Rússia entra em base que abriga militares dos EUA no Níger
Forças de países ocidentais estão deixando a África após aumento da influência de Moscou
Repórter colaborador
Publicado em 3 de maio de 2024 às 08h23.
O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, confirmou que militares russos entraram numa base aérea no Níger que acolhe forças dos EUA, na sequência de uma decisão recente do governo militar do Níger de expulsar as tropas dos EUA do país. As informações são da Al Jazeera.
A notícia do envio russo para a base aérea surge depois do país africano ter dito a Washington, em março, para retirar os quase 1.000 militares que mantém no país.
Segundo a Reuters, um alto funcionário da defesa dos EUA disse na quinta-feira que tropas russas estavam presentes, mas não se misturavam com as forças dos EUA, na Base Aérea 101, localizada próximo ao Aeroporto Internacional Diori Hamani, na capital do Níger, Niamey.
A situação coloca militares de EUA e Rússia lado a lado, num momento de tensão entre os países, principalmente por causa do apoio de Washington à Ucrânia.
“[A situação] não é ótima, mas, no curto prazo, é administrável”, disse o funcionário dos EUA.
Questionado por um jornalista sobre o relatório da base aérea, o secretário de Defesa dos EUA disse na sexta-feira que não via nenhum problema significativo, já que as tropas russas não tinham acesso a pessoal ou equipamento dos EUA.
Tropas do Ocidente em apuros na África
Os EUA e os seus aliados foram forçados a retirar tropas de vários países africanos na sequência de golpes de estado que levaram ao poder líderes militares que não mantinham simpatia por governos ocidentais.Além da partida iminente do Níger, as forças dos EUA também deixaram o Chade nos últimos dias, enquanto os militares franceses foram expulsos de Mali e Burkina Faso. Ao mesmo tempo, a Rússia procura reforçar as relações com as nações africanas, se apresentando como um país amigo, sem uma "bagagem colonial" para o continente.
O Mali, por exemplo, tornou-se nos últimos anos um dos aliados africanos mais próximos da Rússia, com a força mercenária do Grupo Wagner deslocando-se para lá para combater grupos rebeldes.