Hillary: a Fundação Clinton é uma gigante da filantropia criada pelo ex-presidente Bill Clinton, que desde 2001 a dirige ao lado de sua filha (Brendan McDermid / Reuters)
Da Redação
Publicado em 15 de agosto de 2016 às 15h35.
Washington - O jornal "The Washington Post" publicou nesta segunda-feira um editorial no qual critica a "porosidade" entre a Fundação Clinton e o Departamento de Estado durante a passagem da candidata democrata à presidência dos Estados Unidos, Hillary Clinton, na chefia da diplomacia americana (2009-2013).
"Doadores da Fundação Clinton poderiam ver seus presentes como meio para comprar acesso e isso indica um problema ainda maior. Se a senhora Clinton ganhasse em novembro, traria ao Salão Oval uma rede de conexões e potenciais conflitos de interesses desenvolvidos durante décadas", afirma o editorial.
A Fundação Clinton é uma gigante da filantropia criada pelo ex-presidente Bill Clinton, que desde 2001 a dirige ao lado de sua filha Chelsea. A instituição conseguiu atrair cerca de US$ 2 bilhões em doações nos últimos 15 anos.
Apesar de as declarações fora de tom do candidato republicano, Donald Trump, seguirem mantendo em segundo plano os principais pontos fracos da democrata, a revelação de um novo conjunto de e-mails do Departamento de Estado reviveu polêmica.
Os e-mails vazados publicados pela fundação conservadora Judicial Watch revela que altos diretores da Fundação Clinton solicitaram uma reunião para um de seus maiores doadores, o milionário libanês Gilbert Chagoury, com Huma Abedin, principal assistente de Hillary enquanto secretária de estado.
"Oferecer acesso, mesmo quando feito só para compartilhar informação, é fornecer um favor", disse o influente jornal da capital americana, que, no entanto, considera que o comportamento revelado não passa de um escândalo "médio".
"O muro ético que se supunha que Hillary tinha que levantar entre ela e a organização de sua família não era suficientemente impermeável", concluiu jornal.
Os possíveis conflitos de interesses entre o trabalho da Fundação Clinton e o papel da então secretária de Estado no governo americano levantaram dúvidas em várias ocasiões durante a atual campanha.
Além disso, o "Post" critica as tênues linhas que separavam as atuações de pessoas vinculadas à fundação, como assistentes de Bill Clinton, de Hillary Clinton ou do Departamento de Estado.
De fato, Abedin, a assessora mais próxima de Clinton, que deixou seu posto de vice-chefe de gabinete em junho de 2012, foi recontratada pelo Departamento de Estado, apesar de manter esse trabalho ao mesmo tempo em que exercia atividades remuneradas na Fundação Clinton e numa empresa de consultoria criada por um assistente de Bill Clinton e um ex-alto cargo da fundação.