inclui cogeração (5) Escopos 1 e 2 (6) m3/m2 de área comum, excluindo o consumo de lojas.