Refugiados: "A morte de refugiados diariamente em seus mares é uma vergonha para a cultura e a civilização europeia" (REUTERS/Yannis Behrakis)
Da Redação
Publicado em 21 de janeiro de 2016 às 11h11.
Davos - O primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, disse nesta quinta-feira que a morte de refugiados nos mares Mediterrâneo e Egeu constitui uma "vergonha" para a Europa, e evidencia que os traficantes de pessoas atuam com muita liberdade.
"A morte de refugiados diariamente em seus mares é uma vergonha para a cultura e a civilização europeia, enquanto os traficantes operam sem restrições", afirmou, em um discurso no Fórum Econômico Mundial de Davos.
Tsipras criticou o fato de alguns países europeus terem investido enormes recursos para modernizar seus sistemas de defesa, "mas serem incapazes de olhar o que acontece em seu mares".
Ele lamentou que a tendência seja que os países que estão mais distantes das fronteiras externas da União Europeia mostrem desinteresse pelo que se passa "em seu quintal dos fundos", quando o que deveria imperar é o interesse de trabalharem juntos na crise dos refugiados.
Tsipras propôs como "única solução" que a União Europeia em seu conjunto demonstre solidariedade e vontade de compartilhar a carga que os refugiados representam.
"Reivindicamos um mecanismo para realocar os refugiados da Grécia em todos os países da União Europa, pôr fim ao tráfico de pessoas e mostrar aos refugiados que há alguma esperança para eles", disse o primeiro-ministro grego.
Mudando de assunto, Tsipras garantiu que seu país persiste nos esforços para reorganizar sua economia, como por exemplo com a consolidação fiscal, mas opinou que estes esforços foram "unilaterais" e não suficientemente reconhecidos pelo resto da Europa.
Uma consequência das medidas de reestruturação que mencionou foi a queda de 25% do PIB.
"Em 2008 a taxa de desemprego na Grécia era a mesma que na Alemanha, hoje a taxa de desemprego na Grécia é de 35% e na Alemanha de 8%", comentou.
"Ainda precisamos de reformas estruturais consideráveis, voltar ao crescimento e para isto pedimos o investimento europeu e o privado, assim como combater o excesso de burocracia e a corrupção", enumerou.
Além disso pediu a União Europeia que, por sua vez, "ajude a reduzir as desigualdades entre o sul e o norte da Europa", que evidenciou ao mencionar que no sul da Europa os juros de um empréstimo empresarial são de 17%, enquanto no norte é de 1%.