Mundo

Rússia aumenta influência na África com "pacote de sobrevivência" a governos

Grupo pró-Moscou já fez ações no Mali, Níger e República Centro-Africana

Vladimir Putin: presidente russo usa da diplomacia e do apoio militar para aumentar influência na África. (Contributor/Getty Images)

Vladimir Putin: presidente russo usa da diplomacia e do apoio militar para aumentar influência na África. (Contributor/Getty Images)

Publicado em 27 de fevereiro de 2024 às 06h56.

O serviço de inteligência militar da Rússia está oferecendo aos governos africanos um "pacote de sobrevivência" que fornece apoio militar e diplomático em troca de acesso a recursos naturais estrategicamente importantes. As informações são da CNBC.

O Royal United Services Institute (RUSI), o mais antigo think tank de defesa e segurança do mundo, detalhou ao site como o renomeado Wagner Group está trabalhando na África para consolidar e expandir as relações estratégicas de Moscou em todo o continente.

O Wagner tem sido há muitos anos um componente fundamental dos esforços do Kremlin para aumentar sua influência em países politicamente instáveis da África Central e do Sahel, incluindo a República Centro-Africana, Mali, Burkina Faso e Sudão.

No entanto, desde a morte de seu ex-líder Yevgeny Prigozhin, as operações do grupo foram absorvidas pela unidade de inteligência militar no exterior da Rússia, conhecida como GRU.

O relatório da RUSI afirmou que as autoridades russas avaliaram os pontos fortes e fracos da estratégia de Moscou para a África após o desmantelamento da Wagner pelo Ministério da Defesa, ocorrido depois de uma fracassada tentativa de golpe de Estado incentivada por Prigozhin.

"Por exemplo, foi proposto que as relações da Rússia com o Níger poderiam ser usadas para ameaçar o acesso da França ao urânio extraído no país, aumentando ainda mais a dependência do setor energético francês do urânio fornecido pela Rússia", disse o relatório.

"A 'oferta' que o GRU está promovendo agora está sendo descrita internamente como o 'pacote de sobrevivência do regime'.

O relatório publicado pela CNBC detalhou como o grupo alinhado ao Kremlin agora oferece proteção pessoal ao presidente do Mali, garantindo uma proximidade com os membros mais influentes do governo. Isso é muito semelhante à estratégia implementada pelo Wagner na República Centro-Africana. Lá, já existem canais de informação domésticas para disseminar mensagens pró-Moscou.

Bandeiras russas e do presidente Vladimir Putin já podem ser vistas em muitos países do continente, sobretudo em manifestações apoiando a tomada de poder por militares aliados de Moscou.

A RUSI sugere que a Rússia está explorando uma oportunidade de usar a instabilidade persistente na África para empurrar a migração para a Europa e desencadear mais desestabilização política, um longo jogo de guerra não convencional.

Recentemente, a Finlândia fechou suas fronteiras com a Rússia, acusando Moscou de canalizar migrantes para lá em resposta à ascensão do país na OTAN. O Kremlin negou qualquer envolvimento.

Acompanhe tudo sobre:RússiaÁfrica

Mais de Mundo

Programa espacial soviético colecionou pioneirismos e heróis e foi abalado por disputas internas

Há comida nos mercados, mas ninguém tem dinheiro para comprar, diz candidata barrada na Venezuela

Companhias aéreas retomam gradualmente os serviços após apagão cibernético

Radiografia de cachorro está entre indícios de esquema de fraude em pensões na Argentina

Mais na Exame