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BCs do G10 pedem solidez fiscal para a recuperação econômica

Jean-Claude Trichet, presidente do BCE, não discutiu a situação de Portugal

Trichet, presidente do BCE: países europeus precisam buscar a consolidação fiscal (Chung Sung-Jun/Getty Images)

Trichet, presidente do BCE: países europeus precisam buscar a consolidação fiscal (Chung Sung-Jun/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 10 de janeiro de 2011 às 12h48.

Basileia, Suíça - O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, porta-voz dos governadores dos bancos centrais do Grupo dos Dez (G10, os países mais industrializados do mundo), pediu nesta segunda-feira "solidez fiscal" para que se consolide a recuperação econômica.

No entanto, os bancos centrais do G10 não discutiram sobre a situação fiscal de Portugal e as recentes pressões dos mercados financeiros sobre esse país e outras economias da zona do euro com um elevado déficit, segundo disse Trichet.

Na reunião bimestral na sede do Banco para Pagamentos Internacionais (BIS) na cidade suíça de Basileia, os bancos centrais do G10 concordaram na importância que todas as economias em nível global tenham "solidez fiscal" para que se mantenha a recuperação econômica.

Trichet recusou fazer referência aos comentários de alguns operadores dos mercados que disseram que o BCE comprou nesta segunda-feira dívida pública de Portugal.

O BCE comprou dívida soberana emitida por países da periferia da zona do euro, segundo disseram vários operadores da Dow Jones à Agencia Efe, que concretamente afirmaram que o organismo adquiriu dívida portuguesa, irlandesa e grega.

Os mercados financeiros pressionam atualmente Portugal para que finalmente solicite ajuda do fundo de resgate da União Europeia (UE).

A taxa de risco portuguesa subia ligeiramente até 413 pontos básicos desde os 409 da abertura, enquanto a taxa de risco da Grécia avançava até 967 e a da Irlanda caia até 609.


Desde maio do ano passado, o BCE compra dívida dos países da zona do euro para contribuir com o bom funcionamento do mercado de bônus públicos, já que é um segmento muito importante para a estabilidade do sistema financeiro europeu.

O BCE publica o volume semanal de compra de dívida, mas não dá detalhes da procedência dos bônus adquiridos.

O G10 alertou da forte alta dos preços de alguns alimentos e da ameaça inflacionária para as economias emergentes.

Trichet descartou a existência de pressões inflacionárias nas economias avançadas.

O G10 confirma a recuperação econômica global e qualifica de "impressionante" o caso das economias emergentes.

"A recuperação econômica global foi melhor do que indicavam as projeções iniciais", disse Trichet.

Destacou também "as ameaças inflacionárias" nas economias emergentes, como uma das principais diferenças com as economias avançadas, que não apresentam este problema.

O G10 observa que, por trás da atual alta dos preços de alguns alimentos, existe um fenômeno de natureza estrutural, que corresponde a mudanças nos modelos de consumo familiar no mundo emergente e que é um elemento da possível ameaça inflacionária.

Neste sentido, é possível que algumas economias emergentes devam aumentar suas taxas de juros para frear a inflação, o que elevará mais o diferencial com as economias avançadas e atrairá a entrada de capital estrangeiro.

Trichet lembrou que em algumas economias emergentes ocorrem aumentos das entradas de capital a curto prazo como consequência do vigoroso crescimento.

Nos Estados Unidos os juros se situam atualmente entre 0 e 0,25%, no Japão estão em 0,1%, na zona do euro 1%, e no Reino Unido 0,5%, enquanto na Austrália estão no 4,75%, na Índia no 6,25%, na China no 5,56%, na Coreia do Sul no 2,25% e no Brasil no 10,75%.

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