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Turquia reconquista Império Otomano por meio das novelas

Novelas do país são um fenômeno de massas em quase todos os países da região

Fenômeno de massa: mais de 20 novelas turcas são transmitidas em cerca de 40 nações do mundo (Lior Mizrahi/Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 26 de dezembro de 2011 às 08h58.

Istambul - Não há sequer uma casa no Egito, Síria e territórios palestinos que não esteja acompanhando alguma novela turca, um fenômeno de massas em quase todos os países do antigo Império Otomano.

Mais de 20 novelas turcas são transmitidas em cerca de 40 nações do mundo, sobretudo árabes e balcânicas, onde registram sucessos estrondosos.

'Trabalhamos com altos orçamentos e uma qualidade que não é alcançada pelas séries árabes locais, mas com baixas tarifas de venda. E os espectadores têm a sensação de ver algo próprio, local, claro, muito mais próximo do que as séries norte-americanas, com as quais não chegam a se identificar', analisa em declarações à Agência Efe Izzet Pinto, diretor-geral da distribuidora turca The Global Agency.

A visão é confirmada pela especialista em mundo árabe Eva Chaves: 'As novelas turcas são assistidas em toda parte e têm muito mais sucesso do que o produto local. São mais modernas, mas refletem um mundo similar ao sírio ou libanês'.

Esta proximidade cultural não está ligada à religião, visto que as novelas turcas de mais sucesso são as que recebem mais críticas dos setores conservadores, inclusive na própria Turquia.

Assim ocorreu com 'Século Magnífico', uma série sobre a vida íntima do sultão otomano Solimão I, criticada pelas cenas com conotação sexual e pela presença de álcool, mas bem-sucedida em todos os países balcânicos.

'Exportamos para os Bálcãs as novelas mais modernas, que não dão a sensação de um ambiente islâmico', explica Izzet, 'mas também nos países árabes é precisamente esta modernidade que atrai o espectador'.

'A Turquia se transformou em um modelo para o mundo árabe, sobretudo a partir do início da Primavera Árabe', opina Izzet.

Um exemplo é 'Binbir Gece' ('1001 Noites'), protagonizada por uma jovem arquiteta independente, mãe de um menino de cinco anos que precisa passar por uma operação cujo valor está fora de seu alcance, mas que será custeada por seu chefe em troca de uma noite juntos.

A história acabará em casamento, como é possível imaginar, mas só após um longo caminho que explora a capacidade da mulher de decidir sobre sua sexualidade.

Outros títulos de The Global Agency, como 'Escolher minha religião' e 'Minha ex é minha madrinha de casamento' (em tradução livre), também trazem um ar de modernidade a países onde esses conceitos ainda se chocam com tabus.

Até a Grécia, tradicional inimiga da Turquia, se rendeu aos encantamentos dos galãs turcos, alguns já tão populares como os de Hollywood.

O segredo, neste caso, está na economia, segundo o jornal 'Hürriyet': cada temporada de uma série grega custaria entre 70 mil e 80 mil euros, enquanto uma série turca de qualidade comparável é rodada por um décimo desse valor.

Izzet também cita o alto custo da produção grega como motivo para o sucesso de sua empresa no país vizinho, acrescentando que a popularidade destas séries na Grécia já gerou uma mudança na percepção da Turquia entre a população grega.

O 'Hürriyet' estima que a exportação das novelas forneça à Turquia 45 milhões de euros anuais. 'Mas seu impacto deve ser medido em bilhões, porque promovem a Turquia e atraem turismo', aponta o diretor-geral da The Global Agency.

'Nos países nos quais nossas novelas são transmitidas, a marca turca se revalorizou e o Made in Turkey é agora um conceito de prestígio. Isso tem consequências favoráveis para a Turquia, tanto no campo econômico como no político', comenta.

Mas Izzet não pensa em limitar a expansão do negócio ao âmbito do antigo Império Otomano: 'Nossa meta agora é chegar à França, Alemanha e Espanha. Estamos negociando e acho que em 2012 nossas séries já poderão ser assistidas nesses países europeus'.

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'Trabalhamos com altos orçamentos e uma qualidade que não é alcançada pelas séries árabes locais, mas com baixas tarifas de venda. E os espectadores têm a sensação de ver algo próprio, local, claro, muito mais próximo do que as séries norte-americanas, com as quais não chegam a se identificar', analisa em declarações à Agência Efe Izzet Pinto, diretor-geral da distribuidora turca The Global Agency.

A visão é confirmada pela especialista em mundo árabe Eva Chaves: 'As novelas turcas são assistidas em toda parte e têm muito mais sucesso do que o produto local. São mais modernas, mas refletem um mundo similar ao sírio ou libanês'.

Esta proximidade cultural não está ligada à religião, visto que as novelas turcas de mais sucesso são as que recebem mais críticas dos setores conservadores, inclusive na própria Turquia.

Assim ocorreu com 'Século Magnífico', uma série sobre a vida íntima do sultão otomano Solimão I, criticada pelas cenas com conotação sexual e pela presença de álcool, mas bem-sucedida em todos os países balcânicos.

'Exportamos para os Bálcãs as novelas mais modernas, que não dão a sensação de um ambiente islâmico', explica Izzet, 'mas também nos países árabes é precisamente esta modernidade que atrai o espectador'.

'A Turquia se transformou em um modelo para o mundo árabe, sobretudo a partir do início da Primavera Árabe', opina Izzet.

Um exemplo é 'Binbir Gece' ('1001 Noites'), protagonizada por uma jovem arquiteta independente, mãe de um menino de cinco anos que precisa passar por uma operação cujo valor está fora de seu alcance, mas que será custeada por seu chefe em troca de uma noite juntos.

A história acabará em casamento, como é possível imaginar, mas só após um longo caminho que explora a capacidade da mulher de decidir sobre sua sexualidade.

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Até a Grécia, tradicional inimiga da Turquia, se rendeu aos encantamentos dos galãs turcos, alguns já tão populares como os de Hollywood.

O segredo, neste caso, está na economia, segundo o jornal 'Hürriyet': cada temporada de uma série grega custaria entre 70 mil e 80 mil euros, enquanto uma série turca de qualidade comparável é rodada por um décimo desse valor.

Izzet também cita o alto custo da produção grega como motivo para o sucesso de sua empresa no país vizinho, acrescentando que a popularidade destas séries na Grécia já gerou uma mudança na percepção da Turquia entre a população grega.

O 'Hürriyet' estima que a exportação das novelas forneça à Turquia 45 milhões de euros anuais. 'Mas seu impacto deve ser medido em bilhões, porque promovem a Turquia e atraem turismo', aponta o diretor-geral da The Global Agency.

'Nos países nos quais nossas novelas são transmitidas, a marca turca se revalorizou e o Made in Turkey é agora um conceito de prestígio. Isso tem consequências favoráveis para a Turquia, tanto no campo econômico como no político', comenta.

Mas Izzet não pensa em limitar a expansão do negócio ao âmbito do antigo Império Otomano: 'Nossa meta agora é chegar à França, Alemanha e Espanha. Estamos negociando e acho que em 2012 nossas séries já poderão ser assistidas nesses países europeus'.

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