Transição traz dúvidas sobre usinas elétricas alemãs
Os produtores alemães de eletricidade enfrentam as consequências da transição energética, obra da chanceler Angela Merkel
Da Redação
Publicado em 26 de agosto de 2013 às 11h09.
Berlim - A empresa energética alemã RWE quer fechar seis usinas na Alemanha ; a EON pretende se mudar para a Turquia: os produtores alemães de eletricidade enfrentam as consequências da transição energética, grande obra da chanceler Angela Merkel , pontilhada de incertezas.
O futuro das usinas movidas a carvão e gás é um dos grandes pontos de interrogação desta transição, que deve levar a Alemanha a abandonar, em 20 anos, a energia nuclear, e as fontes renováveis a se tornarem 80% da produção elétrica até 2050.
Merkel, que espera se eleger para um terceiro mandato nas legislativas de 22 de setembro, reivindica o popular abandono da energia atômica. Mas esta política energética vai privar os produtores de eletricidade, EON e RWE em primeiro lugar, de ganhos proveitosos obtidos com suas usinas atômicas. E a partir de agora, ela transforma suas usinas de gás e carvão, marginalizadas pela concorrência das renováveis, em fontes de prejuízo.
"Muitas de nossas usinas operam no prejuízo", afirmou recentemente o diretor financeiro da RWE, Bernhard Günther.
Como consequência, a RWE pretende fechar várias usinas na Alemanha e na Holanda, que representam uma capacidade acumulada de 4.300 Megawatts (Mw). E outras podem seguir o mesmo caminho, acrescentou Günther.
A Agência de Redes, que deve avaliar estes fechamentos, recebeu desde o fim de 2012 quinze pedidos de fechamento, segundo um porta-voz. A norueguesa Statkraft, entre outras, anunciou que fechará duas instalações na Alemanha.
O apoio às renováveis se traduz, sobretudo, na prioridade dada à própria energia que alimenta a rede. Tudo o que as eólicas e os painéis solares produzem deve passar, enquanto a produção de carbono e gás só serve para tapar buraco.
Em função do boom da energia solar nos últimos anos, devido a um regime generoso de subvenções, a capacidade instalada das renováveis atualmente é tal que, se o vento soprar ou o sol brilhar, inclusive ao mesmo tempo, a Alemanha pode em algumas oportunidades se abster de usar suas usinas convencionais.
Entre abril e maio, algumas usinas da RWE funcionaram a menos de 10% de sua capacidade, explicou Günther. Como o preço do atacado da eletricidade é o mais baixo da Europa, isto se traduz em perdas substanciais.
Recentemente, o problema dizia respeito às usinas a gás, mas segundo ele a partir de agora até mesmo o carvão não é mais forçosamente rentável.
A EON brigou durante meses com as autoridades regionais sobre o destino de sua usina a gás de Irshing, na Bavária. Inaugurada em 2010, a central funciona precariamente. O grupo concordou em mantê-la em serviço, como desejavam reguladores e poder público em uma solicitação de garantia de abastecimento, mediante o pagamento de uma compensação.
A Agência de Redes advertiu que não aprovará mais fechamentos de usinas no sul do país, onde a demanda é maior. A geração a partir de fontes renováveis é inteiramente dependente do clima e as fontes convencionais precisam garantir o abastecimento quando estas falham. Quando isto ocorre, os operadores pedem compensação.
Atualmente, as usinas do grupo EON "trabalham por nada", lamentou recentemente o diretor Johannes Teyssen, que estuda outros cenários de fechamento e - por que não? - transferir a empresa para a Turquia, onde o grupo está solidamente implantado.
"Eu acredito que é sempre uma ameaça, será muito, muito complicado, e me espantaria que pensassem nisso seriamente", comentou uma fonte do setor em declarações à AFP.
Neste período pré-eleitoral, as ameaças fazem parte do jogo. Todo o setor espera do futuro governo una revisão profunda das modalidades da transição energética.
