Reunião do Conselho de Segurança da ONU, neste domingo, em Nova York: embaixador de Israel na ONU, Gilad Erdan, mostra um vídeo de drones e mísseis indo em direção a Israel. Erdan instou o Conselho de Segurança a impor “todas as possíveis sanções” contra o Irã após o ataque sem precedentes da república islâmica contra Israel (CHARLY TRIBALLEAU/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 14 de abril de 2024 às 21h18.
Última atualização em 14 de abril de 2024 às 21h25.
Em uma tensa reunião do Conselho de Segurança da ONU, os integrantes fizeram discursos pedindo cautela por parte de Israel e do Irã, um dia depois dos iranianos lançarem centenas de mísseis e drones em direção ao território israelense.
Os EUA, que ajudaram nas interceptações dos projéteis mas pediram ao premier Benjamin Netanyahu evitar uma retaliação, defenderam moderação, ao mesmo tempo em que exigem uma condenação de Teerã pelo ataque.
— O nosso objetivo é a desescalada. Os Estados Unidos não procuram uma escalada. As nossas ações foram de natureza puramente defensiva. A melhor forma de evitar essa escalada é o Conselho condenar inequivocamente o ataque sem precedentes em grande escala do Irã e apelar a ele e aos seus aliados para diminuir a escalada e evitar mais violência — disse o vice-embaixador americano na ONU, Robert Wood. — Nos próximos dias e em consulta com outros Estados-membros, os Estados Unidos explorarão medidas adicionais para responsabilizar o Irã aqui nas Nações Unidas.
A fala dos EUA está alinhada a uma declaração do G7, grupo formado por sete das maiores economias do mundo, que mais cedo condenou “por unanimidade” as ações iranianas, ao mesmo tempo em que pediu moderação de todos os envolvidos.
O presidente Joe Biden também adotou esse tom, e chegou a telefonar para Netanyahu durante uma reunião do gabinete de guerra israelense que discutiu uma possível resposta — o líder americano pediu explicitamente ao premier que evitasse um novo ataque, mas a decisão final do governo ainda não está clara.
Antes da fala de Wood, o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que a perspectiva de um conflito entre Israel e Irã no Oriente Médio coloca toda a região “na beira do abismo”, e que uma nova guerra teria impactos profundos sobre os civis.
— É hora de dar um passo atrás. É vital evitar qualquer ação que possa levar a grandes confrontos militares em múltiplas frentes no Oriente Médio. Civis já estão sofrendo e pagando o mais alto preço — disse Guterres.
— Nós temos uma responsabilidade compartilhada para atuar junto a todos os lados envolvidos para evitar uma nova escalada.[...] Temos uma responsabilidade compartilhada para trabalhar pela paz. Regionalmente e globalmente a paz e a segurança estão sendo minadas a cada instante. A região e o mundo não podem suportar mais uma guerra.
A reunião de emergência foi convocada a pedido de Israel após os ataques de sábado — no dia 2 de abril, um dia depois do bombardeio israelense contra o consulado iraniano em Damasco, incidente que motivou os lançamentos de projéteis, Teerã também pediu uma reunião do Conselho. Nos dois casos, o desfecho parece destinado a ser o mesmo: um encontro onde os países farão discursos, apresentarão discordâncias e não aprovarão uma resolução de qualquer tipo.
Uma divergência em relação às posições de Israel e EUA veio do representante da Rússia, Vasily Nebenzia: embora não tenha apoiado a ação iraniana, ele disse que, o ataque de sábado “não veio do nada”, acusando o próprio conselho de “inação”.
— O que aconteceu na noite de 14 de abril (o ataque iraniano ocorreu na madrugada de domingo, pelo horário israelense) não aconteceu no vazio. Os passos do Irã foram uma resposta à vergonhosa inação do Conselho de Segurança da ONU, uma resposta ao ataque flagrante de Israel a Damasco — declarou o representante russo.