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UE e China realizam cúpula com Ucrânia e Rússia no centro da tensão

A cúpula acontece na mesma semana em que o ministro das Relações Exteriores russo, Sergey Lavrov, fez sua primeira visita à China desde o começo da guerra na Ucrânia

Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, antes de reunião por videoconferência com líderes chineses: UE afirma que momento é "definidor" para relações globais (Valeria Mongelli/Bloomberg/Getty Images)
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Carolina Riveira

Publicado em 1 de abril de 2022 às 07h28.

Última atualização em 1 de abril de 2022 às 07h51.

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A União Europeia e a China realizam nesta sexta-feira, 1º de abril, uma cúpula para discutir a parceria e laços econômicos e diplomáticos entre as duas partes. O evento está em sua 23ª edição, mas com a guerra na Ucrânia e a aproximação chinesa com a Rússia, o tema ucraniano ganhou o centro da discussão entre os líderes neste ano.

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Participam o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o alto representante para assuntos internacionais na UE, Josep Borrell. O grupo europeu se reúne via videoconferência primeiro com o premiê chinês Li Keqiang e, nas próximas horas, com o presidente chinês, Xi Jinping .

Líderes europeus têm a expectativa de usar o fórum para pressionar o governo chinês em sua relação com a Rússia, mas há dúvidas sobre o quanto podem ser bem-sucedidos. A China tem sido central para a economia russa em meio às sanções do Ocidente.

"O foco principal da cúpula será a guerra na Ucrânia, o engajamento da comunidade internacional para apoiar a Ucrânia, a dramática crise humanitária criada pela agressão da Rússia, sua natureza desestabilizadora para a ordem internacional e seu impacto global inerente", disse a UE em nota sobre o encontro, afirmando que serão tratadas ainda questões de ordem comercial, sustentabilidade e saúde.

A cúpula - cuja última edição havia sido em 2020 - acontece na mesma semana em que o ministro das Relações Exteriores russo, Sergey Lavrov, fez sua primeira visita à China desde o começo da guerra. Na sequência, Lavrov foi à Índia na quinta-feira, 31, outro aliado.

A Índia e a China, até o momento, não condenam a guerra russa na Ucrânia e não votaram na Organização das Nações Unidas para que a Rússia parasse os ataques. A China, em especial, tem sido garantidora de alguma estabilidade na economia russa em meio à guerra, sendo parceira de importações e exportações enquanto outros países banem produtos russos e provendo transações fora do dólar, com a Rússia banida do sistema financeiro internacional Swift e com reservas no exterior congeladas.

O encontro acontece ainda horas depois de o presidente russo, Vladimir Putin, ter anunciado em pronunciamento que passaria, a partir desta sexta-feira, a exigir pagamento por petróleo e gás em rublos, a moeda local - até o momento, a medida havia sido anunciada, mas sem uma data definida.

A mudança em Moscou busca fortalecer a moeda, mas, sobretudo, é também uma forma de pressionar a UE, um dos principais clientes das commodities russas. A Alemanha, onde 40% do gás vem da Rússia, anunciou um plano de racionamento nesta semana.

Ontem, na bolsa de Moscou, o rublo chegou a ser negociado perto de seu valor pré-guerra em dólar, e tem recuperado força após quedas vertiginosas - entre os motivos estão a alta de juros do Banco Central russo, com taxa a 20%, mas sobretudo a tentativa russa de passar a receber em rublos.

Ainda não está claro como a UE responderá. O bloco alega que os contratos estão fechados em dólar e euro, e que mudar a regra seria uma quebra do acordo. Já Putin disse ontem que "será preciso abrir conta em bancos russos" para fazer os pagamentos em rublos e, caso isso não ocorra, será considerado que houve um calote. "Ninguém nos vende nada de graça", disse.

Na semana passada, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, pressionou líderes ocidentais afirmando que pagar a Rússia em rublos seria como "ajudar a Ucrânia com uma mão e ajudar os russos a matar ucranianos com a outra".

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