Mundo

UE suspende ajuda direta ao governo do Burundi por violência

O Conselho também estabeleceu medidas específicas que o governo burundinês deverá adotar e que poderiam significar o pleno reatamento da cooperação


	Burundi: "A situação no Burundi continua sendo motivo de profunda preocupação para a UE"
 (Evrard Ngendakumana / Reuters)

Burundi: "A situação no Burundi continua sendo motivo de profunda preocupação para a UE" (Evrard Ngendakumana / Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 14 de março de 2016 às 09h20.

Bruxelas - A União Europeia (UE) decidiu nesta segunda-feira suspender a ajuda direta dada às autoridades do Burundi por causa da onda de violência e das violações dos direitos humanos detectadas no país africano, mas manterá o apoio à população.

"A UE suspendeu a ajuda financeira direta à administração do Burundi, incluído o apoio orçamentário", decidiram os ministros das Relações Exteriores comunitários reunidos em um Conselho em Bruxelas, que indicaram que "mantêm plenamente tanto o apoio financeiro à população como a ajuda humanitária".

O Conselho de Ministros afirmou que terminou com o apoio ao Burundi em virtude do artigo 96 do acordo de Cotonou, que rege as relações entre a UE e os países de África, Caribe e Pacífico, já que "os compromissos propostos pelo governo burundinês são insuficientes para atender às preocupações" da UE.

O Conselho também estabeleceu "medidas específicas que o governo burundinês deverá adotar e que poderiam significar o pleno reatamento da cooperação".

"A situação no Burundi continua sendo motivo de profunda preocupação para a UE, embora recentemente tenham sido observados alguns brilhos de esperança", afirmou em comunicado a alta representante da UE para Relações Exteriores e Política de Segurança, Federica Mogherini.

Na sua opinião, as medidas propostas pela UE "podem apoiar o diálogo interno, com a mediação da Comunidade do África Oriental, que é essencial para chegar a uma solução política duradoura à crise".

Já o comissário europeu de Cooperação Internacional e Desenvolvimento, Neven Mimica, lembrou que a crise que o Burundi vive atualmente "já custou mais de 400 vidas, deixou milhares de feridos e obrigou mais de 240 mil pessoas a buscar refúgio nos países vizinhos".

Ele informou que a UE prepara apoio a projetos para que a população possa acessar serviços básicos, "mas sem canalizar recursos financeiros através de contas administradas pelo governo".

O Conselho comunicou que sua decisão "será revisada periodicamente, pelo menos a cada seis meses", entre outros com missões de supervisão conjuntas do Serviço Europeu de Ação Exterior e a Comissão Europeia.

A UE fez em 8 de dezembro consultas com o governo do Burundi, baseada no artigo 96 do acordo de Cotonou, para avaliar este problema e encontrar maneiras de resolvê-lo.

Então, o governo burundinês propôs "alguns compromissos que, no entanto, até o momento a UE considerou insatisfatórios".

O Burundi está imerso em uma grave crise desde que em abril de 2015 o presidente do Burundi, Pierre Nkurunziza, anunciou que se candidataria pela terceira vez às eleições, o que é proibido pela Constituição e viola os acordos que acabaram com uma longa guerra civil em 2005.

Nkurunziza foi reeleito em julho, em uma eleição que a comunidade internacional considerou fraudulenta, o que não o impediu de se manter no cargo.

Em outubro a UE já havia imposto sanções contra quatro pessoas próximas a Nkurunziza e dos serviços de inteligência, por considerar que elas incitaram a violência e atos de repressão durante as manifestações contra o anúncio da candidatura presidencial.

Acompanhe tudo sobre:ÁfricaDireitos HumanosEuropaUnião EuropeiaViolência urbana

Mais de Mundo

El Salvador apreende mais de uma tonelada de cocaína e armas de guerra em alto mar

OMS pede aumento da produção de vacinas contra mpox

OEA aprova por consenso resolução que pede que Maduro divulgue as atas eleitorais na Venezuela

Luis Abinader assume segundo mandato como presidente da República Dominicana

Mais na Exame