Rogério Barenco, da Mizuno: a Mizuno está voltando a se conectar com a comunidade da corrida (brskphoto/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 29 de abril de 2023 às 07h01.
Última atualização em 19 de dezembro de 2023 às 14h24.
A Mizuno está sob nova administração há pouco mais de dois anos, da Alpargatas migrou para a Vulcabras, dona da Olympikus e operadora da Under Armour no Brasil. Entre a acomodação à nova casa e ajustes, registrou em 2022 o seu maior faturamento. Agora, a centenária marca japonesa quer ir em busca de novos recordes e reconquistar o espaço no mundo das corridas.
“Com o negócio dando muito certo, a Mizuno está voltando a se conectar com a comunidade da corrida”, afirma Rogério Barenco, gerente geral da Mizuno. “A gente tem essa consciência que se afastou dos corredores, ficou por um tempo sem falar, sem conversar, sem inovar e esse é o momento de voltar”.
O executivo falou à EXAME em evento de apresentação do Kakizome Pack, uma linha de tênis de alta performance importada que reúne os modelos Wave Rebellion Pro, Wave Rebellion Flash e Wave Rebellion Sonic. A versão Pro, com geometria de solado inspirado nas sapatilhas de atletismo, entrou no mercado com o valor de R$ 1.999.90.
Barenco está na Mizuno desde 2011 e acompanha a trajetória da marca ao longo de pouco mais de uma década. Desde a transição para a Vulcabras, ocupa a a liderança do negócio. Na casa nova, encontrou um espaço mais dinâmico, tecnológico e com mais fôlego na distribuição - meses após a chegada da Mizuno, a Vulcabras anunciou o investimento em um centro de distribuição, deixando a terceirização logística de lado.
A soma dos atributos permitiu que a marca renovasse as linhas e fabricasse produtos com maior valor agregado localmente, com preços entre R$ 300,00 e R$ 1.000,00. Além disso, está presente em mais varejistas. Os produtos nacionais locais hoje respondem por mais da metade do volume de vendas e do faturamento.
Os importados, acima da R$ 1.000.00, mantêm uma participação importante por conta do preço médio mais alto, mas têm perdido espaço na pizza. “Esse negócio de calçados nacionais na base de pirâmide cresceu absurdamente. O maior crescimento da Mizuno veio daí”, afirma Barenco.
O universo da corrida é dominado por marcas internacionais como Asics, Adidas e Nike. Com a alta do dólar, os preços dos tênis dispararam, deixando uma espécie de lacuna no mercado para produtos de qualidade na faixa entre R$ 500,00 e R$ 1.100,00.
Com a estrutura de negócios mais azeitada no novo endereço, a Mizuno tem se beneficiado do momento. E irá ampliar os esforços para capturar ainda mais corredores com produtos nacionais.
Para o segundo semestre, a marca antecipou à EXAME que prepara o lançamento de modelos de tênis de corrida de alta performance com valores inferiores a R$ 1.000,00. As opções devem chegar ao mercado com preços entre R$ 600,00 e R$ 800,00. “Essa é uma outra estratégia que acho que vai funcionar e que vai nos ajudar a reconquistar esse corredor”, afirma Barenco.
A reaproximação com os corredores também deve acontecer com a intensificação das ações de marketing e comunicação. Este tipo de estratégia foi retomado em setembro do ano passado com uma ativação no meio da floresta Amazônia para o lançamento da coleção Mizuno Neo Collection, a linha mais sustentável já desenvolvida, e tem ganhado espaço o calendário ao longo dos últimos meses.
Outro caminho em estudo é ir além da bolha da corrida e ampliar a comunicação com quem usa no dia a dia. “Para mudar essa percepção e para você começar a ver um monte de Mizuno de novo no pé das pessoas vai demorar uns anos, mas a gente está com essa paciência”, afirma o executivo.
Usando a sabedoria japonesa como inspiração e os mais de 100 anos de história, a marca sabe que a retomada da relação está mais para uma maratona do que para uma corrida de curta distância.