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Trump se refugia no Twitter sem admitir derrota nos Estados Unidos

Na cruzada para denunciar uma "fraude" eleitoral, Trump parece ter abandonado qualquer desejo de governar: somam-se dias sem ninguém na Casa Branca

 (Carlos Barria/Reuters)

(Carlos Barria/Reuters)

FS

Fabiane Stefano

Publicado em 20 de novembro de 2020 às 18h55.

Última atualização em 20 de novembro de 2020 às 20h30.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, refugiado em sua tenaz vontade de não admitir a derrota para Joe Biden nas eleições, continuou sua cruzada nesta sexta-feira (20) com tuítes e retuítes, o que levanta dúvidas sobre a forma como o mandatário pretende sair dessa situação.

Isolado na Casa Branca enquanto evita qualquer contato com jornalistas, o presidente começou seu dia retuitando um vídeo da polêmica coletiva de imprensa realizada por seu advogado pessoal, Rudy Giuliani, na quinta-feira. Suando bastante, a ponto de uma gota de cor castanha que saía de seu cabelo escorrer por sua bochecha, Giuliani defendeu por quase duas horas a tese de Trump de que o Partido Democrata organizou uma fraude em grande escala nas eleições de 3 de novembro.

Nesta sexta-feira, Trump planeja receber as autoridades locais de Michigan, estado onde em 2016 derrotou Hillary Clinton, mas, em 2020, perdeu para Joe Biden. Esse convite, que praticamente coincide com a oficialização dos resultados naquele estado, gerou uma onda de críticas. Bob Bauer, advogado da equipe de Biden, chamou a visita de "patética". “É um abuso de poder, é uma iniciativa que visa intimidar os responsáveis pelas eleições”, declarou, afirmando ter a certeza de que esta tentativa irá falhar.

Na tarde de quinta-feira, o senador republicano Mitt Romney acusou o presidente de exercer "pressão manifesta sobre as autoridades federais e locais" para ir contra a "vontade do povo". "É difícil imaginar uma ação pior e mais antidemocrática por parte de um presidente dos Estados Unidos em exercício", criticou Romney, ex-candidato republicano à presidência derrotado por Barack Obama em 2012.

Em sua cruzada para denunciar uma "fraude" eleitoral, Trump parece ter abandonado qualquer desejo de governar. Somam-se dias em que a agenda da Casa Branca aparece vazia. Na quinta-feira, o presidente não participou de coletiva de imprensa na Casa Branca sobre o gerenciamento da crise da covid-19 ao lado do vice-presidente Mike Pence e do imunologista Anthony Fauci.

Aprovação em queda

"É difícil imaginar como esse homem raciocina", ponderou Joe Biden na quinta-feira. "Estou convencido de que ele sabe que perdeu e que vou tomar posse como presidente no dia 20 de janeiro, o que torna isso simplesmente escandaloso", acrescentou o presidente eleito, que comemorou seu 78º aniversário nesta sexta-feira, a dois meses da posse.

A equipe de campanha democrata não anunciou qualquer evento especial para comemorar o aniversário, mas Biden terá encontros em sua residência, em Wilmington, estado do Delaware, com Nancy Pelosi, a líder do partido na Câmara dos Representantes, e com o chefe da minoria democrata no Senado, Chuck Schumer.

De acordo com estudo publicado nesta sexta-feira, a consultoria Pew Research Center analisou a opinião dos americanos sobre os comportamentos de Trump e Biden desde a eleição de 3 de novembro. O resultado aponta que apenas 31% dos entrevistados aprovam o comportamento do atual inquilino da Casa Branca como bom ou excelente, contra 62% que atribuem essa qualificação a Biden.

Em âmbito nacional, Biden obteve cerca de 80 milhões de votos nas eleições de 3 de novembro, contra 74 milhões para Trump. No entanto, nos Estados Unidos, a presidência é definida por um sistema de votos eleitorais atribuídos a cada estado, e Biden conseguiu vencer por uma margem estreita em vários redutos importantes.

Na Geórgia, a primeira contagem deu a Biden uma margem muito estreita de 14.000 votos, o que obrigou uma recontagem dos votos manual. Na noite de quinta-feira, autoridades locais confirmaram a vitória de Biden, com vantagem reduzida para 12.200 votos.

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