Missão de paz da ONU é composta por cerca de 10 mil militares (AFP)
Repórter colaborador
Publicado em 14 de outubro de 2024 às 06h20.
Última atualização em 14 de outubro de 2024 às 08h08.
O confronto entre Israel e Líbano foi marcado no final de semana pela acusação da ONU de que Israel invadiu uma base de sua força de paz no sul do país. O incidente ocorre em meio à escalada de tensões entre Israel e o grupo xiita libanês Hezbollah.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, pediu que a ONU retirasse as tropas da Força Interina no Líbano (Unifil), argumentando que elas estariam sendo usadas como escudos humanos pelo Hezbollah, aliado do Irã. A declaração de Netanyahu foi seguida por relatos de novas violações israelenses, incluindo a invasão de dois tanques Merkava a uma base da ONU, segundo informou a própria força de paz. Cinco dos chamados capacetes azuis teriam sido feridos nos últimos dias por causa dos bombardeios israelenses.
Criada em 1978 após a invasão do Líbano por Israel em meio à guerra civil libanesa, é uma missão de paz da ONU composta por cerca de 10 mil militares de 50 países. Tem como principal função garantir que os grupos da região (Hezbollah principalmente) respeitem a chamada Linha Azul, demarcação da ONU para separar os territórios dos dois países, mas que não é oficialmente uma fronteira.
Como missão de paz oficial da ONU, os objetivos da Unifil são definidos pelo Conselho de Segurança da ONU e seu mandato é renovado anualmente - sempre com o pedido libanês. O último aconteceu em maio agosto deste ano, antes dos novos ataques israelenses.
Com quase 50 anos de atuação, a Unifil é uma das missões de paz mais longevas da história das Nações Unidas. Entre a sua criação e julho de 2024, 326 soldados dessa força morreram em confrontos na região. Seu orçamento é de cerca de US$ 474 milhões por ano.
Os capacetes azuis só podem fazer uso da força em legítima defesa ou em algumas hipóteses: impedir que suas instalações sejam usadas para “atividades hostis”, proteger civis, socorristas e funcionários da ONU; garantir a liberdade de ir e vir da população da região, e reagir a tentativas de impedir a missão de cumprir com seu mandato
Os principais países que contribuem com tropas para a Unifil são Indonésia, Itália, Índia, Malásia, França e Espanha. Os Estados Unidos, como principal aliado de Israel, nunca contribuíram com tropas para a missão. Tampouco vetou seu mandato no Conselho de Segurança.
O Brasil tem 11 militares na missão de paz, de acordo com a ONU.
A Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou neste domingo, 13, que tanques israelenses romperam o portão de uma base de sua força de paz no sul do Líbano, na mais recente denúncia de violações por parte de Israel.
A Unifil relatou que, após a retirada dos tanques, projéteis explodiram a 100 metros da instalação, liberando uma substância que gerou fumaça tóxica. Mesmo usando máscaras de gás, 15 funcionários da ONU precisaram de atendimento médico. A entidade não esclareceu a origem dos disparos nem identificou a substância liberada.
Além disso, a Unifil acusou Israel de bloquear um comboio logístico, prejudicando o movimento da força de paz. Em nota, a organização classificou a invasão como uma "grave violação do direito humanitário internacional" e da Resolução 1701 do Conselho de Segurança, que regula o cessar-fogo entre Israel e Líbano. "Solicitamos explicações das IDF (Forças de Defesa de Israel) sobre essas violações chocantes", informou a ONU.