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Transporte ferroviário albanês vive colapso após esplendor

País é o único da Europa que não possui conexão internacional da rede de ferrovias

Trens na Albânia: em 20 anos, número de passageiros foi de 12 milhões para 430 mil (Jason Rogers/Wikimedia Commons)

Trens na Albânia: em 20 anos, número de passageiros foi de 12 milhões para 430 mil (Jason Rogers/Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 2 de março de 2011 às 12h59.

Tirana - Longe do esplendor que o transporte ferroviário viveu na Albânia durante a época comunista, quando o trem era o único meio de transporte para a maioria dos albaneses, este meio público está atualmente em colapso no país.

A Albânia é a única nação europeia sem conexão internacional de sua rede de ferrovias e o número de passageiros transportados caiu em 2010 para 430 mil, frente aos 12 milhões do final da ditadura comunista de Enver Hoxha, em 1990.

Viajar de trem na Albânia é uma verdadeira aventura que pode causar facilmente um desgosto aos poucos viajantes, entre eles estudantes, aposentados e camponeses sem recursos econômicos, que utilizam este serviço que está em declínio desde o início da democracia no país.

Os 3,2 milhões de albaneses dispõem de apenas 40 vagões oxidados, maioria fabricada na Itália e na Alemanha nos anos 60 e que levam ironicamente a inscrição em albanês "Rumo ao futuro".

Muitas janelas estão quebradas, e os vagões andam a uma velocidade máxima de 40 km/h.

Este é o panorama oferecido pelas ferrovias da Albânia, um país que deseja entrar na União Europeia (UE).

Na estação de Tirana, de onde saem dez trens diários, reina o absoluto silêncio. A sala de espera está vazia e em sua entrada está pendurado um cartaz de papelão com os horários de partida e chegada.

"Interessa-me apenas que ande e que me leve para casa. Não me importa que não tenha luz, calefação, nem vidros. Pago 80 leks (US$ 0,50) diários de ida e volta e estou satisfeita", afirma a camponesa Zeqine Mata.


Como em filmes de suspense, uma vez que os trens se aproximam das áreas povoadas, especialmente dos subúrbios de Tirana, atraem os olhares de crianças e jovens, que muitas vezes se divertem jogando pedras em suas janelas.

"É uma brincadeira muito perigosa que, às vezes, acaba ferindo os passageiros. Apesar de trocarmos todos os anos os vidros quebrados, é uma brincadeira que nunca termina", denuncia Nimet, um dos 1.680 empregados da empresa estatal de ferrovias, onde a maioria dos funcionários recebe salário de 120 euros.

No entanto, a principal causa de acidentes ferroviários é a passagem de pessoas e veículos por trechos da ferrovia.

"Nos 422 quilômetros da rede ferroviária albanesa há 150 passagens ilegais, 47 delas nos 37 quilômetros que há entre Tirana e Durres", onde vive quase a metade da população, declarou à Agência Efe Zamir Ramadani, diretor-geral da empresa de ferrovias.

Para evitar acidentes, o maquinista toca durante toda a viagem uma buzina e conduz o trem a uma velocidade lenta para ter tempo de frear em caso de algum imprevisto.

Ramadani reconhece que o setor vive uma profunda crise devido à falta de investimentos. As subvenções do Estado para o setor são de cerca de US$ 4 milhões.

No entanto, ele é mais otimista sobre o transporte de mercadorias, cujo volume no ano passado superou as 400 mil toneladas, em comparação com as 30 mil toneladas transportadas em 2006, embora esses números estejam ainda muito longe das 6,6 milhões de toneladas transportadas em 1990.

Em 2010, a Albânia pagou ao grupo americano General Electric uma sanção de US$ 20 milhões depois que o primeiro-ministro albanês, Sali Berisha, rescindiu contrato assinado em 2003 pelo Governo anterior para investir US$ 95 milhões na construção de um trem elétrico de Tirana a Durres.

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