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Rússia liberta grupo Pussy Riot após anistia do Kremlin

Últimas integrantes detidas do grupo russo Pussy Riot foram libertadas depois de se beneficiarem de uma anistia

Maria Alyokhina após sua libertação: "o mais difícil na prisão é ver como destroem a gente", comentou (AFP)

Maria Alyokhina após sua libertação: "o mais difícil na prisão é ver como destroem a gente", comentou (AFP)

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Da Redação

Publicado em 23 de dezembro de 2013 às 10h20.

Moscou - As duas últimas integrantes detidas do grupo russo Pussy Riot, Maria Alyokhina e Nadezhda Tolokonnikova, foram libertadas nesta segunda-feira depois de se beneficiarem de uma anistia, mostrando-se combativas e críticas em relação ao governo do presidente Vladimir Putin.

As duas jovens, detidas em março de 2012 por vandalismo e incitação ao ódio religioso, cumpriam uma pena de dois anos de detenção depois de cantarem uma oração punk contra Putin. Sua condenação de dois anos seria completada em março de 2014.

Esta libertação ocorre três dias após a do ex-magnata do petróleo e opositor ao Kremlin Mikhail Khodorkovsky, indultado de forma inesperada pelo presidente russo.

Alguns interpretam este gesto como uma tentativa de melhorar a imagem da Rússia com a aproximação dos Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi, em fevereiro.

Alyokhina, de 25 anos, "foi libertada hoje (segunda-feira) por volta das 09h00 da manhã", indicou à AFP Elena Nikoshova, porta-voz do serviço de aplicação de pena (FSIN) da região de Nizhni Nóvgorod.

Depois de ser transferida à estação de trens da capital da região, a jovem libertada se dirigiu à Comissão contra a Tortura da cidade para explicar o destino de suas companheiras de detenção.

"O mais difícil na prisão é ver como destroem a gente", comentou Alyokhina à rede de televisão Dojd.

A cantora criticou a lei de anistia que permitiu sua libertação, aprovada na quarta-feira pelo Parlamento russo e que prevê anistiar, entre outras, as pessoas condenadas por vandalismo e as mães de menores.


"Não creio que esta anistia seja um gesto de humanismo, mas uma operação de relações públicas", declarou a jovem, mãe de um menino.

"Se tivesse tido a possibilidade, eu a teria rejeitado", acrescentou, denunciando uma lei que permite a libertação de muito poucos presos, nem mesmo 10% do número total.

Alyokhina, que indicou não ter mudado de opinião sobre Putin, foi condenada a dois anos de prisão em 2012 por vandalismo e incitação ao ódio religioso, junto a Nadezhda Tolokonnikova e Yekaterina Samutsevich.

A última integrante libertada do grupo Pussy Riot, Nadezhda Tolokonnikova, criticou, também nesta segunda-feira após sua libertação, o sistema carcerário russo.

"A Rússia está construída com base no modelo de uma colônia penitenciária, por isso hoje é tão importante mudar as colônias penitenciárias para mudar a Rússia", declarou, anunciando que se dedicará a defender os direitos dos preços.

As três Pussy Riot cantaram uma oração punk contra Putin na catedral Cristo Salvador de Moscou em fevereiro de 2012.

Alyokhina e Tolokonnikova foram anistiadas na semana passada por uma lei votada pela Duma, câmara baixa do Parlamento russo.

Samutsevich, por sua vez, havia sido colocada em liberdade condicional em 2012, poucos meses depois de ser condenada.

A justiça considerou que ela havia sido interceptada pelos guardas da catedral e, por isso, não participou da ação.

Em uma entrevista à rede de televisão Dojd, esta terceira componente do grupo disse estar muito feliz com a libertação de Alyokhina.

A condenação das jovens provocou grande comoção internacional e mobilizou muitos apoios, entre eles os dos cantores Madonna e Paul McCartney, que pediram sua libertação.

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