Brexit: "O risco de um Brexit sem acordo nunca pareceu tão alto", afirmou o negociador-chefe da UE (Toby Melville/Reuters)
AFP
Publicado em 16 de janeiro de 2019 às 13h39.
A União Europeia (UE) e seus Estados-membros avaliam que a rejeição pelo Parlamento britânico do acordo entre Londres e Bruxelas do Brexit lança a Grã-Bretanha em um grave risco de saída abrupta do bloco.
O negociador-chefe da UE para o Brexit, Michel Barnier, avaliou que o "risco" de um Brexit sem acordo "nunca pareceu tão alto".
"Nossa resolução continua sendo a de evitar um cenário desses, mas temos a responsabilidade de sermos lúcidos. Esta é a razão pela qual vamos intensificar nossos esforços para estarmos preparados para essa eventualidade", afirmou nesta quarta, ante os eurodeputados, em Estrasburgo (leste da França).
Já o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, pediu que a Grã-Bretanha "esclareça suas intenções o quanto antes. O tempo está acabando".
O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, que representa os 28 Estados-membros do bloco, questionou:"Se um acordo é impossível e ninguém quer uma saída sem acordo, então quem terá, enfim, a coragem de dizer qual é a única solução positiva?".
A chanceler alemã, Angela Merkel, considerou, nesta quarta, que "ainda temos tempo para negociar" um acordo.
"Ainda temos tempo para negociar, mas esperaremos, agora, o que a primeira-ministra proporá", disse Merkel à imprensa. "Lamento muito que a Câmara dos Comuns britânica tenha rejeitado o acordo de ontem à noite (terça)", acrescentou.
O ministro alemão da Economia, Olaf Scholz, considerou na terça, após a votação, que este era um "dia amargo para a Europa". "Estamos preparados, mas um Brexit 'duro' é a pior de todas as possibilidades".
Para o ministro de Relações Exteriores alemão, Heiko Maas, adiar a data do Brexit "só teria sentido" se for alcançado um novo acordo com a União Europeia e a Grã-Bretanha que tenha a maioria no Parlamento britânico. "Isso só faria sentido se existir uma forma de alcançar um acordo entre a UE e a Grã-Bretanha e, por ora, esta não é a opinião majoritária no Parlamento britânico", avaliou.
Para o presidente francês, Emmanuel Macron, "a pressão está mais lá", na Grã-Bretanha.
"De qualquer forma, teremos que negociar com eles um período transitório, porque os britânicos não podem permitir que nenhum avião decole ou aterrize em seu território".
De acordo com Nathalie Loiseau, ministra dos Assuntos Europeus, o adiamento do Brexit para além de 29 de março é "legal e tecnicamente possível" se Londres pedir.
"No momento em que se fala disso, é apenas uma hipótese, já que (a primeira-ministra britânica Theresa) May nunca pediu por isso, nem ninguém de seu entorno", disse ela à France Recording Radio.
"Legalmente, tecnicamente, é possível. Para isso, os britânicos têm que solicitar e tem que haver um acordo unânime dos outros 27 membros da União Europeia", disse ele.
O governo irlandês lamentou o resultado do voto que "amplia o risco de um Brexit desordenado". "Em consequência, o governo continuará intensificando seus preparativos para essa possibilidade".
O primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, garantiu que está "à espera de que o governo britânico esclareça suas intenções. O governo italiano continuará trabalhando de perto com as instituições e os outros Estados-membros da UE para limitar as consequências negativas do Brexit".
A Itália "continua e intensifica seus esforços para estar pronta para qualquer eventualidade, inclusive a de uma saída sem acordo em 29 de março".
O chanceler Sebastian Kurz afirmou que "em todos os casos, não haverá uma renegociação do acordo de saída".
O presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, considerou que "uma saída não ordenada seria negativa para a UE e catastrófica para o Reino Unido".