The Economist destaca lei da Ficha Limpa no Brasil
Segundo a publicação britânica, "figuras notórias podem ser expulsas do processo eleitoral, como o ex-prefeito de São Paulo Paulo Maluf e o ex-senador Joaquim Roriz"
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h36.
São Paulo - A nova edição da revista The Economist, que chega às bancas nesta quinta-feira (8), traz uma reportagem sobre a lei da Ficha Limpa, que impede a candidatura de políticos condenados por um colegiado de juízes. O texto diz que o crime organizado atua de diversas formas no Brasil, inclusive na política - "um comércio lucrativo".
A publicação britânica lembra que os políticos têm foro privilegiado no Supremo Tribunal Federal e muitos casos prescrevem antes do julgamento. "Embora a lei tenha sido alterada para limitar a imunidade parlamentar em relação à corrupção, a justiça brasileira ainda está passiva."
A reportagem cita a estratégia de parlamentares que renunciam para não sofrerem a cassação do mandato e, consequentemente, estarem aptos a disputar a eleição seguinte. "Mas a nova lei, aprovada no mês passado, prevê punição de até oito anos inclusive aos que renunciarem para fugir do julgamento."
O texto afirma que a lei da Ficha Limpa, formulada por iniciativa popular, deixa brechas e já permitiu que dois políticos conseguissem liminares para disputar a eleição. "Mesmo assim, algumas figuras notórias podem ser impedidas de participar do processo eleitoral, como o ex-prefeito de São Paulo Paulo Maluf e o ex-senador Joaquim Roriz, que renunciou ao cargo, em 2007, para escapar da cassação."
Citando o cientista político da Universidade de Brasília David Fleischer, a reportagem informa que, dos 69 deputados envolvidos na máfia das ambulâncias, em 2006, apenas cinco foram reeleitos. "Desta vez, com a nova lei, alguns podem nem entrar nas urnas", conclui o texto.