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WikiLeaks: EUA libertou presos de alto risco de Guantánamo

Já a liberação de mais de 150 mil inocentes foi adiada por anos

Guantánamo: até um terço dos 600 presos durante governo Bush era de "alto risco" (Jon Soucy/Wikimedia Commons)

Guantánamo: até um terço dos 600 presos durante governo Bush era de "alto risco" (Jon Soucy/Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 25 de abril de 2011 às 11h59.

Washington - Os Estados Unidos libertaram dezenas de prisioneiros de alto risco da prisão de Guantánamo e adiaram por anos a libertação de mais de 150 homens inocentes, segundo arquivos militares revelados pelo site WikiLeaks e divulgados no domingo.

Os 779 documentos, que fazem parte de um arquivo de memorandos secretos divulgados no ano passado pelo site WikiLeaks, foram entregues a um grupo de veículos da imprensa americana e europeia, incluindo os jornais The New York Times, The Daily Telegraph, El País, Le Monde, Der Spiegel e La Repubblica.

Milhares de páginas revelam que 130 dos 172 prisioneiros que deixaram a base naval de Guantánamo eram considerados "de alto risco" e representam uma ameaça para os Estados Unidos e seus aliados.

Entretanto, eles foram liberados sem passar por uma reabilitação ou mesmo pela supervisão mínima necessária.

Até um terço dos 600 presos durante o governo do presidente George W. Bush, vários deles transferidos para outros países, também foram classificados como de "alto risco" antes de serem libertados ou entregues a outros governos, revelou o New York Times.

Os arquivos podem se tornar uma enorme dor de cabeça para os Estados Unidos e seus aliados - que tentam tirar do poder o ditador líbio Muamar Kadhafi. Alguns apontam que um dos treinadores dos rebeldes líbios possui vínculos mais próximos com a Al-Qaeda do que se imaginava.

Abu Sufian bin Qumu dedicou-se por duas décadas a atividades extremistas, tendo sido treinado antes em dois campos da Al-Qaeda. Ele participou da luta dos talibãs contra a União Soviética e a Aliança do Norte, e foi motorista de Osama bin Laden no Sudão, segundo a rádio pública americana.

Por seis anos, bin Qumu permaneceu detido em Guantánamo, antes de ser enviado por Washington para as autoridades líbias, em 2007, a pedido de Kadhafi. O governo líbio o libertou no ano passado.

Além disso, os relatórios revelam que pelo menos 150 dos detidos eram afegãos ou paquistaneses inocentes, incluindo motoristas, agricultores e cozinheiros, que foram detidos nas operações frenéticas de inteligência nas zonas de guerra.

Entretanto, durante anos estas pessoas permaneceram detidas devido à confusão de identidades ou simplesmente porque estavam no lugar errado no momento errado, segundo a imprensa americana.

O governo do presidente Barack Obama, que deixou sem prazo definido sua promessa de fechar de uma vez por todas a prisão militar da Baía de Guantánamo, lamentou a divulgação dos documentos secretos e defendeu seus esforços e os da administração anterior para "agir com extremo cuidado e diligência" na transferência de presos.

"As duas administrações (Obama e Bush) fizeram da proteção dos americanos sua principal prioridade, e estamos preocupados porque a revelação destes documentos pode ser prejudicial a estes esforços", indica um comunicado oficial da Casa Branca, publicado no domingo.

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