Agência de notícias
Publicado em 26 de outubro de 2024 às 12h31.
Donald Trump fará um comício no domingo (27) no Madison Square Garden, famosa arena esportiva e casa de shows que já recebeu convenções políticas e, inclusive, uma infame reunião nazista em 1939.
A escolha do local está repleta de intenções para um Trump que nunca foi profeta em sua cidade natal, onde ele aspira lotar "o ginásio mais famoso do mundo" e converter a metrópole à causa republicana.
Embora seja improvável que este reduto democrata vote em massa no republicano, a pouco mais de uma semana das acirradas eleições de 5 de novembro, o magnata republicano de 78 anos poderá, ao menos, contar com uma grande cobertura da imprensa.
O MSG já recebeu shows dos Rolling Stones, Madonna e U2. O local também foi o grande centro do boxe, até que os promotores do esporte começaram a levar os principais combates para Las Vegas, Nevada. O local também é a casa do New York Knicks, da NBA
Em fevereiro de 1939, poucos meses antes da invasão nazista da Polônia, o ginásio - na época em outra localização - recebeu um comício da associação germânico-americana Bund, no qual os 20 mil participantes, cercados por suásticas, águias imperiais e saudações nazistas, pretendiam denunciar as "conspirações" judaicas e o presidente Franklin D. Roosevelt, enquanto 100 mil manifestantes protestavam contra a sua presença do lado de fora.
O debate sobre se Trump é fascista ou não ganhou força nos últimos dias, depois que um de seus ex-chefes de gabinete, o general aposentado John Kelly, afirmou que o republicano se enquadra nesta definição, algo com que a candidata democrata à presidência, Kamala Harris, disse que concordou durante um evento ao vivo no canal CNN.
Segundo a revista The Atlantic, Trump chegou a afirmar, quando era presidente: "Preciso do tipo de generais que Hitler tinha". O candidato republicano nega ter feito tal declaração.
Seus principais aliados no Congresso acusaram Kamala Harris na sexta-feira de fomentar a violência, apesar de Trump não poupar insultos contra ela, a quem chamou de fascista e marxista.
Os opositores de Trump recordam que ele disse que, se for eleito presidente, atuaria como um ditador no "primeiro dia" da presidência e que poderia usar o Exército contra o "inimigo interno".
"Uma das coisas que verão... é Trump realmente reencenando comício no Madison Square Garden em 1939", disse Hillary Clinton, derrotada por Trump nas eleições de 2016, à CNN.
"Roosevelt ficou chocado que os neonazistas e fascistas nos Estados Unidos estivessem fazendo fila para, essencialmente, prometer seu apoio ao tipo de governo que estavam vendo na Alemanha", recordou a ex-primeira-dama e ex-secretária de Estado.
"Por favor, abram os olhos para o perigo que este homem representa para o nosso país", acrescentou.
Admirador confesso dos autocratas, Trump abraçou frequentemente a retórica da extrema direita e construiu sua campanha com promessas de deportações em massa de imigrantes sem documentos que, ele afirma, "envenenam o sangue" do país.
Em 2017, no início da sua presidência, ele foi criticado por afirmar que havia "pessoas muito boas dos dois lados", ao comentar um confronto entre nacionalistas neonazistas brancos e manifestantes em Charlottesville (Virgínia), no qual uma pessoa morreu.
Trump provavelmente vai ignorar qualquer controvérsia e aproveitará seu momento no domingo à noite no MSG para tentar brilhar em um local que já recebeu celebridades tão variadas quanto Muhammad Ali, dois papas, Frank Sinatra e Marilyn Monroe.
Trump já recebeu um impulso de sua cidade natal na sexta-feira, o apoio do jornal sensacionalista mais vendido em sua cidade natal, o New York Post, que pertence ao magnata Rupert Murdoch.
"OBRIGADO PELO MARAVILHOSO APOIO!!!", escreveu Trump em sua plataforma Truth Social.