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Rússia e França confirmam 'enfoques distintos' sobre Síria

Rússia e França confirmaram enfoques distintos sobre responsabilidade do ataque químico na Síria e o tipo de resolução da ONU que deverá ser adotada

O ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov (d), conversa com seu equivalente francês, Laurent Fabius: conflito já deixou mais de 100 mil mortos (Alexander Nemenov/AFP)

O ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov (d), conversa com seu equivalente francês, Laurent Fabius: conflito já deixou mais de 100 mil mortos (Alexander Nemenov/AFP)

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Da Redação

Publicado em 17 de setembro de 2013 às 12h58.

Moscou - Rússia e França confirmaram nesta terça-feira seus enfoques distintos sobre a responsabilidade do ataque químico de 21 de agosto na Síria e o tipo de resolução da ONU que deverá ser adotada após o acordo russo-americano para eliminar as armas químicas sírias.

A Rússia tem razões sérias para acreditar que o ataque químico de 21 de agosto perto de Damasco foi uma provocação, disse nesta terça-feira o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, após uma reunião com seu colega francês, Laurent Fabius.

O chanceler francês reafirmou, por sua vez, que não há nenhuma dúvida sobre a responsabilidade do regime sírio no ataque de agosto.

Os dois concordaram que Rússia e França têm enfoques distintos sobre a forma de solucionar a crise, mas afirmaram que têm o objetivo comum de colocar fim ao conflito, que já deixou mais de 100.000 mortos.

Lavrov repetiu que a resolução do Conselho de Segurança sobre o desmantelamento do arsenal químico sírio "não invocará o capítulo 7" da Carta da ONU, que prevê o uso da força.

"Dissemos claramente em Genebra", onde no sábado foi concluído o acordo entre Rússia e Estados Unidos para destruir o arsenal químico sírio, disse Lavrov.

No entanto, se depois da adoção desta primeira resolução os aspectos do acordo não forem respeitados, "o Conselho pode (...) adotar uma nova resolução (...) sob o capítulo 7", que contempla um possível uso da força militar, havia declarado na segunda-feira o chanceler russo.

A França, pelo contrário, defende uma resolução forte que inclua consequências se Damasco não respeitar seus compromissos para desmantelar o arsenal químico.


Já a Síria afirmou que "Estados Unidos, França e Reino Unido levantaram o véu sobre seu verdadeiro objetivo (...) que é impor sua vontade ao povo sírio", acrescentando que estes países "apoiam os grupos terroristas armados vinculados à Frente al-Nusra", próxima à Al Qaeda.

Além disso, um líder sírio que pediu o anonimato considerou que os rebeldes possuem mísseis e gás sarin. Segundo ele, "os terroristas fabricam mísseis terra-terra em nível local e o mais provável é que tenham utilizado (estes mísseis) para transportar o material", disse, referindo-se ao gás sarin.

O funcionário sírio também mencionou a descoberta de laboratórios de fabricação de gás sarin na cidade iraquiana de Mossul, perto da fronteira síria, uma região sunita favorável aos rebeldes.

Também ressaltou que as autoridades turcas detiveram há dois meses 11 jihadistas da Frente al-Nusra em posse de gás sarin e disse que eles foram libertados há dois dias.

"É claro que os rebeldes sabem colocar gás sarin nas ogivas dos mísseis. Recebem treinamento dos serviços secretos americano, francês e britânico que estão ao seu lado em terra", insistiu.

"Todas essas coisas constituem provas sobre qual parte usou este material", afirmou o funcionário.

Em um relatório entregue no domingo ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, os especialistas que investigaram na Síria disseram ter encontrado provas flagrantes e convincentes do uso de gás sarin no massacre de 21 de agosto perto de Damasco.

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