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Taiwan surpreende e proíbe o consumo de carnes de cães e gatos

Apesar de não registrar um consumo significativo desse tipo de carne, Taiwan se converteu no primeiro país asiático a proibi-lo

Cachorro: esse tipo de carne era muito comum até a década de 80 (Sonia Su/Wikimedia Commons)

Cachorro: esse tipo de carne era muito comum até a década de 80 (Sonia Su/Wikimedia Commons)

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EFE

Publicado em 17 de abril de 2017 às 11h59.

Última atualização em 17 de abril de 2017 às 15h33.

Taipé - O Parlamento de Taiwan proibiu nesta semana a comercialização de carne de gato e cachorro em toda o território, uma medida surpreendente já que esse consumo é pequeno e o mais habitual é que as famílias gastem dinheiro e tempo no cuidado de seus animais de estimação.

Os menus com carne destes animais são praticamente inexistentes localmente, enquanto há milhares de lojas para mascotes que vendem comidas e vestimentas para eles.

"Nunca pensei que houvesse gente disposta a comer nossos animais domésticos", comentou à Agência Efe Bai Rui-shi, estudante universitário de Nova Taipé que não pode viver sem seu gato.

Nas ruas de Taipé, um bom número de pessoas afirmou que em Taiwan não há restaurante algum que sirva carne de cachorro e, embora reconheçam que em tempos passados eles eram presentes, jamais ouviram falar de comer gatos na ilha.

"Meu avô caçava cachorro e gostava de comer essa carne, mas de gatos nunca ouvi, e me parece que o costume de comer cão é mais do sul", disse Noa Liu, uma estilista de Taipé.

Estrangeiros que vivem há muito tempo em Taiwan lembram que a carne de cachorro, que em mandarim é chamada de "xiangrou", era muito comum até a década de 80, sobretudo no inverno, porque segundo a tradição médica chinesa esquentava o corpo.

"Talvez em Taipé esses locais não sejam tão evidentes, mas em povoados e cidades menores é muito possível que ainda existam, pelo menos nos becos, porque tem uma base popular", disse à Efe um empresário espanhol que vive na ilha há 50 anos.

Seja como for, Taiwan se converteu no primeiro país asiático a proibir comer carne de gato e cachorro, e não somente a venda ou sacrifício desses animais, graças a uma emenda legal recentemente aprovada pelo Legislativo local.

A emenda proíbe a venda e o consumo de carne destes animais, bem como qualquer tipo de produto que as contenha, e sua violação é punida com multas de entre 50 mil e 250 mil dólares taiuaneses (US$ 1,6 e 8,2 mil) bem como a publicação da foto do infrator.

Organismos internacionais como a Humane Society International (HSI) aplaudiram a medida como "um passo monumental para pôr fim ao comércio de carne de cachorro em Taiwan" e como uma mensagem a outros lugares da região onde ainda a carne é consumida, como China, Coreias, Índia e Indonésia.

Na Coreia do Sul, segundo a HSI, são consumidos cerca de 2,5 milhões de cachorros por ano e em toda Ásia o número chega a 30 milhões.

No território, muita gente na rua considera "abominável" o abuso dos animais e o consumo de carne de mascotes, e se assombram muito de que em países ocidentais seja comum o consumo de coelho, que em Taiwan é também considerado unicamente um animal de estimação.

"Para mim é horrível que comam coelhos, para mim é algo impensável", disse Elaine Tsai, enquanto leva seu cão a uma clínica veterinária em Taipé.

Políticos locais apontam que vários casos recentes de abusos de animais denunciados nas redes sociais foram fundamentais para impulsionar esta lei.

Entre esses casos destacam-se recentes imagens de maus-tratos a cães por parte de militares da ilha, e a denúncia de um restaurante na cidade de Kaohsiung (sul) que servia carne de cão, embora a ofertasse como cordeiro.

"O caso de Kaohsiung mostra com clareza que esta emenda de lei é necessária", disse o vice-ministro de Agricultura, Huang Jin-cheng, após sua aprovação parlamentar.

Nem todos, no entanto, estão tão contentes com a proibição, entre eles alguns imigrantes do sudeste asiático ou gente mais velha que opina que é uma loucura proibir a carne de cão, uma comida tradicional, e não a de porco ou bezerro.

"Este tipo de medida não funciona porque não é realista", disse à Efe um idoso de sobrenome Liao, que confessou comer carne de cachorro.

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