"Todos os problemas são conhecidos e identificáveis, não haverá descanso para o futuro governo", advertiu Hildegard Müller, presidente da federação do setor, BDEW.
Berlim - A empresa energética alemã RWE quer fechar seis usinas na Alemanha ; a EON pretende se mudar para a Turquia: os produtores alemães de eletricidade enfrentam as consequências da transição energética, grande obra da chanceler Angela Merkel , pontilhada de incertezas.
O futuro das usinas movidas a carvão e gás é um dos grandes pontos de interrogação desta transição, que deve levar a Alemanha a abandonar, em 20 anos, a energia nuclear, e as fontes renováveis a se tornarem 80% da produção elétrica até 2050.
Merkel, que espera se eleger para um terceiro mandato nas legislativas de 22 de setembro, reivindica o popular abandono da energia atômica. Mas esta política energética vai privar os produtores de eletricidade, EON e RWE em primeiro lugar, de ganhos proveitosos obtidos com suas usinas atômicas. E a partir de agora, ela transforma suas usinas de gás e carvão, marginalizadas pela concorrência das renováveis, em fontes de prejuízo.
"Muitas de nossas usinas operam no prejuízo", afirmou recentemente o diretor financeiro da RWE, Bernhard Günther.
Como consequência, a RWE pretende fechar várias usinas na Alemanha e na Holanda, que representam uma capacidade acumulada de 4.300 Megawatts (Mw). E outras podem seguir o mesmo caminho, acrescentou Günther.
A Agência de Redes, que deve avaliar estes fechamentos, recebeu desde o fim de 2012 quinze pedidos de fechamento, segundo um porta-voz. A norueguesa Statkraft, entre outras, anunciou que fechará duas instalações na Alemanha.
O apoio às renováveis se traduz, sobretudo, na prioridade dada à própria energia que alimenta a rede. Tudo o que as eólicas e os painéis solares produzem deve passar, enquanto a produção de carbono e gás só serve para tapar buraco.
Em função do boom da energia solar nos últimos anos, devido a um regime generoso de subvenções, a capacidade instalada das renováveis atualmente é tal que, se o vento soprar ou o sol brilhar, inclusive ao mesmo tempo, a Alemanha pode em algumas oportunidades se abster de usar suas usinas convencionais.
Entre abril e maio, algumas usinas da RWE funcionaram a menos de 10% de sua capacidade, explicou Günther. Como o preço do atacado da eletricidade é o mais baixo da Europa, isto se traduz em perdas substanciais.
Recentemente, o problema dizia respeito às usinas a gás, mas segundo ele a partir de agora até mesmo o carvão não é mais forçosamente rentável.
A EON brigou durante meses com as autoridades regionais sobre o destino de sua usina a gás de Irshing, na Bavária. Inaugurada em 2010, a central funciona precariamente. O grupo concordou em mantê-la em serviço, como desejavam reguladores e poder público em uma solicitação de garantia de abastecimento, mediante o pagamento de uma compensação.
A Agência de Redes advertiu que não aprovará mais fechamentos de usinas no sul do país, onde a demanda é maior. A geração a partir de fontes renováveis é inteiramente dependente do clima e as fontes convencionais precisam garantir o abastecimento quando estas falham. Quando isto ocorre, os operadores pedem compensação.
Atualmente, as usinas do grupo EON "trabalham por nada", lamentou recentemente o diretor Johannes Teyssen, que estuda outros cenários de fechamento e - por que não? - transferir a empresa para a Turquia, onde o grupo está solidamente implantado.
"Eu acredito que é sempre uma ameaça, será muito, muito complicado, e me espantaria que pensassem nisso seriamente", comentou uma fonte do setor em declarações à AFP.
Neste período pré-eleitoral, as ameaças fazem parte do jogo. Todo o setor espera do futuro governo una revisão profunda das modalidades da transição energética.
"Todos os problemas são conhecidos e identificáveis, não haverá descanso para o futuro governo", advertiu Hildegard Müller, presidente da federação do setor, BDEW.