Mundo

Ucrânia elege magnata visando a pacificar leste pró-Rússia

Petro Peroshenko venceu as eleições deste domingo com algo em torno de 56% dos votos, de acordo com as pesquisas de boca de urna


	Petro Poroshenko: ele é conhecido como magnata do chocolate
 (Reuters)

Petro Poroshenko: ele é conhecido como magnata do chocolate (Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 25 de maio de 2014 às 19h04.

Kiev - O oligarca Petro Poroshenko, que segundo as pesquisas de boca de urna venceu neste domingo as eleições presidenciais na Ucrânia, é a aposta dos ucranianos para pacificar e refrear o separatismo no leste pró-Rússia.

'A Ucrânia está no meio de uma guerra. Para implantar a paz no sul da Ucrânia é preciso negociar com todas as partes, incluindo a Rússia. Claro, haverá encontro com (o presidente russo, Vladimir) Putin', afirmou em seu primeiro discurso após o fechamento das seções.

Um dos segredos da vitória de Poroshenko, que já participou ativamente na Revolução Laranja de 2004, foi sua decisão de financiar os protestos do Euromaidán que levaram à queda, em fevereiro, do presidente Viktor Yanukovich.

Tanto os Estados Unidos como a União Europeia haviam insistido a importância de que Ucrânia tivesse o mais rápido possível um presidente legítimo, se possível em um único turno eleitoral, para enfrentar a ameaça russa.

De fato, a vitória não deixou dúvidas, já que, segundo as pesquisas, o oligarca obteve entre 55,7% e 57,3% dos votos, enquanto sua grande rival, a ex-primeira-ministra Yulia Tymoshenko, obteve decepcionantes 12,9%, segundo as pesquisas.

Tymoshenko aceitou a derrota a contragosto, descrevendo as eleições como 'justas e democráticas', enquanto insistiu na necessidade de convocar um referendo sobre o ingresso na Otan para defender a Ucrânia de um ataque exterior.

Poroshenko, que prometeu durante a campanha normalizar as relações com a Rússia em um prazo de três meses, disse no fechamento dos colégios que uma de suas prioridades será 'acabar com a guerra e o caos' nas regiões insurgentes de Donetsk e Lugansk.

'A primeira coisa que precisamos fazer é trazer a paz a todos os cidadãos da Ucrânia. O povo armado deve abandonar as ruas de povoados e cidades. Há tentativas de transformar Donbass na Somália, mas agiremos com providência e eficácia', disse o presidente eleito.

Para isso, sua primeira viagem como chefe do Estado será a essa bacia carvoeira conhecida como Donbass e que os separatistas pró-Moscou chamaram Novorossia (Nova Rússia), à espera que o Kremlin reconheça sua independência.

Ao mesmo tempo, Poroshenko assegurou que não reconhece a anexação russa da Crimeia, que 'foi, é e será território ucraniano', e manifestou também sua oposição à federalização, como exigem o leste de fala russa e o Kremlin, já que, assegurou, Ucrânia deve ser 'um Estado unitário'.

Em mensagem aos navegantes, sua primeira visita ao exterior será à Polônia, por ocasião das celebrações do 25º aniversário da libertação do jugo soviético, ou a Bruxelas para assinar o ansiado Acordo de Associação com a União Europeia, antessala de entrada.

Além disso, se houvesse dúvidas entre os inquilinos do Maidán, a 'vila' que ocupa o coração de Kiev há seis meses, Poroshenko prometeu uma luta implacável contra a corrupção e eleições parlamentares antes de finais de ano.

Enquanto Poroshenko comemorava vitória, o ministro do Interior da Ucrânia, Arsén Avakov, anunciou hoje que as forças governamentais continuarão a ofensiva contra os insurgentes.

'As eleições concluíram. Não conseguiram sabotá-la. Ganhamos. Agora defenderemos o resultado', postou Avakov em sua conta no Facebook.

A votação, na qual mais de 33 milhões de pessoas estavam convocados a votar, esteve marcada pelo boicote insurgente em Lugansk e Donetsk, onde vivem mais de 5 milhões de eleitores.

Segundo dados preliminares, nos dois territórios separatistas as eleições aconteceram em menos da metade das zonas eleitorais, por isso mais de 3 milhões de pessoas não teriam podido exercer seu direito ao voto.

Nas capitais regionais de Donetsk e Lugansk, onde vivem mais de 1 milhão e meio de pessoas, não chegou a abrir uma única seção eleitoral, mas apesar de tudo em toda Ucrânia mais de 55% da população votaram.

Além de algum atrito entre as forças governamentais e os milicianos rebeldes, uma pessoa morreu e outra ficou ferida em um tiroteio que aconteceu em um colégio eleitoral da cidade de Novoaydar (Lugansk).

Além disso, foi confirmada a primeira morte de um repórter que cobria o conflito ucraniano, o italiano Andrea Rocchelli, e de seu intérprete russo, que foram vítimas ontem à noite de um ataque com morteiro perto de Slaviansk, uma das irredutíveis fortificações pró-Rússia.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, não hesitou em parabenizar o povo ucraniano por comparecer em massa às urnas, apesar das ameaças e das provocações, enquanto o líder russo, Vladimir Putin, disse no sábado que respeitaria a escolha do povo ucraniano. EFE

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaEleiçõesEuropaRússiaUcrânia

Mais de Mundo

Yamandú Orsi, da coalizão de esquerda, vence eleições no Uruguai, segundo projeções

Mercosul precisa de "injeção de dinamismo", diz opositor Orsi após votar no Uruguai

Governista Álvaro Delgado diz querer unidade nacional no Uruguai: "Presidente de todos"

Equipe de Trump já quer começar a trabalhar em 'acordo' sobre a Ucrânia