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Começam últimos trâmites para Scholz ser nomeado chanceler na Alemanha

Partidos da coalizão entre esquerda e liberais começam nesta quinta-feira, 25, a buscar a aprovação interna de seus membros. O plano é nomear Scholz como chanceler em 8 de dezembro

Annalena Baerbock (líder dos Verdes), Olaf Scholz (SPD) e Christian Lindner (do FDP): a expectativa é que o novo governo seja oficializado em 8 de dezembro (Kay Nietfeld/picture alliance/Getty Images)

Annalena Baerbock (líder dos Verdes), Olaf Scholz (SPD) e Christian Lindner (do FDP): a expectativa é que o novo governo seja oficializado em 8 de dezembro (Kay Nietfeld/picture alliance/Getty Images)

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Carolina Riveira

Publicado em 25 de novembro de 2021 às 06h00.

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Anunciado o aguardado acordo para o próximo governo da Alemanha, os próximos dez dias serão de trabalho e negociações finais para oficializar o social-democrata Olaf Scholz como próximo chanceler do país. O governo formado substituirá o da conservadora Angela Merkel, no cargo há 16 anos e que não concorreu à reeleição.

Após o anúncio feito ontem de que social-democratas do SPD, liberais do FDP e Verdes conseguiram formar uma coalizão com maioria no Parlamento, as legendas começam nesta quinta-feira, 25, a buscar a aprovação interna de seus membros para confirmar de vez a aliança.

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Se o acordo for aprovado internamente, será levado ao Parlamento, o Bundestag, o que se espera que aconteça em 8 de dezembro. A votação no Parlamento, no entanto, é quase simbólica, uma vez que os três partidos da coalizão governista, por definição, já precisam ter a maioria das cadeiras.

Assim, a chancela dos membros é um último passo formal para a coalizão, batizada de "Semáforo" pelas cores dos três partidos.

Os afiliados analisarão algumas das propostas que, segundo o acordo anunciado ontem, serão defendidas pelo eventual governo, muitas delas sendo projetos de consenso obtidos nas negociações entre a esquerda e liberais. Os líderes partidários vinham negociando desde as eleições nacionais, que ocorreram no fim de setembro.

Na frente econômica, por exemplo, a coalizão concordou com um aumento do salário mínimo, pauta dos social-democratas, mas também prometeu não defender aumento de impostos (com exceção de carbono).

Foi estabelecida também a meta de encerrar a dependência de carvão na matriz energética até 2030 e ampliar o investimento em energias renováveis, sobretudo eólica, uma das demandas dos Verdes. Estão ainda na lista temas como a construção de moradias e freios no aumento de alugueis, pauta cara à esquerda, além de defesa da legalização da maconha e apoio à regularização de imigrantes que já moram e trabalham no país.

A coalizão que tenta oficializar um governo na Alemanha é majoritariamente à esquerda, sendo formada pelos seguintes partidos:

  • Partido Social Democrata (SPD), de centro-esquerda e o mais votado na eleição de setembro;
  • Verdes, ambientalistas e à esquerda, com apoio sobretudo do eleitorado mais jovem e que cresceu nos últimos anos;
  • Partido Democrático Liberal (FDP), liberais econômicos e politicamente mais à direita, sendo o que mais destoa dos dois primeiros na coalizão.

Os Verdes, segundo maior membro da coalizão, colocarão o acordo para votação dos membros do partido durante os próximos dez dias, tanto online quanto em votação pelo correio.

Já os filiados de FDP e SPD chancelarão o tema em votação nas assembleias dos respectivos partidos, em 4 e 5 de dezembro.

Se a aprovação correr como o esperado, Olaf Scholz se tornará o novo chanceler alemão na data prevista de 8 de dezembro. Visto como moderado, Scholz é o atual ministro das Finanças (graças a uma coalizão que Merkel teve de fazer com o partido rival em três de seus quatro mandatos).

Se oficializado chanceler, Scholz se tornaria o primeiro mandatário de esquerda a chegar ao poder na Alemanha desde que Merkel foi eleita inicialmente, em 2005.

A data de 8 de dezembro acontece ainda uma semana antes do prazo para que Merkel se torne a chanceler por mais tempo no poder na Alemanha.

Quem é quem no novo governo

Havia uma incógnita sobre quanto tempo levariam as negociações para a coalizão (no limite, elas podem durar meses). Mas as conversas foram vistas por analistas na Alemanha como pacíficas e com poucos vazamentos - um sinal de que as partes, embora opostas em vários temas, parecem ter conseguido chegar a consensos.

O SPD de Scholz foi o mais votado na eleição alemã, e por isso a natural nomeação de seu nome como chanceler na coalizão. No entanto, os outros dois partidos ficarão com cargos importantes no futuro governo.

Um dos principais destaques é que o decisivo Ministério das Finanças deve ficar com os liberais do FDP. O ministro tende a ser o líder do partido, Christian Lindner - o que pode gerar embates orçamentários no futuro, com o FDP tendo histórico de maior rigidez nos gastos sociais.

Já os Verdes ficarão com um novo "super ministério", de Economia e Clima (embora com menos poder econômico que o Ministério das Finanças), que provavelmente ficará com o co-líder do partido, Robert Habeck.

Os Verdes também terão o Ministério das Relações Exteriores, sob provável comando de Annelena Baerbock, também líder do partido e que tentou a candidatura a chanceler nas eleições.

Além da chancelaria, os social-democratas do SPD terão áreas como planejamento (também importante na frente econômica), trabalho, saúde e defesa. 

Apesar de mudanças mais estruturais esperadas em temas como digitalização e transição energética - que analistas e a oposição apontam ter sido um ponto fraco nos governos Merkel - a tendência é que Scholz como chanceler não represente uma completa mudança de rumos ampla na política alemã.

“Novos rostos não precisam significar uma grande mudança nas políticas", disse o economista chefe do banco de investimento alemão Berenberg Bank, Holger Schmieding, em nota na quarta-feira. "A expectativa é que o novo governo continue a inclinação gradual em direção a mais gastos governamentais com aposentadorias e investimentos, assim como uma transformação verde que tem sido a marca registrada dos últimos oito anos [de Merkel]”.

Além das discussões de plano de governo, entre os desafios mais urgentes dos novos mandatários alemães estará a contenção da nova onda de covid-19 que assola a Alemanha e outros países da Europa Central, tendo feito governos em todo o continente voltarem a estabelecer restrições, sobretudo para os não-vacinados.

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