Negócios

´Acho que foi a última compra´, diz presidente do Marfrig sobre a Keystone

Mesma promessa já havia sido feita após a aquisição da Seara, segundo investidores

Marfrig: A empresa espera 100 milhões de dólares de sinergia dentro dessa operação (.)

Marfrig: A empresa espera 100 milhões de dólares de sinergia dentro dessa operação (.)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h39.

São Paulo - A aquisição da americana Keystone Foods pelo Marfrig, anunciada pela na segunda feira (14/06), foi a mais importante da empresa e, provavelmente, a última, segundo Marcos Antônio Molina dos Santos, presidente do Marfrig. O presidente conversou hoje com investidores em teleconferência sobre a aquisição (clique aqui para ler a íntegra da teleconferência). "Essa operação, acho, põe um ponto final nas aquisições", afirmou Molina. "Acho que não tem mais como, nem se eu quisesse", disse o presidente.

As declarações foram provocadas pelos invetidores que participaram da teleconferência. Os analistas observaram que, quando adquiriu a Seara em setembro de 2009, Molina também prometeu que não iria mais às compras. Bem humorado, o presidente do Marfrig afirmou: "acho que agora vou ter que fazer um documento público dizendo que não vou comprar mais nada." Molina emendou dizendo que, agora, a empresa vai se concentrar na consolidação das aquisições recentes. "Eu não posso mais diluir, vou trabalhar os próximos cinco anos para ter o melhor retorno possível no Marfrig e poder consolidar".

As ações da empresa fecharam com queda de 2,8% ontem. A transação foi positiva, segundo investidores, mas a dúvida é quanto à integração desses ativos. Além disso, os analistas querem saber quando o frigorífico vai parar de comprar empresas.

Última pedra

Do ponto-de-vista operacional, Molina garante que a Keystone era o que faltava para que o grupo tenha uma atuação global e em todas as etapas da cadeia de carnes. "A Keystone é o que faltava para nós na distribuição do mercado externo", afirmou. "Keystone quer dizer 'pedra-chave' e é a última pedra que a Marfrig precisava para fechar esse ciclo", disse.

A Keystone atua no desenvolvimento, produção, comercialização e distribuição de alimentos à base de carnes. Um de seus principais clientes é o McDonald’s. O mercado já esperava a venda da companhia, pois seu antigo controlador era o fundo de private equity Lindsay Goldberg. E, como todo fundo, havia um prazo para sair desse investimento. Entre os candidatos, a empresa foi oferecida ao Marfrig. "Sabiam que o McDonald's nos via com bons olhos", disse Molina. "O acordo fortalece nosso negócio global com o McDonald's." 


Entre os atrativos da empresa americana, estão a longa parceria com a rede de lanchonetes nos Estados Unidos e o baixo risco, segundo o Marfrig. "É uma divisão que anda por si mesma, com geração de caixa estável positiva nesses últimos anos", afirmou Ricardo Florence dos Santos, diretor de planejamento e de relações com investidores.

Em 2009, a empresa teve uma receita líquida de 6,4 bilhões de dólares em seus negócios de alimentos e distribuição. Para a aquisição, serão emitidos 2,5 bilhões de reais em debêntures conversíveis em ações, com prazo de cinco anos e direito de preferência para os atuais acionistas, com preço de conversão de 21,50 reais. A subscrição dos papéis será privada.

Uma das dúvidas é se o BNDES, grande acionista do Marfrig, vai participar da subscrição. Molina não deu detalhes da emissão, limitando a afirmar que existem entendimentos avançados com investidores que garantem a operação das debêntures. O Marfrig espera que a aquisição e seu financiamento estejam concluídos durante o segundo semestre de 2010.

Entre as três maiores

O Marfrig espera 100 milhões de dólares de sinergia dentro dessa operação. A aquisição gera uma empresa com centros de distribuição e escritórios nos cinco continentes. Com a compra, o Marfrig acredita que vai ganhar campo na Ásia, Europa e Estados Unidos. A empresa combinada terá vendas acima de 15 bilhões de dólares, ou 27 bilhões de reais, segundo projeções do grupo. Isso a colocará entre as três maiores processadoras de carne do mundo. Boa parte da receita da Keystone vem de mercados em crescimento, como China, Tailândia, Malásia, Austrália e Coréia.

Entre os novos investimentos programados pela Keystone, está uma planta de processamento de produtos na China, para se expandir ainda mais na região. O Marfrig pretende investir 126 milhões de dólares nessa nova unidade na China. Para ter uma plataforma consolidada na China, sem a Keystone, o Marfrig demoraria no mínimo cinco anos, segundo a empresa. 


Acompanhe tudo sobre:AlimentaçãoAlimentos processadosAmérica LatinaÁsiaCarnes e derivadosChinaComércioDados de BrasilEmpresasEmpresas americanasEmpresas brasileirasFast foodFranquiasFusões e AquisiçõesMarfrigMcDonald'sRestaurantes

Mais de Negócios

Como a mulher mais rica do mundo gasta sua fortuna de R$ 522 bilhões

Ele saiu do zero, superou o burnout e hoje faz R$ 500 milhões com tecnologia

"Bar da boiadeira" faz investimento coletivo para abrir novas unidades e faturar R$ 90 milhões

Haier e Hisense lideram boom de exportações chinesas de eletrodomésticos em 2024