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Silvio Berlusconi, "o ressuscitado" da política italiana

Apesar da idade e dos problemas de saúde após operação no coração, Berlusconi quer ser o pai fundador de uma federação de centro direita

Berlusconi: "Tem mais vidas do que um gato", reconheceu Matteo Renzi, líder do Partido Democrático (Remo Casilli/Reuters)
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AFP

Publicado em 1 de março de 2018 às 21h06.

Uma das figuras mais polêmicas e - ao mesmo tempo - mais populares da Itália , protagonista de inúmeros escândalos sexuais, judiciários e políticos, Silvio Berlusconi retorna ao centro da política, aos 81 anos, como o grande "ressuscitado", para dar "nova" vida à direita italiana.

"Tem mais vidas do que um gato", reconheceu Matteo Renzi, líder do Partido Democrático e principal rival nessa campanha política.

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O magnata, um "self-made man" que chegou a ser uma das maiores da Europa, ressurgiu com o cabelo tingido e o rosto repaginado, após várias cirurgias plásticas, liftings e retoques.

"É um combatente excepcional. Sobreviveu a tudo, tanto pessoal quanto politicamente", comentou o cientista político Giovanni Orsini.

O antigo Cavaliere, cuja morte política foi várias vezes decretada, deixou para trás os escândalos sexuais e na Justiça protagonizados desde que foi primeiro-ministro em 1994 e, agora, apresenta-se como o salvador da pátria, bom e sábio, o homem da estabilidade, um árbitro com experiência para guiar o país "da sombra".

Da sombra porque foi inabilitado pela Corte de Justiça Europeia para exercer cargos políticos, e o Senado italiano o expulsou em 2013, depois de a Justiça tê-lo condenado em definitivo por fraude fiscal em um de seus muitos processos.

A ressurreição

Com sua ressurreição, Berlusconi aspira a manobrar tanto a economia quanto a política, salvar seu império financeiro em crise e impedir a vitória da sigla antissistema Movimento Cinco Estrelas - "uma seita", como ele chamou - entre os grandes favoritos, explicou à imprensa o também cientista político Massimo Cacciari.

Apesar da idade e dos problemas de saúde após uma delicada operação no coração, Berlusconi quer ser o pai fundador de uma federação de centro direita, que una desde os defensores dos animais até seus aliados da Liga Norte, a legenda mais xenófoba da Itália e os Irmãos da Itália, neofascista.

O líder conservador, que esteve no poder de 2001 a 2011, com uma interrupção de dois anos entre 2006 e 2008, sabe chegar à alma do italiano médio, ao qual prometeu um salário de 1.000 euros por mês e a expulsão de 600 mil imigrantes em situação ilegal.

Com um estilo caracterizado por ataques a seus inimigos e um ardoroso anticomunismo, Berlusconi se viu obrigado a renunciar ao cargo de premiê em novembro de 2011, desacreditado por uma crise econômica que colocou a Itália à beira de um resgate internacional.

Simpatia e cara de pau

Sua arma secreta? Simpatia e cara de pau. Um dia pode dizer exatamente o contrário do que disse na véspera e sabe mentir, apesar de saber que todos sabem que ele mente.

Nascido em 29 de setembro de 1936 em uma abastada família de Milão (norte), Berlusconi mostrou sua vocação para os negócios desde a adolescência, quando estudava no Colégio dos Salesianos.

Animador de estabelecimentos noturnos no balneário de Rimini durante a juventude, capaz de fascinar turistas durante os cruzeiros com baladas românticas, Berlusconi sempre contou com a lealdade de um grupo de amigos íntimos - os quais lhe devem suas fortunas atuais.

Vendedor de aspirador no final dos anos 1950, Berlusconi se formou em Direito em 1961 e se dedicou ao setor da construção, começando, assim, uma carreira sem obstáculos que levantou uma série de questões. Nunca respondidas, aliás.

Títulos e traições

Condecorado como "Cavaliere del Lavoro" (Cavaleiro do Trabalho) aos 41 anos, perdeu o título após a condenação, em 2013, a quatro anos de prisão por fraude fiscal no caso Mediaset.

Apesar das críticas e das controvérsias, Berlusconi foi durante quase duas décadas o "líder máximo" da direita italiana.

Seu último mandato, de 2008 a 2011, esteve marcado pelos excessos e pelos abusos do magnata no exercício do poder, que suscitaram protestos da imprensa, da indústria e até da Igreja católica italiana.

Sempre impecável em sua apresentação, teve uma vida amorosa tumultuada, com dois casamentos e cinco filhos, além de várias "amigas", companheiras e amantes, algumas menores de idade. Entre elas, está a marroquina Ruby, uma jovem prostituta que costumava participar das célebres noitadas ao ritmo de "bunga bunga" em sua mansão em Milão.

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