O presidente francês candidato à reeleição pelo partido União por um Movimento Popular (UMP) discursa em evento de campanha, em Saint-Just-Saint-Rambert, sudeste da França (©AFP / Philippe Desmazes)
Da Redação
Publicado em 13 de março de 2012 às 22h02.
Paris - Após uma semana de intensa campanha, o presidente Nicolas Sarkozy liderava pela primeira vez as pesquisas para a eleição presidencial francesa, na qual a candidata de extrema-direita Marine Le Pen entra oficialmente na disputa.
Restando 40 dias para a eleição, uma pesquisa do instituto Ifop Fiducial dá a Sarkozy 28,5% das intenções de voto no primeiro turno e 27% ao candidato socialista François Hollande, que até agora liderava todas as pesquisas.
No entanto, essa pesquisa segue indicando Hollande como vencedor no segundo turno, com 54,5%, contra 45,5% do atual presidente.
A líder da ultradireitista Frente Nacional, Marine Le Pen, continua na terceira posição, com 16% das intenções de voto, seguida do centrista François Bayrou (13%) e da Frente de Esquerda de Jean-Luc Mélenchon (10%).
Uma nova pesquisa, desta vez do instituto TNS Sofres-Sopra Group, publicada poucas horas depois da primeira, volta a situar Hollande na frente no primeiro turno, com 30% das intenções de voto, seguido de Sarkozy, com 26%. O candidato socialista venceria no segundo turno com 58%.
As duas pesquisas foram realizadas depois do grande comício organizado no domingo na periferia de Paris pelo presidente-candidato.
Marine Le Pen anunciou nesta terça ter obtido as 500 assinaturas de representantes políticos eleitos necessárias na França para apresentar uma candidatura à eleição presidencial e, com isso, ela entra oficialmente na disputa, depois de ter declarado durante semanas que tinha problemas para reunir as firmas devido, segundo ela, a um sistema antidemocrático.
A direita e a extrema direita afirmam que suas respectivas campanhas adquirem agora um novo impulso.
O campo do atual presidente ganhou um ânimo extra após a primeira sondagem.
O presidente anunciou ao longo de sua campanha todo tipo de propostas, algumas delas de cunho esquerdista (impostos às grandes empresas e àqueles que fixam sua residência no exterior para escapar do fisco) e outras de extrema direita (imigração).
Mas ele surpreendeu por seus planos para a relação de seu país com o restante do continente. Sarkozy ameaçou retirar a França do espaço Schengen, caso os acordos de livre circulação não sejam revisados para lutar de forma mais eficaz contra a imigração ilegal. Ainda sobre a Europa, o presidente defendeu um protecionismo que favoreça as empresas que produzem no continente.
"Há uma dinâmica", comemorou a ministra do Aprendizado, Nadine Morano. "Espero que a andorinha desta manhã faça verão", declarou Alain Minc, conselheiro de Sarkozy.
"Este é um ponto de virada (...), mas um ponto de virada cheio de nuances, pois marca o fim do que era uma exceção na V República, ou seja, um ex-presidente à frente no primeiro turno", disse à AFP Frederic Dhabi (Ifop).
Trata-se de um "êxito, no momento, da estratégia de direitização adotada por Sarkozy", acrescentou.
Se Sarkozy vencer o primeiro turno, será, no entanto, ainda amplamente derrotado por François Hollande (54,5% contra 45,5%) no segundo turno, no dia 6 de maio, de acordo com a pesquisa Ifop.
Por sua vez, Manuel Valls, porta-voz de François Hollande, considerou que "nada está seguro frente a um Nicolas Sarkozy disposto a tudo para escamotear sua posição, transformar algumas categorias de franceses em bodes expiatórios e fugir de suas responsabilidades". "O único que pode vencer Nicolas Sarkozy é François Hollande", acrescentou.
No campo da extrema direita, os partidários de Marine Le Pen consideram que, com a obtenção das 500 assinaturas, a candidata inicia uma "nova campanha".
"Estamos por fim oficialmente na disputa e poderemos finalmente explicar aos franceses o nosso projeto", declarou um de seus diretores de campanha, Florian Philippot.
"Agora ela sobe no ringue eleitoral", disse Gilbert Collard, outro de seus assessores.
De fato, Marine Le Pen nunca deixou de realizar uma intensa campanha nos últimos meses e conseguiu inclusive impor no debate político alguns de seus temas prediletos, em particular a imigração e o Islã.
Foi ela que lançou a polêmica sobre a carne halal (de animais mortos segundo as regras muçulmanas) que envenenou a campanha nas últimas semanas e provocou a indignação das instâncias representativas dos muçulmanos e dos judeus da França.