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Tropas de Kadafi atacam maior linha defensiva rebelde por terra, mar e ar

Os intensos bombardeios aéreos acompanhados da artilharia terrestre e marítima, foguetes, morteiros e carros de combate dobraram força contra a resistência rebelde

Rebeldes na Líbia (John Moore/Getty Images)

Rebeldes na Líbia (John Moore/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 10 de março de 2011 às 19h51.

Benghazi - As brigadas do líder líbio Muammar Kadafi lançaram nesta quinta-feira uma grande contraofensiva aérea, terrestre e marítima na principal linha defensiva da oposição rebelde, situada em Ras Lanuf, a 450 quilômetros de Benghazi, com um resultado ainda incerto.

Um comandante revolucionário citado pelo canal "Al Jazeera" declarou que o enclave petrolífero de Ras Lanuf, a cerca de 450 quilômetros ao leste de Benghazi, principal reduto rebelde, tinha sido recuperado pelas forças do regime, uma informação desmentida posteriormente pelo vice-presidente do principal órgão rebelde, Abdel Hafiz Ghoga.

"É simplesmente um bombardeio indiscriminado" disse Ghoga, vice-presidente do Conselho Nacional Líbio de Transição (CNLT), antes de detalhar que a área atacada é "a mais importante frente defensiva" rebelde.

No entanto, o comandante opositor citado pela "Al Jazeera" relatou que todos os seus homens estavam mortos ou haviam fugido e que os milicianos estavam recuando em direção a Brega, a cerca de 200 quilômetros ao leste.

Segundo sua versão, os intensos bombardeios aéreos acompanhados da artilharia terrestre e marítima, foguetes, morteiros e carros de combate dobraram a resistência rebelde.

Ghoga explicou que o pequeno hospital da localidade foi desalojado e os feridos foram transferidos a locais mais seguros, após o centro médico ter sido bombardeado pela aviação militar leal a Kadafi.

O vice-presidente do CNLT também pediu à comunidade internacional "que tome todas as medidas necessárias para proteger os líbios do genocídio e dos crimes contra a humanidade" cometidos pelas forças do regime.

Além disso, acusou Kadafi de adotar uma política de "terra arrasada", e revelou que as forças rebeldes prenderam pelo menos 30 mercenários, que foram levados para Benghazi. Ghoga acrescentou que as tropas governamentais também prenderam opositores, mas não deu mais detalhes e não informou a respeito das baixas registradas entre os rebeldes na ofensiva sobre Ras Lanuf.

O ataque, o maior lançado pelas forças fiéis a Trípoli, provocou já nas primeiras horas do dia o caos entre as milícias rebeldes que controlavam o enclave petrolífero.

Uma das porta-vozes dos rebeldes, Imame Bugaighis, ressaltou à Agência Efe que as forças de Kadafi bombardearam edifícios residenciais utilizando embarcações comerciais.

Bugaighis, que qualificou a situação como "muito grave", advertiu que a atual ofensiva das forças do regime líbio poderia afetar o tráfego pelo Mediterrâneo e provocar uma crise humanitária, assim como uma catástrofe ambiental.

Além disso, expressou seu temor de que os bombardeios, que já afetaram instalações petrolíferas e oleodutos, possam atingir os depósitos de petróleo situados na região.

Neste sentido, outra fonte rebelde que preferiu não se identificar afirmou que apenas um porto no leste do país, que está em mãos dos rebeldes e não foi especificado, está exportando petróleo, depois que Ras Lanuf interrompeu suas atividades como consequência dos combates, que podem ter causado inúmeras mortes.

Os arredores de Ras Lanuf vêm sendo atacados desde o domingo por terra e por ar para forçar uma retirada das tropas rebeldes, que tiveram que enfrentar duros combates para controlar Ben Jawad, a 40 quilômetros ao oeste.

"Éramos um grupo de 18 e todos morreram, exceto eu", relatou à Efe Faray Ali Hamad, um homem de 35 anos que se movimenta utilizando muletas e que declarou que foi ferido durante enfrentamentos ocorridos na terça-feira, quando seu comando tentava se infiltrar em território inimigo.

O opositor relatou que foram bombardeados com artilharia e que ele conseguiu escapar, embora tenha ficado ferido, e que teve que caminhar durante mais de oito horas até encontrar alguém para levá-lo a um hospital.

No entanto, à espera de uma operação no quadril, Hamad afirma que quer voltar à frente porque não se importa em morrer.

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