Sudão faz plebiscito sobre a separação da parte rica em petróleo
Governo garantiu que vai respeitar resultado da eleição
Da Redação
Publicado em 9 de março de 2011 às 16h19.
Maputo, Moçambique – As eleições no Sudão e o plebiscito sobre a separação da parte sul, rica em petróleo, do restante do país, que ocorrerão em 45 dias, ainda não dão sinais de terem tomado as ruas da capital, Cartum.
“Nas ruas, não há grandes manifestações, mas existem cartazes com indicações para quem quer se recensear para votação”, diz o senador Eduardo Suplicy (PT/SP), que esteve no Sudão para fazer palestras em defesa da renda básica de cidadania.
No entanto, a consulta popular está marcada para 9 de janeiro do ano que vem, para definir se o Sudão, país com maior território da África, será ou não dividido em dois. O referendo é uma exigência da região sul do país que quer a independência. Faz parte do acordo de paz de 2005, que pôs fim a uma guerra civil de 23 anos, que matou mais de 1,5 milhão de sudaneses.
“Fui recebido no palácio do governo por assessores próximos do presidente (Omar Al) Bashir, que disse que o governo vai respeitar o resultado do referendo, que é considerado normal e democrático, porque faz parte do acordo de paz”, afirmou o senador que disse que os sudaneses estão empenhados em demonstrar que a unidade do país.
Ontem (23), o presidente Omar Al Bashir e o líder sulista do Movimento de Libertação do Povo do Sudão (SPLM), Salva Kiir, reafirmaram o compromisso de respeitar o resultado da consulta.
Os dois estiveram em Adis Abeba, na Etiópia, para um encontro do Inter Government Agency for Development (IGAD), mediado pelo primeiro ministro anfitrião, Meles Zenawi. O IGAD parabenizou os dois lados por buscar o consenso. Ao mesmo tempo, convocou as lideranças a chegarem à próxima rodada de negociação com o “espírito de compromisso” para garantir os direitos dos cidadãos.
O encontrou terminou sem novos acordos sobre definição de fronteiras ou do destino de Abyei, região produtora de petróleo que fica na divisa norte-sul. Porém, ambos concordaram em continuar as discussões.
De acordo com a agência estatal de notícias do Sudão, o presidente Bashir afirmou que “não se voltará à guerra” e que o governo trabalhará para fortalecer as relações com o sul mesmo que a decisão seja pela separação.
No final de semana passado, integrantes do partido do governo voltaram a dizer que poderiam não reconhecer o resultado da votação de janeiro. O Partido do Congresso Nacional (NCP), do presidente Bashir, acusou o SPLM de pressionar os sulistas que moram na capital, Cartum, a não se registrar para votar.
Uma reclamação formal foi feita à Comissão Eleitoral, que também lista outras “irregularidades”, como atrasos deliberados no registro e fechamento de locais antes da hora prevista.
Já a SPLM acusou o NCP de fazer pressão em favor da unidade, coletando telefones e dados pessoais dos eleitores. O partido alega que muitos sulistas preferiram viajar para a região de origem para evitar o que chama de “intimidação”.
O registro dos eleitores começou em 15 de novembro e vai até o dia 31. Na capital, os centros têm pouca procura, segundo a imprensa local. No sul, a procura é maior.