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Serviço secreto paquistanês fica sob suspeita

Descoberta de que Bin Laden vivia próximo a uma escola militar criou dúvidas sobre a competência do serviço secreto do país

Há dúvidas se o serviço secreto paquistanês não sabia onde estava Bin Laden (Aamir Qureshi/AFP)
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Da Redação

Publicado em 3 de maio de 2011 às 14h15.

Islamabad - A eliminação de Osama Bin Laden por um comando americano no Paquistão, perto de uma prestigiada escola militar, foi um balde de água fria nos poderosos serviços de inteligência paquistaneses, colocando em evidência sua incompetência e acendendo suspeitas de cumplicidade.

Apesar destas suspeitas, que claramente aparecem nas declarações de membros do governo americano, ninguém do comando do poderoso exército paquistanês ou de seus serviços secretos se manifestou publicamente.

As autoridades civis afirmam, por sua vez, que não sabiam onde Bin Laden se escondia, deixando que as críticas recaiam sobre o temido Inter-Services Intelligence (ISI), que depende dos militares.

"Vamos investigar as causas do que aconteceu, mas é importante não cair em alegações de cumplicidade", declarou o embaixador paquistanês em Washington, Hussein Haqqani.

Criados em 1948, depois da independência, os serviços de inteligência desempenharam um papel importante em um país dirigido diretamente pelo exército durante mais da metade de sua existência.

O ISI também foi utilizado pela CIA para alimentar com armas pagas pelos Estados Unidos os combatentes muçulmanos afegãos que lutavam contra a União Soviética nos anos 80, os "mujahedines" que, segundo especialistas, deram origem posteriormente ao movimento talibã.

Embora Islamabad tenha se posicionado formalmente ao lado dos Estados Unidos na luta contra Bin Laden, os países ocidentais e a Índia, seu arqui-rival, alimentam suspeitas de vínculos entre os serviços secretos paquistaneses e os talibãs afegãos.

Dez dias antes da operação americana contra Bin Laden, o oficial americano no topo da cadeia de comando, general Michael Mullen, acusou o ISI de manter relações com os insurgentes da rede afegã Haqqani, aliada à Al-Qaeda.

"Isso não quer dizer que sejam todos no ISI, mas é um fato", declarou.

Para alguns analistas, existem tensões no seio do ISI, já que alguns de seus líderes consideram que os combatentes islamitas representam uma crescente ameaça interna. Os atentados dos talibãs paquistaneses aliados à Al-Qaeda provocaram mais de 4.200 mortes em quatro anos no Paquistão.

E a operação contra Bin Laden, além disso, aconteceu em um momento no qual as relações entre o ISI e a CIA encontravam-se particularmente tensas.

Durante alguns meses, Islamabad e Washington viveram momentos de animosidade devido a um agente da CIA, preso no Paquistão pelo assassinato de dois jovens paquistaneses.

O agente foi libertado em março, após o pagamento de dois milhões de dólares às famílias das vítimas a título de indenização. Mas Islamabad pediu aos Estados Unidos que reduzissem drasticamente o número de agentes da CIA e de suas forças especiais no Paquistão.

Os EUA não informaram o Paquistão sobre a operação contra Bin Laden, o que é interpretado como um sinal de desconfiança - e de que Washington desejava manter segredo absoluto a respeito.

Para Imtiaz Gul, analista paquistanês especialista em segurança, os Estados Unidos dificilmente conseguirão acreditar que ninguém no ISI sabia onde Bin Laden estava.

"Algumas pessoas, pelo menos no coração do aparato de segurança, provavelmente sabiam" onde ele estaca escondido, estima.

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Islamabad - A eliminação de Osama Bin Laden por um comando americano no Paquistão, perto de uma prestigiada escola militar, foi um balde de água fria nos poderosos serviços de inteligência paquistaneses, colocando em evidência sua incompetência e acendendo suspeitas de cumplicidade.

Apesar destas suspeitas, que claramente aparecem nas declarações de membros do governo americano, ninguém do comando do poderoso exército paquistanês ou de seus serviços secretos se manifestou publicamente.

As autoridades civis afirmam, por sua vez, que não sabiam onde Bin Laden se escondia, deixando que as críticas recaiam sobre o temido Inter-Services Intelligence (ISI), que depende dos militares.

"Vamos investigar as causas do que aconteceu, mas é importante não cair em alegações de cumplicidade", declarou o embaixador paquistanês em Washington, Hussein Haqqani.

Criados em 1948, depois da independência, os serviços de inteligência desempenharam um papel importante em um país dirigido diretamente pelo exército durante mais da metade de sua existência.

O ISI também foi utilizado pela CIA para alimentar com armas pagas pelos Estados Unidos os combatentes muçulmanos afegãos que lutavam contra a União Soviética nos anos 80, os "mujahedines" que, segundo especialistas, deram origem posteriormente ao movimento talibã.

Embora Islamabad tenha se posicionado formalmente ao lado dos Estados Unidos na luta contra Bin Laden, os países ocidentais e a Índia, seu arqui-rival, alimentam suspeitas de vínculos entre os serviços secretos paquistaneses e os talibãs afegãos.

Dez dias antes da operação americana contra Bin Laden, o oficial americano no topo da cadeia de comando, general Michael Mullen, acusou o ISI de manter relações com os insurgentes da rede afegã Haqqani, aliada à Al-Qaeda.

"Isso não quer dizer que sejam todos no ISI, mas é um fato", declarou.

Para alguns analistas, existem tensões no seio do ISI, já que alguns de seus líderes consideram que os combatentes islamitas representam uma crescente ameaça interna. Os atentados dos talibãs paquistaneses aliados à Al-Qaeda provocaram mais de 4.200 mortes em quatro anos no Paquistão.

E a operação contra Bin Laden, além disso, aconteceu em um momento no qual as relações entre o ISI e a CIA encontravam-se particularmente tensas.

Durante alguns meses, Islamabad e Washington viveram momentos de animosidade devido a um agente da CIA, preso no Paquistão pelo assassinato de dois jovens paquistaneses.

O agente foi libertado em março, após o pagamento de dois milhões de dólares às famílias das vítimas a título de indenização. Mas Islamabad pediu aos Estados Unidos que reduzissem drasticamente o número de agentes da CIA e de suas forças especiais no Paquistão.

Os EUA não informaram o Paquistão sobre a operação contra Bin Laden, o que é interpretado como um sinal de desconfiança - e de que Washington desejava manter segredo absoluto a respeito.

Para Imtiaz Gul, analista paquistanês especialista em segurança, os Estados Unidos dificilmente conseguirão acreditar que ninguém no ISI sabia onde Bin Laden estava.

"Algumas pessoas, pelo menos no coração do aparato de segurança, provavelmente sabiam" onde ele estaca escondido, estima.

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