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Abertura do Web Summit Rio discute inteligência artificial, futuro dos negócios e Black Lives Matter

Esta é a primeira vez do encontro de empreendedorismo e tecnologia na América Latina. A noite de abertura teve a presença de 20.000 espectadores, segundo a organização do evento

Palco do Web Summit Rio: mais de 20.000 pessoas na noite de abertura do evento de empreendedorismo (EXAME/Exame)
Marcos Bonfim

Repórter de Negócios

Publicado em 1 de maio de 2023 às 20h52.

Última atualização em 2 de maio de 2023 às 00h48.

O Rio de Janeiro deu pontapé da primeira edição na América Latina do Web Summit, um dos principais eventos de empreendedorismo e inovação do mundo, nesta segunda-feira (1º) numa cerimônia concorrida e marcada por discussões sobre inteligência artificial, diversidade, inovação e ambiente digital.

Fundador do evento, o irlandês Paddy Cosgrove abriu a noite comemorando a presença de negócios e de 100 países. Esta é a primeira vez do encontro de empreendedorismo e tecnologia na América Latina.

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A noite de abertura teve a presença de 20.000 espectadores, segundo a organização do evento.

Luta contra o racismo

Cofundadora do Black Lives Matter, Ayo Tometi falou sobre a evolução da luta contra o racismo e como tem visto mudanças significativas ao longo dos anos.

A organização surgiu como um grito em 2013 contra a violência policial e as injustiças como pessoas negras–em 2020, ganhou repercussão global após a morte do homem negro George Floyd em Minneapolis, no Minessota. Apesar de o tema ainda ser recorrente, ela considera que há motivos para celebrar.

“A verdade é que levantamos um nível profundo de consciência. Há uma nova consciência que tomou conta do globo e em toda parte e em diferentes instituições, as pessoas estão fazendo mudanças diferentes, desde o nível da política até diferentes práticas de contratação. Não se trata apenas do capítulo criminal, mas também de saúde, educação e justiça de gênero”, disse, em talk show mediado pela jornalista Maju Coutinho.

A executiva comentou ainda sobre o tema do momento, a inteligência artificial e disse que investe em projetos de AI e que é uma entusiasta das tecnologias, mas que as pessoas precisam estar conscientes de que a sociedade é racista.

"Acho que AI é muito importante e é o futuro. No entanto, sabemos que existem ferramentas e tecnologias que estão sendo desenvolvidas agora que não estão usando as melhores práticas”, afirma.

"As tecnologias não são neutras", segundo a executiva, e é preciso que as empresas se atentem aos resultados para saber se estão criando projetos racionais ou não.

O futuro são os 'gateways'

David Vélez, cofundador do Nubank, subiu ao palco para comentar os dez anos do banco digital, a serem completados na metade de 2023– uma das principais histórias de empreendedorismo brasileiro na última déciada.

Em dez anos, o Nubank foi de uma fintech sediada num sobrado no bairro do Brooklin, zona sul da capital paulista, para um banco com mais de 80 milhões de clientes ( em setembro do ano passado eram 70 milhões ) em três países:

Questionado pela jornalista Christiane Pelajo sobre os motivos para o Nubank ter chegado aonde chegou, Vélez citou a cultura "obsessiva" em agradar o consumidor, uma ideia disruptiva num setor bancário brasileiro em que, então, os cinco maiores bancos detinham 85% do mercado. Hoje, eles têm 70%.

"Os bancos estão se reinventando como empresas de tecnologia", diz Vélez. "E entenderam que precisam atender as expectativas dos clientes."

Vélez vê o futuro do Nubank como estritamente digital. Nos próximos dez anos, diz ele, a internet vai ser cada vez mais concentrada em 'gateways' [espécie de superapp que servirá de porta de entrada para acesso a produtos e serviços] consumo das necessidades mais diversas. "Queremos ser o principal gateway para serviços financeiros", disse.

Vélez também comentou o impacto da inteligência artificial na humanidade. "A inteligência artificial será a maior transformação em novas vidas, e a mais rápida também", disse ele.

"No início da internet tinha que colocar o sinal na casa das pessoas, algo que demorou pelo menos 10 anos. Depois celular, tomou mais uns 5 anos. Agora, com conexão, todo mundo está preparado para nova onda, AI, nossa visão vai ser grande impacto e mais rápida do que a gente está prevendo."

Rio no mapa da inovação global

Mais cedo, num discurso em inglês, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, saudou os presentes ao WebSummit e deu uma perspectiva de como o evento faz parte de uma agenda mais ampla para colocar a cidade no mapa da inovação global.

"O WebSummit é diferente dos demais eventos de inovação por causa da transformação que esses eventos causam na cidade. É só olhar para o impacto em Lisboa", disse, mencionando o fato de a capital portuguesa ser a sede da edição europeia desde 2015. Desde então, ano a ano, o evento recebe mais de 70.000 participantes.

O buzz gerado pelo evento colaborou para colocar Lisboa entre as melhores cidades para abrir negócios de tecnologia na Europa nos últimos anos.

Paes lembrou que o Rio de Janeiro deve realizar ao menos seis edições do WebSummit–o contrato com a prefeitura carioca, uma das patrocinadoras do evento, vai até 2028.

A realização do evento de empreendedorismo é um dos três pilares de um plano da prefeitura carioca para fomentar inovação. Os outros dois, disse Paes, envolvem facilitar a abertura de empresas na cidade e, em paralelo, incentivar jovens a entrarem em carreiras ligadas a tecnologia.

Futuro dos povos indígenas

Em painel com o apresentador Luciano Huck, a indígena e ativista amazônica Txai Suruí entrou no palco do Web Summit com um cântico de acolhimento e um convite para que as pessoas reflorestem as suas mentes e sonhos. “Unindo o conhecimento ancestral e tecnologia, nós podemos proteger a floresta e o nosso clima para que tenhamos um futuro”, disse.

Ela lembrou que apenas cinco por cento da população mundial é indígena, um pequeno grupo que é responsável por preservar 80% da biodiversidade, de acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU). A colaboração entre indígenas e não-indígenas poderia adiar o fim do mundo, como escreveu o líder indígena e filósofo Ailton Krenak.

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