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Venezuela acusa EUA de tentar 'desprestigiar' eleições e repudia questionamentos

Ao longo da semana, o Departamento de Estado dos EUA condenou impedimento de candidata opositora e ameaçou novas sanções ao país

Publicado em 29 de março de 2024 às 11h11.

A autoridade eleitoral da Venezuela, de viés governista, acusou os Estados Unidos, nesta quinta-feira (28), de tentar "desprestigiar" as eleições presidenciais de 28 de julho, após refutar os "falsos questionamentos" do Departamento de Estado americano ao processo.
"O poder eleitoral (...) repudia de forma categórica os insolentes e falsos questionamentos do Departamento de Estado", manifestou-se, em nota, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
Seu objetivo é "desprestigiar uma das instituições mais sólidas da robusta democracia venezuelana", acrescentou.
A Chancelaria venezuelana também se pronunciou na mesma linha e declarou que os Estados Unidos buscam "não reconhecer" o processo no qual o presidente Nicolás Maduro aspira à reeleição, como ocorreu em 2018, quando Washington considerou o processo como fraudulento e aumentou as sanções a Caracas.
Na quarta-feira, 27, o Departamento de Estado americano condenou o impedimento à inscrição de algumas candidaturas da oposição às eleições presidenciais na Venezuela, após a denúncia de bloqueio ao registro da candidata opositora Corina Yoris.
"A aceitação pelo CNE exclusivamente dos candidatos da oposição com os quais Maduro e seus representantes se sentem confortáveis contraria [a celebração de] eleições competitivas e inclusivas, que o povo venezuelano e a comunidade internacional vão considerar legítimas", disse o porta-voz do Departamento de Estado Matthew Miller em um comunicado.
Miller disse que é preciso "permitir eleições livres e justas" na Venezuela e reiterou que, caso contrário, haverá "consequências", pois os Estados Unidos anunciaram que podem reverter a flexibilização das sanções, anunciada no fim do ano, em compensação aos acordos alcançados entre o governo e a oposição para realizar as eleições.

Maduro é recebido por seguidores em Maturín, Venezuela, segundo foto da Presidência em 11 de março de 2024. Crédito: AFP (AFP/AFP)

Yoris bloqueada

As razões para o bloqueio a candidatura de Yoris, nomeada pela líder María Corina Machado após sua inabilitação política, ainda não foram explicadas.
A principal aliança de partidos da oposição, a Plataforma Unitária Democrática (PUD), acabou inscrevendo "provisoriamente" no encerramento dos registros, na terça-feira, 26, Edmundo González Urrutia até definir o candidato único.
O opositor Manuel Rosales, ex-adversário do falecido presidente Hugo Chávez, também se candidatou no limite do vencimento do prazo para inscrever candidaturas.
Ele se inscreveu com seu partido, Um Novo Tempo (UNT), que também foi bloqueado até o último minuto.
No total, inscreveram-se 13 candidatos, incluindo os opositores, Maduro, um ex-dirigente eleitoral e nove lideranças que se apresentam como antichavistas, embora sejam consideradas pela oposição tradicional como "alacranes" (escorpiões), termo usado para se referir aos "colaboracionistas" do governo.

Lula critica ausência de opositora nas eleições da Venezuela

Nesta quinta-feira, 28, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou, ao lado do presidente da França, Emmanuel Macron, o veto à candidatura da opositora Corina Yoris nas eleições venezuelanas, uma mudança de posição que começou a ser sinalizada na última terça-feira, com uma dura nota do Itamaraty.

Ao lado do presidente francês Emmanuel Macron, Lula o veto à candidatura da opositora Corina Yoris nas eleições venezuelanas - Crédito: Sergio Lima / AFP (Sergio Lima/AFP)

Yoris era a candidata escolhida pela oposição para substituir María Corina Machado, grande vencedora das primárias, mas inabilitada pelo governo de Nicolás Maduro por 15 anos.
Alguns dias antes, o Itamaraty havia divulgado um posicionamento que marcou uma mudança de tom e o primeiro posicionamento da chancelaria brasileira sobre o processo eleitoral venezuelano de maneira contundente.
Na nota, o Itamaraty afirmou que o impedimento de Yoris "não é compatível com os acordos de Barbados".

A Venezuela, então, reagiu à nota brasileira. Em um comunicado emitido pelo Ministério das Relações Exteriores, o governo venezuelano repudiou o posicionamento do Itamaraty, que descreveu como "cinzento e intervencionista", afirmando que "parece ter sido ditado pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos". Apesar da crítica, o texto agradeceu às "expressões de solidariedade" do presidente Lula.

Quando serão as eleições da Venezuela?

As eleições presidenciais na Venezuela serão realizadas em 28 de julho, segundo o acordado entre governo e oposição.
Com informações da AFP.
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