Armas russas: embaixador afirmou que a Rússia quer que Afeganistão se transforme em um país "independente e neutro" (Vasily Maximov /AFP)
Da Redação
Publicado em 24 de fevereiro de 2016 às 14h57.
Cabul - A Rússia entregou nesta quarta-feira ao Afeganistão 10 mil fuzis AK-47 e mais de dois milhões de balas, em virtude de um acordo bilateral de segurança assinado em dezembro, que reflete o crescente envolvimento russo no país centro-asiático.
"Continuaremos nossa ajuda ao Afeganistão para desenvolver forças armadas e policiais sólidas", indicou em entrevista coletiva em Cabul o embaixador russo no Afeganistão, Alexander Mantytskiy.
Nos últimos anos, o Afeganistão enviou à Rússia várias delegações em busca de assistência militar, que não se traduziram em avanços concretos, reivindicações que Cabul intensificou desde que a Otan fixou a retirada de suas forças de combate do território afegão no final de 2014.
O embaixador russo afirmou que a Rússia quer que o Afeganistão, fortemente dependente da ajuda internacional, se transforme em um país "independente e neutro com uma economia desenvolvida".
"A ajuda não só tem importância militar, mas também importância política para os dois países, em um momento em que a região está passando por tempos difíceis", justificou o assessor de Segurança Nacional afegão, Hanif Atmar.
Segundo Atmar, o Executivo afegão está na fase de "conversas" com Moscou para ampliar a ajuda militar, "particularmente naquelas áreas em que as tropas afegãs têm problemas".
A União Soviética invadiu o Afeganistão em 1979, e se retirou dez anos depois após uma guerra conhecida como o "Vietnã da URSS" e que foi um dos fatores que precipitaram a desintegração soviética.
Cabul e Moscou voltaram a normalizar suas relações diplomáticas após a queda do regime talibã com a invasão americana em 2001.
A Rússia manteve nos últimos anos uma relação de cooperação com a Otan e os Estados Unidos nos setores humanitário e militar no Afeganistão até esses laços serem rompidos em abril de 2014.
Os Estados Unidos mantém cerca de 9.800 soldados no Afeganistão, e metade permanecerá além do final do mandato do presidente americano, Barack Obama, em janeiro de 2017.
Desde que terminou sua missão de combate em 2014, a Otan mantém outra missão de capacitação, com quatro mil soldados, que triplicará para 12 mil devido à crescente insegurança no país.