Mundo

Turquia cobra saída de Assad e diz apoiar ataque dos EUA na Síria

País aliado dos EUA na guerra contra o Estado Islâmico vem argumentando há tempos que não pode haver paz na Síria com Assad no poder

Mevlut Cavusoglu: "é necessário retirar este regime o mais cedo possível da liderança da Síria" (Yiannis Kourtoglou/Reuters)

Mevlut Cavusoglu: "é necessário retirar este regime o mais cedo possível da liderança da Síria" (Yiannis Kourtoglou/Reuters)

R

Reuters

Publicado em 7 de abril de 2017 às 09h52.

Ancara / Istambul - A Turquia defendeu nesta sexta-feira a saída imediata do presidente da Síria, Bashar al-Assad, e expressou apoio ao ataque de mísseis dos Estados Unidos contra uma base aérea síria, acrescentando que a criação de zonas seguras para proteger os civis é mais importante agora do que nunca.

A Turquia, país-membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e parte da coalizão contra o Estado Islâmico liderada pelos EUA, vem argumentando há tempos que não pode haver paz na Síria com Assad no poder.

Mas, desde sua reaproximação com a Rússia nos últimos meses, Ancara parecia aceitar a possibilidade de o líder sírio permanecer no comando durante uma transição.

"É necessário retirar este regime o mais cedo possível da liderança da Síria", disse o ministro das Relações Exteriores turco, Mevlut Cavusoglu, a repórteres, um endurecimento do tom de seu país.

"Se ele não quiser sair, se não houver governo de transição, e se ele continuar a cometer crimes humanitários, as medidas necessárias para retirá-lo deveriam ser tomadas", acrescentou.

Os comentários foram realizados depois que os EUA dispararam mísseis de cruzeiro contra uma base aérea síria que Washington diz ter sido o local de origem de um ataque químico nesta semana que deixou ao menos 70 mortos.

A intervenção militar dos EUA foi o primeiro ataque norte-americano direto contra o governo Assad em seis anos de guerra.

Um porta-voz do presidente turco, Tayyip Erdogan, disse que a ação dos EUA marcou "um passo importante para que ataques químicos e convencionais contra a população civil não fiquem impunes", e que uma zona de restrição aérea deveria ser imposta.

Erdogan ainda não comentou a ação militar dos EUA, mas anteriormente já tinha dito que a Turquia louvaria uma intervenção militar norte-americana na Síria e que estaria pronta para auxiliar.

Esta postura complicaria o empenho turco em reatar os laços com a Rússia, abalados quando a Turquia abateu um caça russo perto da fronteira síria em novembro de 2015.

As relações vinham sendo reparadas gradualmente desde agosto, e os dois países mediaram juntos um cessar-fogo na cidade síria de Aleppo no final do ano passado.

Cavusoglu disse que a coalizão foi informada do ataque de Washington e que ele conversou com os chanceleres francês e alemão, embora não tenha dito quando. Ele também disse que contatos entre o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, e o secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, foram iniciados.

Acompanhe tudo sobre:Bashar al-AssadEstados Unidos (EUA)SíriaTurquia

Mais de Mundo

Justiça da Bolívia retira Evo Morales da chefia do partido governista após quase 3 décadas

Aerolineas Argentinas fecha acordo com sindicatos após meses de conflito

Agricultores franceses jogam esterco em prédio em ação contra acordo com Mercosul

Em fórum com Trump, Milei defende nova aliança política, comercial e militar com EUA